terça-feira, 8 de novembro de 2022

A Criminosa Demolição da Estação Ribeirão Preto da Cia. Mogiana, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil - Artigo

 



A Criminosa Demolição da Estação Ribeirão Preto da Cia. Mogiana, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil - Artigo
Ribeirão Preto - SP
Artigo


Texto 1:
Seria a “maior revolução urbanística da América Latina”,exaltou o jornal "Diário da Manhã" no dia 11 de novembro de 1966, referindo-se à medida anunciada pelo então governador Laudo Natel. Ele veio a Ribeirão Preto, acompanhado de vários secretários, com o objetivo principal de anunciar a doação ao município da área onde ficava o pátio ferroviário, com autorização inclusive para demolir a estação da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro.
Há 56 anos atrás, era o que queriam autoridades municipais, tendo à frente o prefeito Welson Gasparini, com apoio de empresários.
O argumento era que a área da ferrovia, localizada no início da Vila Tibério, perto do Centro, atravancava o desenvolvimento urbano.
Na época, ligando a Vila Tibério ao Centro só existia a passagem de nível sobre os trilhos entre as ruas Luiz da Cunha e Duque de Caxias. Quando o trem passava, o trânsito de veículos era interrompido. E também os pedestres reclamavam. O problema persistiu mesmo com a estação da Mogiana se transferindo do Centro para o Tanquinho, porque a antiga área era mantida sob seu domínio e ainda havia manobras.
Além disso, existia outro problema: a área era chamada de “antro de imundície”, formando o “triângulo da malária”, conforme expressão do Diário da Manhã, ao focar a estação, o pátio e a rotunda, que ali permaneciam. Outros jornais, embora com menos veemência, apoiavam a campanha de retirada total do pátio da ferrovia perto do Centro. E os comerciantes das imediações contavam com essa providência para melhorar os negócios.
Todo esse clima foi transmitido pela imprensa seguidos dias antes da visita do governador Laudo Natel. Curiosamente, ao lado de vários secretários, ele veio no dia 10 de novembro de 1966 em trem da Mogiana, a partir de Campinas. Em Ribeirão, desceu na nova estação (inaugurada um ano antes no Tanquinho) e dali seguiu de automóvel direto para a Praça Schmidt, ao lado da velha estação. Mesmo sendo um dia útil, uma terça-feira, por volta de 9 horas da manhã, havia grande concentração popular. Ao descer do carro, o governador disse que “é obrigação do Estado facilitar ao município condições para o seu desenvolvimento”. Daí concluiu que “a doação desta área atende a interesses superiores da comunidade”.
A pretensão, conforme o prefeito Welson Gasparini explicou com uma maquete, era o aproveitamento da área com um ousado projeto urbanístico, que compreendia (e não foi feito) inclusive um viaduto ligando a Rua General Osório à Rua Martinico Prado.
No dia seguinte, o Diário da Manhã destacou que “a cidade está em festa” com a medida do governador Laudo Natel. Graças a ele, “vai desaparecer o triângulo da malária”.
Foi bom para a cidade? O jornalista José Fernando Chiavenato, que mora na Vila Tibério, acha que não foi. Ele entende que deveria ser dada uma solução no sentido de recuperar e fortalecer o transporte ferroviário. Mas, principalmente, acha que foi um atentado contra a história, a considerar a importância que a Mogiana representou para Ribeirão.
