segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Estrada de São José, Belém, Pará, Brasil - George Huebner


Estrada de São José, Belém, Pará, Brasil - George Huebner
Belém - PA
Fotografia - Cartão Postal


Você sabe o motivo da então Estrada de São José ser margeada por palmeiras imperiais, em um cenário muito similar ao visto no Rio de Janeiro até hoje? Você sabe por que um gigantesco Largo Redondo marca a Avenida? E de onde será que surgiram os primeiros estudos botânicos da Amazônia.? Tudo reunido na desconhecida história do primeiro Jardim Botânico de Belém, mandado implantar por uma rainha, destruído por Cabanos e esquecido por toda uma cidade.
Em 4 de novembro de 1796, a rainha D. Maria I, através de Carta Régia, ordenou a implantação de um jardim botânico em Belém do Pará ao governador da Capitania que executou a ordem dois anos depois. O jardim tinha objetivo agrícola, científico e econômico. Um local para aclimatar plantas úteis ao comércio europeu de especiarias e para ampliar o conhecimento sobre plantas exóticas amazônicas.
Entre 1803 e 1806, D. Marcos de Noronha e Brito, o oitavo Conde dos Arcos, governador da Capitania, realizou uma reforma urbanística na capital, criando na estrada que conduzia ao Jardim Botânico, um passeio público que tinha a estrutura de um largo circular que viria a ser chamado de Largo do Redondo.
Ali eram vendidas hortaliças para o consumo público. A área foi drenada por meio de covas com mangueiras, sumaumeiras e árvores-do-pão onde foram instaladas algumas chácaras. A reforma aumentou a salubridade e afastou surtos endêmicos da cidade. Na mesma reforma urbanística na região do Piri, conhecida como Alagadiço de Juçara; foram traçadas estradas de passeio arborizadas, onde se encontrava um horto, no qual eram cultivadas espécies trazidas de Caiena, dentre elas as caneleiras, O conjunto urbanístico da cidade abrangia o Jardim Botânico, o Passeio Público e o Jardim das Caneleiras.
Em 1818, assumiu a direção do Jardim Botânico o médico e naturalista Antônio Corrêa de Lacerda, Conde de Villa Flor, que deu maior organização à instituição. Tinha assistente, escravos e degredados mantidos no quartel ao lado do jardim. Fez experimentos agrícolas, renovou a plantação de caneleiras e a produção de canela, iniciando a catalogação e a classificação botânica das espécies cultivadas. Esse trabalho deu origem à sua obra mais importante, a "Flora Paraensis".
O primeiro império abandonou o jardim. A Cabanagem acabou por destruir o espaço. Em 1859, o jardim transformou-se num lugar de recreação. Em 1864, o jardim foi transferido para a esquina das estradas do Arsenal e São José (Tamandaré com 16 de novembro). O novo espaço chegou a lucrar com a abertura do rio Amazonas à navegação internacional, abrigando a remontagem do Pavilhão Comemorativo.
Mas seguiu agonizando até ser fechado em 1879. Em 1902, não havia mais nenhum sinal de existência do Jardim Botânico do Pará, e em seu local havia sido construída a Avenida 16 de Novembro.
"[...]. As grandes praças, outrora verdadeiros lodaçais, tinham sido drenadas, capinadas e plantadas com fileiras de amendoeiras e casuarinas, transformando-se em belos ornamentos para a cidade, ao invés de constituírem um triste espetáculo para os olhos, como ocorria no passado. Minha avenida predileta, a Estrada das Mongubeiras, tinha sido reformada e ligada a várias outras magníficas avenidas orladas de árvores que em poucos anos tinham crescido o suficiente para proporcionarem uma agradável sombra; uma delas, denominada Estrada de São José, tinha sido toda plantada de coqueiros. Sessenta veículos para transporte coletivo, além de cabriolés (muitos deles fabricados no Pará) enchiam agora as ruas, contribuindo para aumentar a animação das bonitas praças, ruas e avenidas". Henry Walter Bates (1825-1892). Um naturalista no rio Amazonas. 1979, p. 296.

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