segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Monumento a Duque de Caxias, São Paulo, Brasil


Monumento a Duque de Caxias, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Monumento



Localizado na Praça Princesa Isabel, o Monumento a Duque de Caxias é um dos maiores monumentos brasileiros e, até 2008, era a maior estátua equestre do mundo. Inaugurada em 1960, sua trajetória – desde a ideia até quando foi instalada nos Campos Elíseos – tem algumas curiosidades e trouxe raros momentos de união de rivais e adversários.



Um dos grandes heróis da história do Brasil e patrono do exército brasileiro, Luís Alves de Lima e Silva, ou como é mais conhecido, Duque de Caxias, é uma figura importantíssima do cenário nacional.
Filho e sobrinho de militares, lutou contra Portugal em 1823 pela Independência do Brasil, defendeu a unidade nacional e a monarquia brasileira nas revoltas liberais e na Revolução Farroupilha. Ainda derrotou a Confederação Argentina na Guerra do Prata e, já como marechal, liderou as forças brasileiras para a vitória na Guerra do Paraguai.
Sua carreira vitoriosa e seu longo histórico em defesa do Brasil e da coroa rendeu ao militar uma série de condecorações sendo elevado a nobreza nacional. Foi inicialmente barão, conde, marquês e duque.
Após sua morte, em 1880, homenagens ao Duque de Caxias pulularam em todo o país, com nomes de praças, ruas, cidade (no Estado do Rio de Janeiro) e, no caso de São Paulo, uma avenida.
Em 1939 o general Maurício José Cardoso, comandante da 2ª Região Militar, ao notar não haver nenhum monumento ao Duque de Caxias em São Paulo, teve a ideia de criar um movimento para arrecadar fundos com o objetivo de construir um monumento para o patrono do Exército brasileiro.


Após algum tempo, em 1941, Cardoso e autoridades estaduais e municipais chegaram a um consenso e lançaram um concurso internacional de maquetes para que uma comissão escolhesse a melhor obra.
Paralelo ao concurso de maquete, foi organizada uma intensa campanha de arrecadação de dinheiro em prol do monumento. Inicialmente concentrada na capital paulista, a campanha logo envolveu todo o nosso estado com doações chegando de cidades como Campinas, Guarulhos, Jundiaí entre outras.


O civismo e respeito aos heróis da pátria naquela época eram tão grandes, que o que se viu de mobilização pela viabilização financeira do monumento foi algo único na nossa história. A união de paulistas e paulistanos de todas as classes sociais foi tão grande que tivemos até partidas de futebol no Pacaembu para arrecadar dinheiro.
Em 1941, Corinthians e Palestra Itália tiveram a iniciativa de fazer um pequeno torneio para arrecadar fundos para o monumento. Era a “Taça Duque de Caxias”, a ser conquistada após dois jogos (ida e volta) disputados no Estádio do Pacaembu.


Com casa lotada nos dois jogos no principal palco paulistano de futebol, o Corinthians sagrou-se campeão ao vencer o adversário por 2 a 1, sendo que no primeiro jogo empataram em 1 a 1.
Além deste amistoso, houve outro entre o selecionado mineiro e o Ypiranga, também no Pacaembu, vencido pela equipe paulistana. O Jockey Clube também entrou no espírito solidário e também fez sua colaboração:


Com tanta colaboração não demorou muito para logo arrecadarem o valor que precisavam. O concurso internacional de maquetes também era um grande sucesso, com materiais enviados por grandes nomes das artes do Brasil e do exterior, como Galileo Emendabili, Victor Brecheret, Humberto Cozzo e Rafael Galvez.
Antes de escolher a maquete vencedora, uma exposição de maquetes foi aberta ao público no mês de novembro de 1941 em um salão da rua 24 de maio. Até o presidente Getúlio Vargas prestigiou.
Elas permaneceriam ali até dezembro de 1941 quando a comissão reuniu-se para escolher o vencedor, que foi o grande escultor Victor Brecheret. Além de ter sua obra construída levou uma boa premiação em dinheiro.
O escultor Galileo Emendabili, autor do Obelisco do Ibirapuera, ficou com a segunda colocação. Embora as demais maquetes não sejam conhecidas, temos uma boa imagem do monumento idealizado por Emendabili, chamado de “Passagem da Ponte”:


Em 1942, ano seguinte a escolha do vencedor, os trabalhos para o monumento a Duque de Caxias foram iniciados por Victor Brecheret. Ousada e grandiosa, a obra ao ser finalizada seria a maior estátua equestre do mundo e exigia esforços e uma equipe de apoio preparada.
Construída no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, a obra foi concebida com pedestal de granito e bronze patinado e tem no total a altura de 48 metros, equivalente a um prédio de 10 andares.
Durante sua construção a escultura valeu momentos curiosos. Seu tamanho gigantesco proporcionou a realização de um jantar para 50 autoridades dentro da estrutura do cavalo, além de cenas curiosas no Liceu, como está a seguir:


As autoridades inicialmente desejavam instalar o monumento no Largo do Paissandu porém, durante a confecção da estátua logo perceberam que não havia espaço suficiente para ela na praça e um novo local começou a ser pensado. Brecheret, por sua vez, vislumbrava a instalação dela na Praça da Bandeira, próximo ao Teatro de Alumínio.
Em 1950 com o monumento pronto surgiu o impasse que se estenderia por muitos anos: onde instalar?


A obra e os estudos para instalação custaram mais que o previsto, o que levou a faltar dinheiro para erguer o pedestal de granito. A cidade de São Paulo cresceu muito entre 1942 e 1950, o que também deixou muitos dos locais desejados para a instalação inviáveis.
Somente em 1959 chegou-se a decisão de onde instalar o Monumento a Duque de Caxias: a Praça Princesa Isabel. A área que já havia sido rejeitada em 1950, foi escolhida para receber definitivamente a obra.
Uma vez o local decidido, começou a montagem do pedestal e a instalação do escultura. E, em 25 de agosto de 1960, dia do Soldado, o Monumento a Duque de Caxias foi finalmente inaugurado. Já o escultor Victor Brecheret, infelizmente, jamais veria sua grande obra instalada, tendo falecido em 1955.


Além da estrutura de bronze do Duque de Caxias montado em seu cavalo, a base do monumento também tem esculturas, que apresentam cenas da trajetória do militar.
Os baixo-relevos tem os seguinte temas: Pacificação, Caxias falando ao povo de Bagé, Reconhecimento de Humaitá, Batalha de Itororó e Enterro de Caxias. Na parte frontal do monumento, acima do baixo-relevo Caxias em Bagé, existe também o Brasão do Duque de Caxias.


*Reconhecimento de Humaitá


*Enterro de Caxias


*Caxias em Bagé e brasão



*Batalha de Itororó

Uma das praças mais amplas da região central de São Paulo, a Praça Princesa Isabel tem momentos de altos e baixos. Há dias que está impecavelmente limpa e outros que está suja e muito fedida.
A praça enfrentou nos últimos 10 anos um lamentável estado de abandono. Essa precariedade reduziu-se bastante no final de 2017 quando a mesma recebeu obras de recuperação patrocinada por uma grande empresa de seguros. O monumento, por sua vez, não foi recuperado e recebeu apenas uma limpeza.
Apesar de ser atualmente vigiada por uma base da Polícia Militar 24 horas por dia, não é todo o momento que a praça é tranquila para andar, especialmente se você ficar no canto da rua Helvétia. 
Por sua vez é mais seguro andar ali do que na Praça da República (sinto tristeza quando digo isso).
Já o monumento, por sua vez, poderia estar muito melhor. Ele reflete o costumeiro descaso da prefeitura para com os monumentos de nossa cidade (e esta crítica se estende a todas as gestões recentes, não apenas a atual).


A base da estátua muitas vezes serve de banheiro de moradores de rua e usuários de drogas. Na parte de trás do monumento o cheiro de urina costuma ser irrespirável, mesmo com o caminhão da prefeitura lavando o local ao menos uma vez por dia.
No granito há pedaços quebrados e pichações. Algumas delas foram apagadas pela prefeitura com algum produto químico, que além de não remover completamente o vandalismo, ainda deixou manchas.
A iluminação noturna da praça e do monumento precisam ser revistas urgentemente. À noite o monumento fica iluminado apenas na base, ficando a escultura praticamente às escuras.


No geral a condição da praça e do monumento é regular (sendo otimista). Já passou da hora de efetuarem uma boa limpeza tanto na base quanto na escultura, usando produtos adequados para a higienização de um patrimônio histórico desta importância.

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