Outro jornalista, também da Vila Tibério, Fernando Braga, não é tão radical quanto Chiavenato, mas também faz crítica. Segundo ele, poderia ter havido a desativação na área da antiga Mogiana, mas “nunca” com a demolição da velha estação, por seu significado histórico. Em várias cidades, como Sales Oliveira, Orlândia, São Joaquim da Barra, mesmo desativadas, as antigas estações tiveram o prédio preservado e hoje destinado a atividades culturais, cita Braga. Além disso, ele acrescenta, se o objetivo foi desatravancar a ligação da Vila com o Centro, ali não poderia ter sido construída a Rodoviária, que impede a sequência de ruas entre as duas partes da cidade. “Deveria ter existido um projeto de melhor nível com a preservação de prédios históricos ao lado do destaque que se deu à arborização que fez surgir o Parque Maurílio Biagi”, opina Fernando Braga.
Junta-se a esta corrente a manifestação do jornalista Nicola Tornatore, que não se conforma com “o pouco que restou do passado glorioso da Mogiana”. Ele cita que as principais lembranças hoje são a locomotiva da Praça Schmidt e a Estação do Barracão, no início da Avenida D. Pedro I, “memória viva da imigração, embora lamentavelmente fechada e sem uso”.
Os que defendem que deveria ter sido preservada, no todo ou em parte, a antiga área da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro ressaltam que a ferrovia mudou o rumo da história de Ribeirão Preto, desde que aqui chegou o primeiro trem, em 23 de novembro de 1883. Sem a estrada de ferro naquela época, as poucas estradas de terra então existentes tinham de ser percorridas a cavalo, carroças, troles ou em carros de boi, com muita dificuldade, principalmente em tempos de chuva. A estrada de ferro “modernizou” o transporte de café até o porto de Santos. Com ela, foi possível Ribeirão Preto “integrar-se definitivamente ao mercado internacional do café”, destaca o jornalista Nicola Tornatore. Ele lembra que uma lei provincial, assinada em 25 de abril de 1880 concedeu à Cia. Mogiana o direito de trazer a estrada de ferro até Ribeirão, partindo de Casa Branca, após disputa com a Companhia Paulista que tinha um ramal parado em Pirassununga e também cobiçava conquistar esta região.
Texto 2:
Ali foi tudo meio nebuloso. Havia a pressão populista para demolir a estação porque ela seria a suposta causa do "atraso" da Vila Tibério. Na verdade isso era balela, pois a Vila Tibério não era atrasada, só não tinha o mesmo movimento do Centro. Aliás, perto de outros bairros da época, era até que bem movimentada, um bom lugar. Faziam comparação com o Centro, que não era decadente como hoje, e diziam que se não fosse a Mogyana, a Vila seria tão ou mais importante que o Centro. Algumas pessoas da Vila acreditavam nessa baboseira e engrossavam o coro contra a Mogyana (mesmo o bairro sendo reduto de ferroviários). Nisso tinha o Antônio Machado Sant'Anna metendo a boca na Estação não por ver algo errado da parte dela, mas por interesses pouco confessáveis. O cara era daquela turminha de imprensa alinhada ao Assis Chateaubriand, ou seja, rasga seda para quem paga e destrói quem não paga. Na política um dos que mais lutaram pela demolição foi o Gasparini, que viu nisso uma oportunidade para se promover. O cara martelava o assunto no rádio, se colocava como defensor dos "interesses da população tiberense" e captava um monte de votos de gente que acreditava nos argumentos pró-demolição. A prefeitura tinha interesse em fazer o que toda prefeitura fazia com a ferrovia, ficar com os imóveis. Assim, conseguiram, por meios políticos, que o Estado determinasse a erradicação do antigo pátio, mas mesmo assim havia resistência dentro da Mogyana. Conseguiram segurar a demolição da estação até 1967, quando a Mogyana foi obrigada a firmar um acordo com a prefeitura para demolir todo o complexo e construir no local o terminal rodoviário. Veja aí o absurdo, além de obrigarem a Mogyana a desocupar suas