FNM Onça, Brasil
Fotografia
Ao lado dos
roadsters e conversíveis, os cupês sempre foram os mais apreciados Alfa Romeo.
Afinal, a
marca talhou a famosa expressão cuore sportivo (coração esportivo) como a
essência de seus produtos, que se materializou nas grades de seus carros.
O primeiro
modelo produzido no Brasil sob licença pela estatal Fábrica Nacional de
Motores, a FNM, foi o sedã JK 2000 de 1960.
Quatro anos
depois, começava a ganhar projeção o trabalho do fazendeiro e projetista Genaro
“Rino” Malzoni, que produzia carrocerias de fibra de vidro em Matão (SP).
Seu GT Malzoni
logo daria início nas pistas ao que seria a Puma. Coube a ele desenhar o cupê
da FNM que teria o legado esportivo dos Alfa.
A tentativa de
criar aqui um “Fenemê” com duas portas a menos resultaria no Onça, um dos
projetos nacionais mais peculiares. Ainda sem nome, o protótipo de carroceria
de aço não agradou na Feira Brasileira do Atlântico, no Rio de Janeiro.
Mas no Salão
do Automóvel a FNM mostrou a versão esportiva do seu sedã, o futuro 2000 timb –
e base mecânica do Onça. De volta à prancheta, Malzoni copiou o Ford Mustang,
fenômeno de vendas americano.
A estreia o
Onça foi no salão seguinte, em 1966. Na moda nacionalista da época, seu nome
evocava a ferocidade do felino tipicamente brasileiro.
Só a dianteira
mantinha vínculo com os Alfa Romeo. Semelhante à do Giulia italiano, o desenho
fazia jus ao apelido de “Mustang brasileiro”. A carroceria de fibra de vidro
era montada em um chassi de 2000 timb encurtado em 22 cm.
Com 115 cv, o
motor tinha 20 cv a mais que o sedã básico. Em vez de na coluna de direção, o
câmbio vinha no assoalho. Com 260 kg a menos que o timb, o Onça alcançava 175
km/h.
A plataforma
viajava da fábrica de Xerém (RJ) até Matão e de lá retornava com carroceria,
para instalação da mecânica e do acabamento.
Mas havia um
porém: sem autorização da Alfa para estampar a marca no Onça, a FNM teve de
enviar uma unidade para testes na Europa. As alterações exigidas pelos
italianos encerraram precocemente a produção do cupê.
Das oito
carrocerias produzidas, só cinco foram montadas. É o que conta o curador do
Museu do Automóvel, em Brasília, e proprietário do Onça lá exposto, Roberto
Nasser. Desses cinco, só se tem notícia de mais dois.
O destas fotos
pertence desde novo ao mesmo dono, que o ganhou como presente por entrar na
faculdade. Foi restaurado na década passada pelo especialista Ricardo Oppi em
São Paulo.
“O Onça é um
JK que acelera mais rápido”, diz Nasser. “Além de mais leve, era mais
aerodinâmico e foi o nacional mais veloz da época.”
Estável nas
curvas e com menos peso para os tambores de freio controlarem, a tradição dos
Alfa foi, portanto, honrada para os padrões da época.
“O Onça também
era nosso carro mais caro.” Segundo Nasser, o cupê custava 65% a mais do que um
luxuoso Ford Galaxie. No tempo do Onça, ele já era singular.
O paradeiro da primeira versão do Onça é um mistério. De desenho pesado,
o protótipo de 1964 era diferente do carro definitivo. Tinha faróis duplos com
moldura cromada, frente elevada e reta, para-choque frontal dividido em dois,
teto de vinil e aberturas dos para-lamas traseiros mais baixas que as
dianteiras. Se ainda existir, é um tesouro para qualquer coleção.



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