Encouraçado Aquidabã, Marinha do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia
Construído na
Inglaterra em 1885, o "AQUIDABÃ "era classificado como encouraçado de
Esquadra, por ser o navio mais importante da Marinha na época em que foi
comprado. Tecnicamente era considerado um dos mais avançados da época. Possuía
as seguintes características: Comprimento: 85,40 metros | Boca: 15,84 metros |
Deslocamento: 5029 toneladas | Calado: 5,48 metros | Velocidade máxima: 15 nós
| Máquinas: 6200 HP (à vapor).
Armamento: quatro
canhões de retrocarga de 9 polegadas, em duas torres duplas dispostas
diagonalmente, uma a boreste e outra a bombordo; quatro canhões de 5 polegadas
no convés superior; 15 metralhadoras e cinco tubos para lançamento de torpedos.
Como a
sua couraça não protegia igualmente todo o navio, chegou a ser apelidado de
Encouraçado de Papelão pelo seu primeiro comandante, o então,
Capitão-de-Mar-e-Guerra Custódio de Mello.
Em novembro
de 1891, o "AQUIDABÃ" cumpriu um papel decisivo na reação à tentativa
de golpe de estado contra o Marechal Deodoro. Foi de um de seus canhões que
saiu o tiro de advertência à Esquadra de São Bento, chegando a danificar a
cúpula da igreja da Candelária no Rio de Janeiro. O encouraçado atingiu o ápice
de sua carreira em 1893, no início da Revolta da Armada, quando abrigou a bordo
o Almirante Custódio de Mello, chefe de uma rebelião contra o governo do
Marechal Floriano Peixoto. O navio cruzou três vezes a Baía de Guanabara,
resistindo à artilharia da costa e, ainda por cima, levando a bordo o oficial
que o chamara de Encouraçado de Papelão. A partir daí, seu apelido passaria a
ser Casaca de Ferro.
Durante a
Revolta da Armada, numa batalha com os navios do Governo, foi torpedeado, a 16
de abril de 1894, em Anhatomirim, pelo contratorpedeiro Gustavo Sampaio, quando
afundou parcialmente; depois foi posto a flutuar e levado ao Rio de Janeiro
para reparos superficiais. Em seguida rumou para a Europa, onde foi levado para
a Alemanha para sofrer as recuperações necessárias no casco e máquinas e na
artilharia na Inglaterra. Somente em 1897 o navio voltaria a navegar, com um
armamento ainda mais poderoso.
Algum tempo
depois o "AQUIDABÃ" retornaria ao estaleiro para ser transformado em
embarcação para experiências de transmissão de telégrafo sem fio. As mudanças
foram, basicamente, a retirada dos dois mastros militares (instalados durante a
reforma) e dos tubos de torpedo acima da linha d'água e a instalação de um
mastro para a transmissão de dados telegráficos.
Em 21 de
janeiro de 1906, fundeado na Baía de Jacuacanga, em Angra dos Reis (figura
abaixo), junto com os Cruzadores Barroso e Tamandaré, o "AQUIDABÃ",
após violenta explosão, afundou quando faltavam poucos minutos para as 11 horas
da noite. Por algum motivo que até hoje se desconhece, o "AQUIDABÃ"
transformou-se numa enorme bola de fogo e partiu-se ao meio, levando para o
fundo do mar 212 homens de sua tripulação, inclusive parte da comitiva
ministerial que procedia a estudos sobre o novo porto militar, seu comandante,
e grande parte da sua oficialidade. Salvaram-se 98 pessoas. A bordo do Cruzador
Barroso, o então Ministro da Marinha, Júlio Cesar de Noronha, viu explodir o
encouraçado, a pouca distância, estando entre as vítimas, o seu filho,
Guarda-Marinha Mário de Noronha e um sobrinho, o Capitão-Tenente Henrique de
Noronha. A história da catástrofe logo se espalhou, virando manchete nos
principais jornais de todo o mundo.
Hoje, os
destroços do "Tigre de Aço", como foi finalmente apelidado, repousam
a uma profundidade entre 10 e 18 metros, ao largo do monumento inaugurado na
Ponta do Pasto (1913) em homenagem às vítimas da tragédia. A visibilidade no
local não ultrapassa os 2 metros, ficando muito turva abaixo dos 10 metros.
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