propriedades, ainda a obrigaram a construir o terminal rodoviário e entregar de mão beijada para a prefeitura, junto com quase todo o terreno. Isso tudo por meio de pressão política junto ao Governo do Estado, acionista majoritário da Mogyana. A demolição da estação foi feita em fins de 1967, assim como quase todas as instalações ao redor, sobrando apenas a plataforma de embarque, as oficinas, a rotunda, algumas linhas que permitiam o acesso à rotunda, oficinas e ao Ramal de Guatapará, algumas casas, a caixa d'água, e construções menores. Em 1968 foi a vez da rotunda (a maior rotunda ferroviária já construída no Brasil) e alguns edifícios anexos, das oficinas e da plataforma de embarque da antiga estação, e de quase todas as linhas. Só restou a linha do ramal de Guatapará e os desvios usados na manobra, e uma pequena construção perto da antiga Rotunda que servia de estação para o ramal. Isso durou até 1976, quando finalmente extinguiram o ramal e retiram os trilhos e a estaçãozinha improvisada para inaugurar a rodoviária. No fim, as mesmas pessoas da Vila Tibério que apoiaram a retirada da Mogyana, depois passaram a lamentar o fato. Hoje percebem que foi um erro permitir a perda de uma das identidades da Vila Tibério. Além disso, ficou claro que os argumentos de que a Vila rivalizaria com o Centro, se não fosse a Mogyana atrapalhando o caminho, eram conversa para boi dormir. A Mogyana se foi e a Vila continuou do mesmo jeito. Nenhum comerciante passou a ganhar mais em seu negócio por conta disso, a Vila nunca rivalizou com o Centro, e até hoje, mesmo com o centro em franca decadência, ninguém deixa de ir ao Centro para ir na Vila. O aumento do comércio e valorização da Vila Tibério é reflexo do próprio crescimento da região da Vila. É um comércio local que atende a população local, tal como era na época da Mogyana. A desvantagem é que a abertura da Martinico Prado e da Santos Dumont em direção ao Centro canalizou o trânsito de outros bairro em direção ao Centro para dentro da Vila por ruas que não foram projetadas para essa demanda, acarretando tráfego intenso, desgaste excessivo da pavimentação (buraqueira sem fim), congestionamentos, barulho, dificuldade de estacionamento, e sem vantagens para a Vila, pois o grosso desse tráfego é com destino ao Centro, o seja, é só de passagem, não para para consumir na Vila, não dá retorno algum à Vila.
Texto 3:
Ribeirão Preto perdeu um importante marco histórico em setembro de 1967 (a então estação ferroviária da Mogia­na, onde hoje há a interligação das ruas General Osório com Martinico Prado, na Vila Tibério). Por aquela estação passaram dezenas de mi­lhares de imigrantes que deixa­ram a Europa para tentar a sorte no “Eldorado Paulista”, como a nascente cidade era chamada no período de apogeu do café. Inaugurada em setembro de 1885, ainda na época do Império (a República foi proclamada em 1889), a estação foi, durante dé­cadas, uma das mais importan­tes da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro. A localização era estra­tégica – a entrada da estação fica­va exatamente onde começava a rua General Osório, então a rua mais importante da cidade. A estação funcionou para em­barque e desembarque de pas­sageiros (e cargas) até maio de 1965. Em 1º de junho daquele ano os trens de passageiros pas­saram a seguir para a nova es­tação, construída pela Mogiana nos limites entre a área urbana e a rural – na hoje avenida Mogia­na, na Zona Norte. Com a desativação o pré­dio da velha estação passou a abrigar o Grupo Escolar da Vila Tibério (atual Escola Estadual Hermínia Gu­gliano), e, ao mesmo tempo que tramitava um processo de tombamento