sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Os Antigos Pisos Frios de Cimento Queimado "Vermelhões" e a Cera Parquetina, Brasil






Os Antigos Pisos Frios de Cimento Queimado "Vermelhões" e a Cera Parquetina, Brasil
Artigo


Antigamente o “piso frio” era pavimentado com a técnica conhecida como cimento queimado e a cor dada por pigmento, ou, como chamávamos, o popular “pó xadrez” ou “vermelhão” (meu nome preferido).
Muito antes dos pisos e ladrilhos se tornarem acessíveis às classes de trabalhadores, quase todas as casas das vilas de imigrantes de São Paulo tinham um piso frio vermelho ou amarelo, dependendo do ambiente. Nos banheiros, acompanhando a “barra lisa” de cimento das paredes, geralmente era na cor verde.
E para conferir brilho a esses pisos o jeito era usar cera em pasta a base de carnaúba e fazer muita força com o escovão.
Como nessa época poucas casas tinham televisão, a guerra era travada pelas ondas do rádio, por empresas como a Orniex, Atlantis, UFE, Dominó, Lever, entre outras.
Uma delas sempre inserida nos intervalos das novelas de rádio, assim perguntava: “Quem são os Amigos de Josefina? Cito, Póx e Parquetina.”
Cito era a marca de um saponáceo, Póx a marca da goma para engomar camisas sociais brancas e PARQUETINA, até então, a cera em pasta mais vendida do Brasil há mais de 50 anos.
Eram produtos da tradicional empresa Cia. Química Duas Âncoras, subsidiária britânica da empresa Reckitt & Sons (1840), que se instalou no Brasil no ano de 1898.
A Parquetina como ficou conhecida, tinha uma unidade industrial na Rua Pedro de Toledo, até que a Atlantis assumiu o controle acionário total da empresa no Brasil no ano de 1966.
O sucesso da Parquetina no Brasil, além de sua qualidade e pioneirismo pode ser em parte atribuído ao “mascote” da marca que vinha estampado nas latas do produto, que quando ficavam vazias eram utilizadas como bonecos.
Era a figura simpática de um jovem e sorridente “concierge” (tradicional figura dos porteiros de hotel que se encarregavam de carregar malas e das necessidades básicas dos hospedes).
O jovem era apresentado como um patinador que usava escovas como patins e sugeria “acrobacias artísticas” nos brilhantes pisos encerados com Parquetina.
A identificação do público infantil com a figura do “concierge” era instantânea, e como não havia como conseguir aquele tipo de patins, os pequenos se sentavam no escovão de ferro e pediam as avós e as mamães que os levasse para dar uma voltinha.
Era um tombo atrás do outro, mas aquilo era mágico e a garotada não só “andava” de escovão nos anos 60 como também “pilotava” o mesmo, com a justificativa de que iam ajudar as avós a lustrar o piso, quando na verdade queriam mesmo era brincar de carrinho com aquele “veículo”.
Tempos felizes que jamais sairão da memória. Já no final dos anos 60, o taco de madeira e o caquinho vermelho começaram a substituir o velho piso de cimento queimado e as enceradeiras elétricas se tornaram populares, momento em que a garotada passou a se transformar em “pilotos” de enceradeira da “equipe Arno”, que muitos reputam como a “primeira moto”...

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