Banca de Revistas, Praça Ramos de Azevedo, 1949, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
A intenção do
fotógrafo era retratar só a banca de revistas, mas São Paulo deu um jeito de se
mostrar nos fragmentos de cidade que aparecem ao fundo.
Alguns desses
fragmentos – como as três palmeiras do Anhangabaú, no lado esquerdo – existem
até hoje. Outros já desapareceram, como a torre do palacete Prates que abrigava
a prefeitura (que se vê entre as palmeiras), ou o antigo prédio do Mappin na
praça do Patriarca (à direita, debaixo de um grande anúncio da Ford). Todos
eles nos mostram com precisão o local onde a foto foi tirada: a banca ficava na
praça Ramos de Azevedo, bem ao lado da cabeceira do viaduto do Chá.
Mas o melhor
da foto é poder ver o que São Paulo lia no final dos anos 40. São dezenas de
publicações, tanto nacionais (Anuário das Senhoras, Jornal das Moças, Vida
Doméstica, O Cruzeiro, Almanaque do Tico-Tico, Digesto Econômico, Mecânica
Popular, Tarzan) como estrangeiras (Life, Time, Screenland, Motor Boating,
Vogue, Harper’s Bazaar). Eu confesso que estas últimas me surpreenderam: não
imaginava que já houvesse na cidade, há quase 70 anos, tanto mercado para
revistas em inglês.
E, como em
toda banca que se preze, certas publicações eram “para adultos”. Uma
delas é o “1949 Esquire Girl Calendar”, um calendário sensual de parede,
daqueles de oficina mecânica, ilustrado com pin-ups.
Outra é um
livro de capa rosa, também de 1949: “A Nossa Vida Sexual”, do dr. Fritz Kahn,
em “edição ilustrada”. Segundo anúncios da época, o livro se destinava aos
“moços e moças, noivos e noivas, maridos e esposas”, que encontrariam nele “a
solução dos graves problemas sexuais com que se defrontam”.
Mas, por
precaução, o exemplar exposto na banca ficava com as capas cuidadosamente
amarradas com barbante, evitando assim que as pessoas se pusessem a resolver
tais problemas em plena praça Ramos.
A foto da
banca é reproduzida de um slide da época, cujo autor desconheço. O anúncio do
livro saiu no “Almanhaque para 1949” do Barão de Itararé, reeditado em
facsímile pela Edusp em 1991.


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