da estação pelo seu inquestionável valor histórico, começou também uma intensa campa­nha pedindo a demolição do marco histórico. Idealizada por políticos e comerciantes da região da "Bai­xada", onde fica o Mercado Mu­nicipal, a campanha foi abraça­da pelo proprietário do Diário da Manhã, Antônio Machado Sant’Anna. Ao longo de meses, o jornal publicou dezenas de maté­rias referindo-se a estação como “monstrengo”, “pardieiro” e “an­tro de imundície e mau cheiro”. O pátio onde ficava a rotunda (oficina das locomotivas, atual Parque Ecológico Maurílio Biagi) era chamado de “tri­ângulo da malária”. Naquele momento a Cia. Mogiana já não existia mais – prestes a falir, foi en­campada pelo governo estadu­al (por meio da Ferrovia Pau­lista S/A, a Fepasa) em 1952. Apesar de a campanha uti­lizar a questão do saneamento para justificar a demolição da estação, na verdade o interesse era comercial – os moradores da populosa Vila Ti­bério tinham grande dificulda­de para chegar ao Centro, pois existia apenas uma ineficiente passagem de nível que permitia atravessar os trilhos da Mogiana (ficava no início da rua Duque de Caxias, no ponto em que o nome da via muda para rua Luiz da Cunha). Era comum os automóveis terem de aguardar a abertura da “porteira” da Mogiana, que era fechada quando da passagem dos trens. A real intenção dos comerciantes que fomentaram a campanha, era facili­tar o acesso dos moradores da Vila Tibério a seus estabelecimentos comerciais. Numa época em que a pre­servação de nosso patrimônio histórico não era uma preocu­pação da comunidade (hoje ainda não é, apenas "fingem" que é), a campanha foi vitoriosa. Em 12 de agosto de 1967, um sá­bado, o então governador Abreu Sodré veio a Ribeirão Preto assi­nar um acordo com a Prefeitura. O então prefeito Welson Gaspa­rini agradeceu ao governa­dor, após Abreu Sodré ser foto­grafado com uma picareta, sim­bolizando o início da demolição. O acordo previa a realização, pela Prefeitura, de um plano urbanístico que mudaria profun­damente aquele trecho da região central e, pela Fepasa, a construção de uma estação rodoviária (a atu­al, inaugurada apenas em 1976). Assinado o acordo entre o prefeito Welson Gasparini e o governador Abreu Sodré, em setembro, começou a demolição, exata­mente pelo prédio da estação, do qual restou apenas a plataforma. Em seguida, foram derrubados os antigos armazéns que serviam para depósito de cargas. Em janeiro de 1968 aconte­ceu a transferência das instala­ções que ainda funcionavam na rotunda – a oficina das locomo­tivas a vapor foi para as estações de Uberaba e Franca; a oficina de vagões foi para Campinas e a das locomotivas diesel-elétrica para a nova estação de Ribeirão Preto, na avenida Mogiana. No mesmo mês de janeiro foi "erradicada" a plataforma, permitindo o objetivo maior da campanha – a união entre as ruas General Osório e Martinico Prado. Mar­co do passado áureo de Ribeirão Preto, então “Capital Mundial do Café”, a primeira e mais fa­mosa estação ferroviária da ci­dade desapareceu por motivos comerciais e logísticos. Foi mais um, talvez o maior, na lista de crimes praticados contra o patrimônio histórico da cidade.
Nota do blog 1: Welson Gasparini e seus aliados destruíram um dos maiores patrimônios da cidade em troca de votos e dinheiro.
Nota do blog 2: Se alguém, por mais improvável que possa parecer, achar que demolir tal patrimônio foi bom para a cidade, convido a visitar o local atualmente, mais de 50 anos após essa jeguice. Está completamente degradado, vandalizado, sujo, servindo de moradia para desabrigados, consumo de drogas, álcool e prostituição.
Nota do blog 3: Data e autoria não obtidas.

