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sábado, 16 de novembro de 2019
Bosque Municipal Fábio Barreto, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Bosque Municipal Fábio Barreto, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia
No Morro do Cipó, conhecido hoje como Morro São Bento, existia um trecho de floresta nativa, remanescente das robustas matas que cobriam a região de Ribeirão Preto, antes da chegada da lavoura do café. Esta mata estava localizada numa chácara de propriedade do Dr. Olympio Rodrigues Antunes, que havia adquirido de Manoel Joaquim Pinto de Souza.
Parte da mata já era utilizada nesta época (século XIX) para realização de festas e como local de recreação da população local. Por iniciativa do músico Pedro Xavier de Paula, o Pedro Músico, que em 1887 organizou a primeira Banda de Música da cidade, foram construídas algumas barracas próximas à esquina das atuais ruas Camilo de Matos e Tamandaré, onde existia um majestoso Tamboril. Nos dias festivos este local, conhecido como Parque Tamboril, era todo enfeitado com bandeirolas.
A primeira iniciativa oficial para a preservação da mata do Morro do Cipó foi do Coronel Francisco Schmidt. Vereador durante a legislatura 1899-1902, em 4 de março de 1899 apresentou a Câmara Municipal uma indicação para que fosse adquirida a mata do Morro do Cipó e conservada pela Municipalidade. Apesar de aceita a indicação não foi concretizada neste período. Somente a 10 de agosto de 1907 foi assinada a escritura de Compra e Venda entre a Câmara Municipal e Dona Maria Eugenia Ramos Antunes (viúva de Olympio Rodrigues Antunes). A partir desta data a área com 360.413 metros quadrados, denominada de Chácara Olympia, onde estava inclusa a mata do Morro do Cipó, passava a pertencer a Municipalidade. Era Prefeito nesta ocasião o Capitão Renato Jardim.
Em março de 1908 os vereadores Coronel Ovídio de Campos e Dr. Enéas Ferreira da Silva apresentaram Indicação à Câmara Municipal para que a Prefeitura fosse autorizada a empreender o arrendamento da Chácara do Morro do Cipó, bem como concessão para construção de um restaurante e o estabelecimento de um campo para demonstração de máquinas agrícolas. Aprovada pela Câmara esta autorização inaugurava um novo período na história do Morro do Cipó, a partir da qual uma série de modificações e alterações foram sendo empreendidas através do tempo.
Em julho de 1908 o Prefeito Municipal João Pedro da Veiga Miranda apresentou uma proposta para construir uma linha de tiro (estande de tiro), numa faixa de terra de 250x40 metros, dentro dos limites da Chácara Municipal. Aprovado pela Câmara Municipal, logo foi construída a Linha de Tiro 80. No ano de 1910 (dia 3 de setembro), a Prefeitura arrendou a chácara, com exceção da área do Bosque, pelo prazo de 10 anos, ao Sr. Lino Engracia de Oliveira. Em 1922, foi concedida área para a construção da Escola Profissional Mista, denominada Escola Profissional José Martiniano da Silva, em 1945.
No ano de 1931 novas propostas de arrendamento da Chácara Olympia foram apresentadas: o José da Cruz Horta comprometia-se em executar inúmeros melhoramentos no local além do plantio de mais de 2.000 roseiras e 4.500 plantas frutíferas, deixando a pedreira (atual Santuário das Sete Capelas) para uso exclusivo da Prefeitura; os senhores Lazaro de Moraes Leite e Joaquim Rangel também apresentaram propostas e comprometiam-se igualmente a empreender melhoramentos no local, no entanto a exploração da pedreira ficaria por conta dos arrendatários. Talvez, em função deste detalhe, o uso da pedreira, uma vez que eram dali retiradas as pedras para o calçamento das ruas da cidade, a Prefeitura tenha firmado contrato com o Sr. José da Cruz Horta, no dia 3 de março de 1931, por um período de 10 anos.
Por volta de 1933 uma série de denúncias de descumprimento do contrato passaram a pesar sobre José da Cruz Horta. A primeira irregularidade apontada foi a retirada da cerca divisória com os terrenos da Pia União Diocesana de Santo Antônio e culminou, no ano de 1937, com a acusação de que o arrendatário estaria derrubando a floresta de eucaliptos. A partir desta última denúncia o Prefeito da época, Sr. Fábio de Sá Barreto mandou que os soldados do Corpo de Bombeiros ficassem de guarda junto ao Bosque para evitar novas ações predatórias e empenhou-se, pessoalmente, numa batalha jurídica com o objetivo de rescindir o contrato de arrendamento. Conquistada a rescisão, a Prefeitura voltou a administrar a Chácara Olympia, quando então um novo direcionamento seria dado ao destino do Morro do Cipó.
