Prédio da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, Rua São Bento, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Coleção "S. Paulo" N. 7
Fotografia - Cartão Postal
A Companhia Mogiana de Estradas de Ferro foi uma
companhia ferroviária brasileira criada em 1872 com sede na
cidade paulista de Campinas.
Sua construção inscreve-se na história da expansão da cultura do café em
direção ao interior da então Província de São Paulo, constituindo-se,
inicialmente, por um simples prolongamento da ferrovia então existente,
até Mogi-Mirim e
de um ramal para Amparo, com um seguimento até às margens
do Rio Grande. A proposta original,
entretanto, de estender seus trilhos até Goiás,
ao norte, nunca ocorreu.
Permaneceu em atividade de maio de 1875 até outubro de 1971, quando foi extinta e
incorporada à FEPASA - Ferrovia Paulista S/A.
Começa com a concessão para a construção da ferrovia ocorrida
nos termos da lei provincial número 18, de 21 de março de 1872. A companhia
também contava com privilégios de zona ou concessão exclusiva por noventa anos
com uma contragarantia de juros de 7% sobre o capital de três mil contos
de réis (ou
R$ 369.000.000,00 [trezentos e sessenta e nove milhões de reais] em valores
convertidos, levando em consideração a inflação e cotação do ouro,
aproximadamente) habitual nas concessões fornecidas à época, e concedia
privilégio, sem garantias de juros, para o prolongamento da linha até as
margens do Rio Grande, passando por Casa Branca e Franca.
No dia 1 de julho de 1872, no Paço da Câmara Municipal de Campinas,
reuniram-se em Assembleia Geral os acionistas da nova empresa, entre os quais a
família Silva Prado, Antônio de Queirós Teles e José Estanislau do Amaral que
eram grandes proprietários de plantações de café e o barão de Tietê, por si próprio e pela empresa
de Seguros que presidia, a Companhia União Paulista.
A reunião realizada visava a discussão e aprovação do projeto e
de seus estatutos, assim como a eleição da diretoria provisória que deveria
gerir os negócios da empresa até à sua organização definitiva.
A primeira diretoria ficou assim constituída: Dr. Antônio de Queirós Teles (Barão,
Visconde e Conde de Parnaíba),Tenente-coronel José Egídio de Sousa Aranha, Dr. Antônio Pinheiro de Ulhoa Cintra (Barão de Jaguara), Capitão Joaquim Quirino dos Santos
e Antônio Manuel Proença.
Estes mesmos diretores foram eleitos em caráter definitivo na
assembleia geral realizada em 30 de março de 1873.
Ficava assim constituída a Companhia Mogiana com o capital de
três mil contos de réis, divididos em quinze mil ações no valor nominal de duzentos
contos de réis cada.
As obras de construção da ferrovia iniciaram-se em 2 de
dezembro de 1872, muito tempo antes de se ter assinado o contrato com o Governo
Provincial, o que só ocorreu a 19 de junho de 1873.
Em 3 de maio de 1875 era concluída a primeira etapa entre
Campinas e Jaguari (atual Jaguariúna),
numa distância de 34 quilômetros.
Três meses depois a estrada chegava em Mogi Mirim totalizando
41 km. O tráfego, nesse trecho, foi inaugurado em 27 de agosto de 1875 com a
presença do imperador D. Pedro II[3].
Neste mesmo ano ficou pronto o ramal de Amparo, numa extensão de trinta quilômetros. Em
janeiro de 1878, a estrada chegou em Casa Branca,
a 172 quilômetros de Campinas.
No ano de 1880, após muitos debates com a Companhia Paulista, levando-se em conta os
privilégios de zona, a Mogiana conseguiu a concessão para prolongar seus
trilhos até a cidade de Ribeirão
Preto (na época chamada Vila do Entre Rios) tudo dentro da
então Província de São Paulo.
Posteriormente a Mogiana partiu para a construção do trecho que
levaria seus trilhos ao Triângulo Mineiro e Sul de Minas Gerais,
com vista a atrair a economia local para a paulista e vice versa.
O ramal de Poços de Caldas foi concluído em 1886,
o rio Grande foi atingido em 1888. O
ramal de Franca em 1889.
Nessa época a empresa recebeu o nome de Companhia Mogiana
de Estradas de Ferro e Navegação, tendo em vista que em 1888 iniciava o serviço
de navegação fluvial pelo rio Grande, com o
transporte de mercadorias e gado em grandes batelões (ou chatas de madeira),
com capacidade de quinze toneladas cada um.
Ainda em 1889, na tentativa de quebrar o monopólio britânico
sobre a rota do porto de Santos, a Companhia Mogiana planejou construir um novo
ramal partindo de sua linha em Atibaia,
seguindo o lado paulista aos pés da Serra da Mantiqueira, cortando o Vale do Paraíba até chegar ao porto de São Sebastião, criando outro
acesso das plantações de café paulista a um porto de escoação para o exterior,
fora da zona de privilégio da São Paulo Railway. Porém, os administradores
da SPR,
ao saberem do projeto, compraram a Estrada de Ferro Bragantina, que estava
bem no meio do trajeto necessário, e a expandiram, impossibilitando
definitivamente a passagem de outra ferrovia na região sem ferir as proteções
legais de concessão.
Pelo Decreto nº 977, de 5 de agosto de 1892, recebeu
autorização para prolongar suas linhas (linha de Ressaca) até Santos,
como o mesmo não foi cumprido, 17 de outubro de 1900, foi editado o Decreto
nº3811, prorrogando o prazo em mais três anos. Nunca essa linha foi construída.
