sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Salina, Colheita do Sal, Macau, Rio Grande do Norte, Brasil


Salina, Colheita do Sal, Macau, Rio Grande do Norte, Brasil
Macau - RN
N. 98
Fotografia - Cartão Postal


Uma salina é uma área de produção de sal marinho pela evaporação da água do mar ou de lagos de água salgada. O sal marinho formado na salina é uma rocha sedimentar química, que tem origem na precipitação, quando esta sofre evaporação. As salinas, embora sejam um habitat artificial elaborado pelo homem há milhares de anos, constituem verdadeiros santuários de biodiversidade, permitindo um equilíbrio notável entre o aproveitamento económico de um recurso e a conservação de valores naturais.
Até chegar ao sal grosso, a produção passa por 4 etapas:
1-) A água fica num grande reservatório de onde é bombeada dos moinhos para os decantadores. Ali passa pela primeira fase de evaporação para sair do grau de salinidade de 5 para 15.
2-) É desviada para os evaporadores que são tanques menos profundos.
3-) Quando a água atinge os graus de 17 a 19 de salinidade, surge o primeiro subproduto, o sulfato de cálcio, que é vendido para a indústria de cimento para a transformação em gesso.
4-) A água restante vai então para os cristalizadores, que são os tanques bem rasos e retangulares, símbolo das salinas. Ali os cristais de sal grosso começam a se formar, quando a água alcança o grau 25 de salinidade.
Brasil:
No Brasil, as principais salinas localizam-se no litoral norte do Rio Grande do Norte, Pará, Nordeste, notoriamente nas cidades de GalinhosMacau e Areia Branca, onde existe o Porto-Ilha de Areia Branca, principal terminal para suprir a demanda de sal marinho no mercado interno brasileiro.
As salinas da lagoa de Araruama, localizadas a leste do estado do Rio de Janeiro, foram no início dos anos 40 e 50 as maiores produtoras de sal do país, perdendo apenas para as salinas do Rio Grande do Norte. A sua existência data do século XVI sendo exploradas, no início naturalmente. O sal se produzia naturalmente nas cavidades e reentrâncias da lagoa de Araruama. Em 1797, já haviam 9 salinas na região. Com a chegada dos europeus, a extração de sal passa a ter maior importância através das técnicas trazidas pelos portugueses de Figueira da Foz e Aveiro, e pelos franceses, que se instalaram na Região dos Lagos, entre Cabo Frio e Saquarema. A primeira salina construída na região é a salina Perynas, em Cabo Frio, em 1823. Mais tarde, a produção de sal prosperou: já havia cerca de 120 salinas em 1930 entre Cabo Frio, São Pedro da Aldeia e Araruama. As áreas ocupadas eram de aproximadamente 19 milhões de metros quadrados com uma produção de 80 mil toneladas de sal.
O sal desempenhou um importante papel na situação socioeconômica mundial. Provavelmente, o hábito de utilização desse composto como tempero de comidas está ligado à passagem da vida nômade para agrícola. Os nômades possuíam rebanhos, como o teor de sal na carne desses animais é preservado, eles não necessitavam de colocar sal na comida. Mas, os que comiam mais vegetais, cereais e carnes cozidas, precisavam de um suplemento a mais de sal.
Inicialmente, ele era considerado um artigo de luxo, até mesmo guerras foram realizadas por causa de sua posse. Em algumas regiões da África Ocidental, o sal ainda continua sendo disponível apenas para os ricos.
Um aspecto interessante é que nos tempos imperiais, os exércitos romanos pagavam seus soldados com um saquinho de sal, que era chamado de salarium e que, com o tempo, foi convertido num certo valor em moedas. Foi daí que surgiu o termo “salário” que usamos até hoje para designar o pagamento do empregador ao empregado.
Atualmente, o sal é o maior bem de consumo mineral industrial no mundo. O Brasil produz sal no Rio de Janeiro, Ceará, Maranhão, Sergipe, Bahia e no Rio Grande do Norte. Este último é o maior produtor nacional, representando cerca de 95% de todo o sal produzido em nosso país.
Existem duas formas básicas de obtenção do sal de cozinha, sendo que, no mundo todo, a principal fonte é o sal de rocha, cujas jazidas são mineradas. Geralmente, ele é extraído por meio de sua dissolução em água. Essa técnica é especialmente empregada nos Estados Unidos (que é responsável por cerca de 23% da produção mundial de sal e é o maior produtor do mundo) e nos países da Europa.
Mas, em países tropicais, como o nosso, a técnica empregada para a obtenção do sal é a evaporação e cristalização da água do mar, o que corresponde a apenas 10% do sal produzido mundialmente.
A água do mar possui vários sais dissolvidos e o principal é o NaCl, com cerca de 3,5% em massa. Isso significa que, em média, existem 35 gramas de NaCl (sal) dissolvido em cada litro de água.
As salinas são os locais onde se represam a água do mar em tanques rasos. Visto que essas bacias localizam-se no litoral, predominam ventos e temperaturas elevadas, o que favorece a evaporação da água. O sal comum cristaliza-se antes dos outros sais dissolvidos na água e, assim, é separado. Essa separação pode se dar de duas formas:
1. Separação mecânica: Usam-se colheitadeiras que abastecem os caminhões caçamba;
2. Separação artesanal: Feita manualmente por trabalhadores, que usam as chamadas “chibancas” ou enxadas para separar o sal e colocá-lo em carrinhos de mão e transportá-los até as “rumas”, que são pequenos montes de sal formados antes de serem colocados em caminhões.
O sal produzido assim ainda contém alguns elementos presentes nos oceanos, como os sais de magnésio, e são vendidos como sal grosso.
Já o sal de cozinha comum é um cloreto de sódio bastante purificado e que posteriormente são adicionados alguns aditivos, tais como o iodo, o que é uma exigência legal para ajudar a prevenir doenças da tireoide, entre outras.
O que pouca gente sabe é que os trabalhadores dessas salinas artesanais trabalham em condições insalubres, isto é, que traz danos à saúde. Os seus empregadores não disponibilizam equipamentos de proteção individual e eles não possuem amparo legal. Os acidentes são frequentes e passam a adquirir lesões na pele, tais como os chamados “calos” nas mãos por causa do uso das enxadas, calos e verrugas nos pés, que podem se aprofundar chegando a afetar as terminações nervosas, bolhas nas peles que podem evoluir para ulcerações e queimaduras do sol; e também enfermidades nos olhos, vermelhidão (hiperemia), perda da transparência do cristalino (catarata) e espessamento membranoso do tecido ocular (pterígeo).

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