Durante todo o período que atuou como Prefeito Municipal (de 16/06/1936 a 03/05/1944), Fábio Barreto empenhou-se em dotar a Chácara Olympia de condições e estrutura necessárias para tornar aquele local uma área destinada a preservação da flora e fauna nacional. Em 1937 implantou o Bosque Municipal e iniciou uma verdadeira cruzada junto às Instituições e Chefes de Estado no sentido de conseguir doações de plantas e animais para o Bosque Municipal. Em 1942 inaugurou o Parque Botânico, o Jardim Zoológico, o Orquidário, Museu Zoológico e Museu Mineralógico.
Em maio de 1944, devido a problemas de saúde, Fábio Barreto solicitou afastamento do cargo de Prefeito, no entanto, atendendo aos pedidos do Interventor do Estado (Governador), Sr. Fernando Costa, e do Prefeito de Ribeirão Preto, Sr. Alcides de Araújo Sampaio, continuou administrando e gerenciando o Bosque Municipal. A partir de doações conseguidas junto à empresas, fazendeiros e cidadãos, no dia 1º de outubro de 1944 foram inaugurados o Aquário e as obras de reforma do Orquidário, e em 1945 o Parque Infantil Machado de Assis, construído com bambus extraídos da mata do próprio Bosque Municipal.
Ao longo da sua vida, Fábio Barreto dedicou-se em implantar, na área do Morro do Cipó, melhorias e obras destinadas a preservação da natureza. Sempre consciente do amplo valor e alcance educativo destas obras podemos citá-lo como um dos pioneiros da Educação Ambiental no país.
Em 22 de novembro de 1948, através da Lei n. 61, o Bosque Municipal passou a denominar-se Bosque Fábio Barreto. No mês de dezembro do mesmo ano Fábio Barreto veio a falecer.
Durante os anos de 1948 e 1949 algumas salas no Bosque serviram de sede provisória do Museu Histórico Municipal.
Em 20 de julho de 1948 foi inaugurado o Mosteiro São Bento e lançada a pedra fundamental do Monumento ao Sagrado Coração de Jesus. A praça em torno no monumento foi inaugurada em 1953, ano em que se terminou também as obras do prolongamento da rua Capitão Salomão.
Através da lei n. 672, de 7 de março de 1951, o caminho que saindo do Bosque dava acesso às Sete Capelas passou a denominar-se Via São Bento. A partir de então o local conhecido como Morro do Cipó, passou a denominar-se Morro do São Bento.
Ainda na década de 50, durante o governo do Prefeito Coronel Alfredo Condeixa Filho, várias obras foram executadas no Bosque Fábio Barreto: construção do prédio da administração e asfaltamento das ruas, criação e instalação da Escola Municipal de Belas Artes dependências do Bosque, ampliação do Restaurante do Bosque, criação e instalação do Parque Infantil Fábio Barreto, construção de novas jaulas para as aves e felinos, entre outras.
Em 1952 iniciou-se o processo de desapropriação de terrenos próximos a área denominada Cava do Bosque para a construção do Ginásio de Esportes, inaugurado em 1953. Neste mesmo ano o Estande de Tiro foi transferido para Santa Teresa (Tiro de Guerra 39).
Em 1964 (dia 15 de novembro) foi realizada cerimônia de lançamento da pedra fundamental do Teatro Popular, no Morro do São Bento. No dia 19/junho de 1969 o Teatro foi inaugurado em solenidade com a presença do então Presidente da República General Costa e Silva. Os autores do projeto do Teatro foram Mario Reginato e Jaime Zeiger, e o desenho do palco de autoria do artista Bassano Vaccarini.
Neste mesmo ano foi inaugurado o Teatro de Arena, idealizado e construído por Jaime Zeiger.
No mês de outubro de 1975 foi assinado o edital de concorrência para construção da Casa da Cultura, no Morro de São Bento, ao lado da Casa do Radioamador. Apesar do posicionamento contrário de alguns membros do Comur - Conselho Municipal de Urbanismo -, que preconizavam a sua construção no Centro da cidade (no local da Praça Carlos Gomes), as obras da Casa da Cultura foram iniciadas em 1976. Baseada no projeto do arquiteto Ariovaldo Durval Soad, a Casa da Cultura Juscelino Kubitschek, foi inaugurada em 26 de janeiro de 1977.
O conjunto compreendido pelos prédios dos Teatros e da Casa da Cultura, bem como as praças e obras de arte existentes no alto do Morro São Bento foram denominados Complexo Cultural Antônio Palocci em 1987, através da lei n. 520, de 4 de dezembro.
Em 1995, os 250.880 m2 da área formada pelo Bosque Fábio Barreto (Zoológico, áreas verdes, Jardim Japonês, etc.), complexo esportivo (conjunto poliesportivo Elba de Pádua Lima e Ginásio da Cava do Bosque) e o complexo cultural Antônio Palocci, ou seja, parte da área da primitiva Chácara Olympia, foi transformada no Parque Municipal do Morro do São Bento.
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