Monumento "Trabalhador do Café", Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil





 

Monumento "Trabalhador do Café", Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia

O monumento fica na avenida do Café com rua Aurora.
Como a maioria dos monumentos de Ribeirão Preto, foi vandalizado. Furtaram a placa de identificação e danificaram a peneira do trabalhador de café.
Nota do blog: Data 2016 / Crédito da postagem para Fernando Braga.

Monumento "Trabalhador do Café", Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil

 









Monumento "Trabalhador do Café", Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia

Trata-se de uma escultura em concreto retratando um homem peneirando café, de autoria do artista plástico Thirso Cruz, exposta na entrada da avenida do Café. É um presente da Associação de Moradores da Vila Tibério e Adjacências (Amovita) e dos empresários do bairro. A obra tem 2,10 metros e fica sobre uma base de 80 centímetros. O escultor Thirso Cruz tem obras em diversas cidades da região e até mesmo em São Paulo e Rio de Janeiro. A obra do homem peneirando é uma homenagem aos trabalhadores anônimos (desde os escravos até os imigrantes) que contribuíram para engrandecer Ribeirão Preto. A avenida do Café era a entrada da Fazenda Monte Alegre (hoje campus da USP), maior produtora de café do mundo. Pela antiga estrada, que depois virou avenida, passava a produção da fazenda com destino à estação da Mogiana, que era embarcada para o porto de Santos.
O monumento fica na avenida do Café com rua Aurora.
Como a maioria dos monumentos de Ribeirão Preto, foi vandalizado. 
Furtaram a placa de identificação e danificaram a peneira do trabalhador de café.
No blog tem uma imagem do monumento integro, de 2016, para apreciação.
Nota do blog: Imagens de 2022 / Crédito para Jaf.