A linha-tronco da Mogiana (também conhecida como "linha do
Catalão") foi a primeira ferrovia a transpor o rio Grande, que marca a
divisa da então Província de São Paulo com região do Triângulo Mineiro. A
primeira ponte sobre o rio foi erguida em 1888 num trecho onde a água se
afunila em corredeiras, próximo do local onde havia a cachoeira de Jaguara.
Logo após a ponte, que era exclusiva para passagem ferroviária, havia a estação
de Jaguara, ligada a um porto fluvial no Rio Grande. As ruínas da ponte e da
estação ainda podem ser vistas logo abaixo da usina hidrelétrica de mesmo nome.
Adentrando Minas Gerais, a linha-tronco atendia as cidades de
Sacramento (ligada à estação Cipó por linha de bonde), Conquista e Uberaba,
onde a ferrovia chegou em 1889. Em 1895 os trilhos chegaram a Uberabinha (atual
Uberlândia) e um ano depois ao ponto final na cidade de Araguari.
Apesar de prevista no projeto original, a extensão da linha até Catalão, já no
estado de Goiás, nunca foi feita pela Cia, Mogiana, e acabou sendo executada
pela Estrada de Ferro de Goiás.
A presença da Cia Mogiana no oeste do estado de Minas Gerais,
tornou as ligações desta região mais rápidas e fáceis com São Paulo do que com
a região central do próprio estado e com a sua capital Belo Horizonte.
Por volta de 1899, a Mogiana iniciou a construção de uma
variante à linha-tronco, ligando a estação Entroncamento (em Ribeirão Preto) a
Santa Rita do Paraíso (atual Igarapava), às margens do Rio Grande, onde a linha
chegou em 1905. Dez anos depois, a construção de uma grande ponte metálica
rodoferroviária permitiu a extensão da linha até Uberaba, reduzindo
significativamente a distância entre o Triângulo Mineiro e Ribeirão Preto. Em
pouco tempo, o chamado Ramal de Igarapava passou a concentrar a maior parte do
tráfego, suplantando a antiga linha-tronco.
A Mogiana ainda incorporou mais duas ferrovias: Companhia
Ramal Férreo do Rio Pardo (1888), Companhia
Agrícola Santos Dumont (1890).
Na década de
1930, com o declínio da produção de café e os problemas econômicos
originados pela Segunda Guerra Mundial, a Mogiana entrou
em dificuldades financeiras, que se refletiram negativamente na prestação de
seus serviços e passou a ser controlada pelo Governo do Estado de São Paulo
em 1952.
Em 1967 a Mogiana já estatal, assumiu a administração
da Estrada de Ferro São Paulo e Minas,
cujas linhas correm entre as cidades de São Simão (SP) até São Sebastião do Paraíso (MG).
Em novembro de 1971, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro foi incorporada
pela FEPASA empresa estatal do ramo
ferroviário, atualmente desativada e seccionada em quatro novas concessões por
vinte anos.
A Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, teve quase dois mil
quilômetros de linhas, servindo aos estados de São Paulo e Minas Gerais até
1971, quando foi incorporada à Fepasa.
O último trecho foi inaugurado em 1921, quando os trilhos da CM
chegaram em Passos (MG).
Inicialmente denominada Companhia Mogiana de Estradas de Ferro
e Navegação, teve seus primeiros cinquenta anos marcados pela expansão de suas
linhas ou tentativas de fusão com a Companhia Paulista. Em 1936, cria a
Companhia Mogiana de Transportes, mais tarde Rodoviário da Cia. Mogiana. A
segunda metade de sua vida é marcada pela crise financeira que culmina com a
sua encampação pelo Governo do Estado de São Paulo, em 1952. Nesse mesmo ano,
inicia o processo de dieselização, com aquisição das primeiras
locomotivas diesel-elétricas GE-Cooper Bessemer,
continuando com a chegada de 30 locomotivas EMD-GM em 1957 e mais 23 delas, em
1960.
A Mogiana procurou modernizar seus equipamentos fabricando
carros metálicos e comprando novos vagões de carga, não obstante os seguidos
déficits provocaram a unificação das ferrovias paulistas, Companhia Paulista de Estradas de
Ferro, Estrada de Ferro Sorocabana, Estrada de Ferro Araraquara, Estrada de Ferro São Paulo e Minas (desde
1967 sob administração da CM) e a Mogiana, criando-se assim a Fepasa em 1971. Em 1968, inaugura o
serviço de transporte de passageiros para Brasília,
utilizando carros Budd-Mafersa adquiridos da Estrada de Ferro Sorocabana.
Dos dois mil quilômetros de linhas que possuía em 1922, restavam apenas 1500
em 1970, sendo que vários ramais foram desativados entre 1956 a 1970.
A Fepasa, privatizada em fins de 1998, não conseguiu manter
os níveis de serviços prestados, principalmente no transporte de passageiros,
provocando a total extinção dessa modalidade.
A CM tinha oficinas em Campinas (uma das maiores e mais
completas do Brasil), Ribeirão Preto e Uberaba. Além de depósitos de
locomotivas em Aguaí e Guaxupé.
Na oficina de Campinas foram fabricados locomotivas a vapor, carros de
passageiros, vagões de carga e inúmeros componentes. Serviu, entre outros, aos
municípios de Campinas, Jaguariúna, Pedreira, Amparo, Socorro, Serra Negra, Mogi-Mirim, Mogi-Guaçu, Aguaí, Casa Branca, São José do Rio Pardo, Ribeirão
Preto, Batatais, Sertãozinho, Franca, São João da Boa Vista,
Espírito Santo do Pinhal, São Simão, Cajuru, Itapira, Mococa no
estado de São Paulo, Uberaba, Uberlândia, Araguari, Poços de Caldas, Guaranésia, Guaxupé, Monte Santo de Minas, Conquista, Itaú de Minas, Passos em Minas Gerais.
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