BMW 1600 GT, Alemanha
Fotografia
A Hans Glas
GmbH nasceu produzindo implementos agrícolas, mas partiu para os veículos após
a Segunda Guerra. A reconstrução da Alemanha e parte da Europa demandava
modelos simples e econômicos, momento em que a empresa se destacou ao oferecer
as motonetas Goggo Roller e os microcarros Goggomobil. Reconhecida pelas boas
soluções de engenharia, a Glas entrou no mercado de automóveis médios no início
dos anos 60, com o modelo 1004 nas opções cupê, sedã e conversível, com o
esquema de motor dianteiro e tração traseira. A partir dessa base, pediu ao
projetista italiano Pietro Frua a concepção de um pequeno esportivo, para
mostrar no Salão de Frankfurt de 1963.
Batizado de
Glas 1300 GT, ele teve a produção iniciada em 1964, em duas versões: cupê 2+2 e
conversível de dois lugares. A grande área envidraçada e o formato fastback
antecipavam as tendências de estilo que atravessariam a década, com seu capô de
perfil mais baixo que os para-lamas dianteiros, que lembravam os BMW 507. O
câmbio era manual de quatro marchas e o motor, uma evolução do sedã 1004, com 1
290 cm3, dois carburadores Solex e 75 cv (DIN). Fazia de 0 a 96 km/h em 12,5
segundos e atingia 157 km/h, números bons para a época.
Pesando só 868
kg, sua agilidade era auxiliada pela direção precisa e direta e pelo curto
entre-eixos, de 2,32 metros. Ele só não era melhor por causa da suspensão:
braços sobrepostos na frente e eixo rígido atrás, com molas semielípticas. Os
freios dianteiros a disco colaboravam para a tocada segura.
Desempenho
melhor só viria em 1965, com o 1700 GT: motor de 1682 cm 3 e bons 100 cv. Mas o
cupê ficava 43 kg mais pesado e o diferencial ganhava relação mais longa,
fazendo com que o 0 a 96 km/h tomasse 11,2 segundos, apesar de a máxima saltar
para 180 km/h. No mesmo período, o motor do 1300 GT sofreu ajustes, alcançando
85 cv. Indícios da escola alemã eram evidentes: montagem e acabamento sólidos,
além de uma instrumentação completa com iluminação indireta por trás do
volante.
Dona de várias
patentes, a Glas foi incorporada pela BMW em 1967. Como era preciso honrar um
contrato com a Frua de cerca de 1 000 carrocerias dos cupês, a BMW manteve a
produção e fez modificações para acomodar o motor M10 do BMW 1600, bem como sua
suspensão traseira por braços semiarrastados e molas helicoidais. O novo motor
ficou mais potente (106 cv) e o câmbio ganhou quinta marcha. Com 970 kg, levava
12,8 segundos no 0 a 100 km/h e alcançava 190 km/h. O conjunto ficou tão bom
que a BMW o rebatizou como 1600 GT, colocando o logotipo e seu duplo-rim na
grade.
Só 1259
unidades do BMW 1600 GT foram construídas, número inferior às 4200 da Glas. Os
poucos que sobreviveram à corrosão hoje são disputados pelos colecionadores,
que precisam de dedicação para mantê-los rodando. Mas vale o sacrifício: se
recebeu a chancela BMW, é porque estava à altura dos filhos da casa de Munique.
A Glas foi a
primeira a usar correia dentada para acionar o comando de válvulas, além de
outras primazias automotivas. A BMW adquiriu-a para basicamente eliminar a
corrente até então usada nos seus carros.




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