Portaria de Entrada da USP e Mosaico com Azulejos, Avenida Bandeirantes, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil

 












Portaria de Entrada da USP e Mosaico com Azulejos, Avenida Bandeirantes, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia

Nota do blog 1: Os motivos agrícolas dos mosaicos de azulejos da portaria não deixam dúvidas sobre o campus da USP ter se originado das instalações da antiga EPA / Escola Prática de Agricultura Getúlio Vargas.
Nota do blog 2: A construção da portaria e dos mosaicos é estimada entre os anos 1942-1948. 
Nota do blog 3: Milagrosamente, as instalações encontram-se em bom estado.


Marco de Entrada da USP / Faculdade de Medicina, Avenida Bandeirantes, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil

 



Marco de Entrada da USP / Faculdade de Medicina, Avenida Bandeirantes, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia

Nota do blog 1: Antigo marco de entrada da EPA / Escola Prática de Agricultura Getúlio Vargas, que posteriormente tornou-se USP em Ribeirão Preto/SP. O marco, possivelmente, possuia outro trabalho de azulejos ou similar na época da EPA, sendo retrabalhado na conversão do local para Faculdade de Medicina / USP.
Nota do blog 2: Como quase tudo nessa cidade, precisa de limpeza e manutenção.


Teatro Municipal de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil





Teatro Municipal de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia


O Teatro Municipal de Ribeirão Preto foi inaugurado em 1969.
Com um palco em estilo italiano e plateia com capacidade para 515 pessoas, é cenário para espetáculos de arte, dança e música.
Por estar em um local arborizado e amplo, também é utilizado para eventos culturais.
Passou por reformas gerais nos anos de 1987, 2000 e 2017.
O teatro conta com um anfiteatro para ensaio e estacionamento com capacidade de aproximadamente 40 carros. Trecho de texto da PMRP.
Nota do blog: Imagem de 2022.

Escola Estadual Miguel Jorge, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil











Escola Estadual Miguel Jorge, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia


Embora não seja, nem de longe, um dos meus locais preferidos ou de boa recordação na cidade, fez parte de minha história. Assim, fiz o registro externo de suas instalações.
Localizado na rua Domingos Padovan, 790.
Nota do blog: Imagens de 2022.

 

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Pintura do Coreto da Praça Sete de Setembro, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil












Pintura do Coreto da Praça Sete de Setembro, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia

Nota do blog 1: Gosto de pensar que sou uma pessoa justa (na maioria das vezes) nas críticas que faço no blog. Há pouco tempo atrás, em post de 10/09/2022, denunciei o lamentável estado de conservação deste coreto. Ele estava completamento pichado, sujo, além de precisar de reparos em vários pontos de sua estrutura. Provavelmente essa denúncia, feita por meio de fotos, chegou aos responsáveis por esse setor na Prefeitura. Acredito que ao verem as fotos, tenham ficado com vergonha / posto a mão na consciência / resolveram trabalhar (a motivação fica ao critério do leitor) e providenciaram a limpeza e pintura do coreto. Não ficou um serviço 100% (não efetuaram os serviços de alvenaria necessários na estrutura) mas serviu como um paliativo, um "tapa" para diminuir a sensação de degrado da Praça Sete de Setembro (as demais instalações e equipamentos continuam pichadas, sujas e vandalizadas).
Nota do blog 2: Infelizmente, e isso é culpa da população, já houveram vandalizações de pequena monta em seu interior após essa pintura. Um vândalo escreveu, com caneta preta, aquelas coisas sem sentido de sempre na parede do coreto. Fica a sugestão de instalarem câmeras e/ou melhorar a segurança/zeladoria na praça.

