sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Banca de Revistas, Praça Ramos de Azevedo, 1949, São Paulo, Brasil




Banca de Revistas, Praça Ramos de Azevedo, 1949, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia



A intenção do fotógrafo era retratar só a banca de revistas, mas São Paulo deu um jeito de se mostrar nos fragmentos de cidade que aparecem ao fundo.
Alguns desses fragmentos – como as três palmeiras do Anhangabaú, no lado esquerdo – existem até hoje. Outros já desapareceram, como a torre do palacete Prates que abrigava a prefeitura (que se vê entre as palmeiras), ou o antigo prédio do Mappin na praça do Patriarca (à direita, debaixo de um grande anúncio da Ford). Todos eles nos mostram com precisão o local onde a foto foi tirada: a banca ficava na praça Ramos de Azevedo, bem ao lado da cabeceira do viaduto do Chá.
Mas o melhor da foto é poder ver o que São Paulo lia no final dos anos 40. São dezenas de publicações, tanto nacionais (Anuário das Senhoras, Jornal das Moças, Vida Doméstica, O Cruzeiro, Almanaque do Tico-Tico, Digesto Econômico, Mecânica Popular, Tarzan) como estrangeiras (Life, Time, Screenland, Motor Boating, Vogue, Harper’s Bazaar). Eu confesso que estas últimas me surpreenderam: não imaginava que já houvesse na cidade, há quase 70 anos, tanto mercado para revistas em inglês.
E, como em toda banca que se preze, certas publicações eram “para adultos”. Uma delas é o “1949 Esquire Girl Calendar”, um calendário sensual de parede, daqueles de oficina mecânica, ilustrado com pin-ups.
Outra é um livro de capa rosa, também de 1949: “A Nossa Vida Sexual”, do dr. Fritz Kahn, em “edição ilustrada”. Segundo anúncios da época, o livro se destinava aos “moços e moças, noivos e noivas, maridos e esposas”, que encontrariam nele “a solução dos graves problemas sexuais com que se defrontam”.
Mas, por precaução, o exemplar exposto na banca ficava com as capas cuidadosamente amarradas com barbante, evitando assim que as pessoas se pusessem a resolver tais problemas em plena praça Ramos.
A foto da banca é reproduzida de um slide da época, cujo autor desconheço. O anúncio do livro saiu no “Almanhaque para 1949” do Barão de Itararé, reeditado em facsímile pela Edusp em 1991.

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