Estrada de São José, Belém, Pará, Brasil - George Huebner
Belém - PA
Fotografia - Cartão Postal
Você sabe o
motivo da então Estrada de São José ser margeada por palmeiras imperiais, em um
cenário muito similar ao visto no Rio de Janeiro até hoje? Você sabe por que um
gigantesco Largo Redondo marca a Avenida? E de onde será que surgiram os
primeiros estudos botânicos da Amazônia.? Tudo reunido na desconhecida história
do primeiro Jardim Botânico de Belém, mandado implantar por uma rainha,
destruído por Cabanos e esquecido por toda uma cidade.
Em 4 de
novembro de 1796, a rainha D. Maria I, através de Carta Régia, ordenou a
implantação de um jardim botânico em Belém do Pará ao governador da Capitania
que executou a ordem dois anos depois. O jardim tinha objetivo agrícola,
científico e econômico. Um local para aclimatar plantas úteis ao comércio
europeu de especiarias e para ampliar o conhecimento sobre plantas exóticas
amazônicas.
Entre 1803 e
1806, D. Marcos de Noronha e Brito, o oitavo Conde dos Arcos, governador da
Capitania, realizou uma reforma urbanística na capital, criando na estrada que
conduzia ao Jardim Botânico, um passeio público que tinha a estrutura de um
largo circular que viria a ser chamado de Largo do Redondo.
Ali eram
vendidas hortaliças para o consumo público. A área foi drenada por meio de
covas com mangueiras, sumaumeiras e árvores-do-pão onde foram instaladas
algumas chácaras. A reforma aumentou a salubridade e afastou surtos endêmicos
da cidade. Na mesma reforma urbanística na região do Piri, conhecida como
Alagadiço de Juçara; foram traçadas estradas de passeio arborizadas, onde se
encontrava um horto, no qual eram cultivadas espécies trazidas de Caiena,
dentre elas as caneleiras, O conjunto urbanístico da cidade abrangia o Jardim
Botânico, o Passeio Público e o Jardim das Caneleiras.
Em 1818,
assumiu a direção do Jardim Botânico o médico e naturalista Antônio Corrêa de
Lacerda, Conde de Villa Flor, que deu maior organização à instituição. Tinha
assistente, escravos e degredados mantidos no quartel ao lado do jardim. Fez
experimentos agrícolas, renovou a plantação de caneleiras e a produção de
canela, iniciando a catalogação e a classificação botânica das espécies
cultivadas. Esse trabalho deu origem à sua obra mais importante, a "Flora
Paraensis".
O primeiro império abandonou o jardim. A Cabanagem acabou por destruir o espaço. Em 1859, o jardim transformou-se num lugar de recreação. Em 1864, o jardim foi transferido para a esquina das estradas do Arsenal e São José (Tamandaré com 16 de novembro). O novo espaço chegou a lucrar com a abertura do rio Amazonas à navegação internacional, abrigando a remontagem do Pavilhão Comemorativo.
O primeiro império abandonou o jardim. A Cabanagem acabou por destruir o espaço. Em 1859, o jardim transformou-se num lugar de recreação. Em 1864, o jardim foi transferido para a esquina das estradas do Arsenal e São José (Tamandaré com 16 de novembro). O novo espaço chegou a lucrar com a abertura do rio Amazonas à navegação internacional, abrigando a remontagem do Pavilhão Comemorativo.
Mas seguiu
agonizando até ser fechado em 1879. Em 1902, não havia mais nenhum sinal de
existência do Jardim Botânico do Pará, e em seu local havia sido construída a
Avenida 16 de Novembro.
"[...].
As grandes praças, outrora verdadeiros lodaçais, tinham sido drenadas,
capinadas e plantadas com fileiras de amendoeiras e casuarinas,
transformando-se em belos ornamentos para a cidade, ao invés de constituírem um
triste espetáculo para os olhos, como ocorria no passado. Minha avenida
predileta, a Estrada das Mongubeiras, tinha sido reformada e ligada a várias
outras magníficas avenidas orladas de árvores que em poucos anos tinham
crescido o suficiente para proporcionarem uma agradável sombra; uma delas,
denominada Estrada de São José, tinha sido toda plantada de coqueiros. Sessenta
veículos para transporte coletivo, além de cabriolés (muitos deles fabricados
no Pará) enchiam agora as ruas, contribuindo para aumentar a animação das
bonitas praças, ruas e avenidas". Henry Walter Bates
(1825-1892). Um
naturalista no rio Amazonas. 1979, p. 296.

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