 

Selo "Bicentenário das Cortes de Lisboa - O Brasil nas Cortes de Lisboa 1821-2021", 2021, Brasil




Selo "Bicentenário das Cortes de Lisboa - O Brasil nas Cortes de Lisboa 1821-2021", 2021, Brasil
Selo

Sobre o Selo:
Esta emissão é a quinta de uma série de seis, denominada “Brasil, 200 anos de Independência”, uma parceria entre a Câmara dos Deputados e os Correios que se iniciou em 2017 e estenderá até 2022, com a comemoração dos 200 anos da Independência. Na parte superior do selo a inscrição “Brasil, 200 anos de Independência”. A seguir, a pintura “Sessão das Cortes de Lisboa” de Oscar Pereira da Silva, que faz parte do Acervo do Museu Paulista da USP. A sessão retrata a participação de representantes das províncias brasileiras na Assembleia em Portugal, em especial Antônio Carlos de Andrada, que aparece discursando, de pé. Foi utilizado o recurso de computação gráfica.
Os Pródromos da Aventura Parlamentar no Brasil / Relevância das Cortes de Lisboa de 1821 para a História Parlamentar Brasileira:
Na história constitucional e legislativa brasileira existe uma vinculação muito grande, e próxima, entre as Cortes lisboetas de 1821 e a nossa primeira assembleia constituinte de 1823. Vinculação essa que não tem sido suficientemente lembrada.
Dois foram os efeitos: o aprendizado do funcionamento das assembleias legislativas e, mais importante, a criação de vínculos entre as bancadas de todo o Brasil, criando entre elas uma identidade própria, que se contrapunha a dos reinóis.
Todo aquele que tiver a pachorra de se entreter a ler com atenção os Anais da primeira constituinte brasileira – Constituinte de 1823 –, nossa primeira assembleia parlamentar, certamente se espantará com a facilidade com que aquela assembleia soube organizar-se. As minúcias do funcionamento da vida parlamentar pareciam ser do conhecimento de todos, ou de, pelo menos, de todos aqueles que tomaram a peito organizar o órgão legislativo.
Encontramos nela a preocupação de se realizarem preliminarmente “sessões preparatórias”, em que se escolheriam uma “comissão de polícia” provisória: presidente e secretário (Mesa Diretora da Assembleia – diríamos hoje). Que se nomeariam duas “comissões de verificação de votos” cuja função era “verificar a legalidade dos diplomas dos Srs. deputados que não sahissem eleitos para esta mesma commissão, e outra de tres membros para verificar igualmente a legalidade dos diplomas dos cinco que formassem a 1a commissão) ou seja, as Comissões de Verificação de Votos cumpriam as funções atualmente exercidas pela Justiça Eleitoral). Que se estabelecesse um cerimonial de funcionamento da assembleia, etc.
Outrossim, compulsando aqueles Anais, vê-se que ao longo de sua existência a Assembleia organizou seus trabalhos sem nenhuma dificuldade. Vê-se logo a primazia de o plenário se estabelecer; sua subdivisão em comissões temáticas; a necessidade de estudo das proposições por deputados relatores, que submeteriam seus relatórios e votos ao colegiado nas comissões e depois, caso seus pontos de vistas saíssem vitoriosos, submeteriam seus relatórios e votos ao plenário da Assembleia, etc.
Sendo aquela a assembleia inaugural da nossa vida parlamentar, surge a questão: onde aqueles nossos primeiros deputados teriam aprendido toda a arte da vida parlamentar?
A resposta está na biografia de boa parte dos membros daquela assembleia. Vários deles, os mais conspícuos, fizeram parte da primeira leva de deputados eleitos pelo Brasil. Faziam parte dos deputados eleitos para representar o Brasil nas Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa. Foi lá, na participação cotidiana dos trabalhos daquela assembleia parlamentar que os brasileiros pela primeira vez tiveram acesso ao funcionamento da instituição. Foi no debate parlamentar, no tirocínio das derrotas e vitórias das votações, que aprendemos como mais bem deve funcionar um parlamento moderno.
A adesão do Brasil aos ideais liberais, criados pelo Iluminismo e espalhados por todo o Ocidente pela Revolução Francesa, a contagiar todas as mentes de então, materializou-se com a sua entusiástica anuência à Revolução Constitucionalista do Porto de 1820. Assentimento que se concretizou na aclamação de juntas governativas, nas mais diversas capitanias, e a conseguinte eleição de deputados às Cortes como representantes da porção americana da monarquia portuguesa.
Entre titulares e suplentes foram eleitos mais de 90 deputados, oriundos de todas as capitanias, no entanto, dados os acontecimentos políticos, muitos sequer viajaram para Lisboa. Efetivamente tomaram assento nas Cortes uns 40 parlamentares. Note-se que, quando os primeiros brasileiros adentraram no recinto das Cortes, a mesma já funcionava a vários meses, tendo já votados vários dispositivos constitucionais. Tal fato, inclusive, gerou várias manifestações de diversos parlamentares brasileiros que pleiteavam a rediscussão das matérias vencidas, por não terem sido dadas oportunidades de debate aos deputados brasileiros.
No início, como era de se esperar, não havia um maior entrosamento dentro da bancada brasílica. Os deputados votavam de forma desencontrada, inclusive nos assuntos que diziam diretamente referência ao Reino do Brasil. No entanto, com o andar dos trabalhos, tendo ficado cada vez mais clara a tendência antibrasileira dos deputados portugueses, que somavam mais de cem, os brasileiros foram se desalentando e se unindo na denúncia da irracionalidade com que as Cortes malbaratavam os interesses do Brasil, afastando-o do Reino Unido.
Na participação dos deputados brasileiros nas Cortes de Lisboa é possível vermos não apenas o aprendizado do funcionamento parlamentar, mas também o início do sentimento de solidariedade entre as diversas capitanias brasileiras e a evolução do sentimento de irreversibilidade da desagregação da monarquia lusitana. Note-se que todos os parlamentares propugnaram, enquanto foi possível, pela manutenção dos vínculos políticos com Portugal e a custo foram se convencendo da impossibilidade de estes serem mantidos. Epítome de tal evolução política pode ser encontrada na célebre frase, pronunciada em plenário pelo deputado Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, que nascido em Portugal, representava São Paulo:
“O Brasil está pronto a ligar-se a Portugal, mas não segundo a marcha que leva o Congresso.”

Selo "Bicentenário da Independência - Presença dos Correios", 2022, Brasil

 


Selo "Bicentenário da Independência - Presença dos Correios", 2022, Brasil
Selo



Sobre o Selo:
Esta emissão do conjunto do Bicentenário da Independência destaca a presença dos serviços de correios na entrega de correspondências, contendo notícias e informações acerca todo o cenário que se desenrolava. Na esquerda do selo está o desenho de um personagem com vestes coloniais entregando um malote com envelopes, e na porção direita, dois indígenas - seguindo o relato histórico que percorriam o caminho em duplas - se embrenhando pela mata. Logo acima do personagem que contrata o serviço de entrega está um desenho de uma construção com o nome Correios, aqui retratado de forma simbólica. A técnica usada foi ilustração manual com lápis de cor.
Correios e a Independência:
Em 1798, uma reforma de Correios iniciada pela Coroa portuguesa iria modificar o funcionamento da comunicação à distância, feita então por cartas, de maneira substancial. A partir de então, o direito de organizar o serviço de transporte de correspondência e de auferir lucros advindos desta atividade pertenceriam diretamente à alçada real. Antes, os Correios eram monopólio de uma família, que explorava a atividade de forma privativa, tanto em Portugal quando no ultramar, desde o século XVII. A partir deste momento, os representantes régios na América portuguesa se incumbiram por montar toda uma estrutura administrativa (até então inexistente) responsável por enviar, receber e distribuir cartas. Este sistema postal, embora não organizado de forma centralizada e pouco coeso, se expandiu e se manteve até os primeiros anos do Brasil independente.
Os Correios instituído às vésperas da ruptura com Portugal, contudo, não eram a única forma de se enviar correspondência e encomendas. Isso porque, desde antes de 1798, existiam outros sistemas que faziam a informação à distância circular: desde navios de comércio que levavam e traziam cartas por mar, até viajantes de caminhos e tropeiros que levavam por terra notícias escritas e encomendas. Toda esta estrutura não deixou de existir no período das reformas, e os Correios então instituídos passaram a representar apenas uma dentre várias possibilidades da população alfabetizada de enviar papéis escritos. E essa variedade de meios comunicativos desempenhou um papel importante na Independência, quando então discussões políticas e múltiplos projetos de organização social circulavam em periódicos, livros e manuscritos, que poderiam passar pelo Correio, mas também por fora dele.
A própria entrega da carta que culminou no 7 de setembro é um exemplo desta multiplicidade. Paulo Emílio Bregaro foi um personagem que marcou bastante a memória projetada posteriormente da participação dos Correios na Independência. Ele foi ressaltado em outras comemorações da mesma data, a exemplo do sesquicentenário em 1972. Oficial militar, Bregaro foi aquele que levou a correspondência da Corte do Rio de Janeiro para São Paulo para notificar D. Pedro I das atualizações da situação com Portugal. Contudo, embora Bregaro fosse “correio” (ou seja, um oficial que entregava cartas, não necessariamente ligado à Administração postal), ele não fazia parte do Correio Geral Rio de Janeiro, não sendo, portanto, um empregado da instituição. Neste e em outros momentos, era comum que as forças armadas transportassem a comunicação à distância, em paralelo aos serviços do Correio Geral. A construção da memória em torno de Bregaro, já nas comemorações do século XX, demonstram o esforço de inserir os Correios na história oficial de Estado sobre a Independência, voltada para o núcleo de elite que articulou este movimento político. Pouco nos revela, portanto, sobre a estrutura de correios da época atuante de fato, como ela estava instituída, e qual seu papel neste momento.
Neste ano do bicentenário da Independência, o mote de algumas emissões postais sobre este motivo se voltaram para um entendimento mais amplo do movimento emancipatório, procurando, sempre que possível, trazer à luz artes imaginadas a partir de informações acerca de outras participações do contexto político da época, para além da elite. Tendo isso em vista, o selo a respeito da participação dos Correios na Independência ressalta a estrutura da entrega das cartas na primeira metade do século XIX, a partir da perspectiva de como a instituição Correios, formada apenas alguns anos antes, em 1798, funcionava com o trabalho de pessoas de ambientes diversos, que então integravam a sociedade da época. Esta arte, que traz elementos como a Administração postal, seu oficial responsável e os indígenas transportadores de carta, busca cumprir este papel. Cabe lembrar, contudo, que a arte feita a partir de informações históricas, nunca é (e nem pretende ser) uma releitura exata do passado, e sim uma representação acerca do significado dos eventos históricos para o momento presente. Referências historiográficas, bem como a visão e a criatividade da artista se juntam para construir uma nova memória a respeito da participação dos Correios na Independência.
Os indígenas são personagens importantes quando pensamos a América portuguesa. A história das diversas etnias que aqui viviam antes da chegada dos europeus foi marcada, após o contato, por diversos tipos de resistência e estratégias de sobrevivência. A luta pela permanência nas terras e a expulsão violenta feita pelos portugueses foi tônica comum durante todo o período colonial, e também depois dele. Outro tipo de estratégia foi também a integração de indígenas na estrutura colonial, sendo que alguns passaram a atuar na organização administrativa que a Coroa portuguesa construiu em território americano. Esse foi o caso das comunicações, especificamente entrega de cartas e encomendas, haja vista que os indígenas sempre foram grandes conhecedores dos deste vasto território. No contexto específico dos anos posteriores a Independência, fontes relativas aos Correios apontam a atuação de indígenas contratados para levar, semanalmente ou a cada 15 dias, cartas em vilas e cidades de capitanias como Ceará ou Pernambuco. Estes empregados faziam parte da estrutura postal oficial da época e eram transportadores da comunicação escrita, papel muito similar ao desempenhado por Paulo Bregaro no contexto que levou ao 7 de setembro. Entretanto, os “índios correios” não participaram somente de uma entrega eventual de uma carta considerada importante. Eles eram os responsáveis por manter a comunicação à distância cotidianamente. Por meio dos documentos escritos da época, também podemos notar que eles peticionavam a favor de melhores salários e condições de trabalho, indicando a tensão entre este grupo social e os aparatos administrativos da América portuguesa. Devido ao fato dessa documentação ter sido escrita pela instituição postal, pouco se sabe a respeito desses indígenas, pois especificidades como a etnia de que faziam parte eram sempre deixadas de fora das anotações.
Assim, no Bicentenário da Independência, os Correios buscaram ressaltar outros indivíduos participantes da história postal, que nem sempre são lembrados em selos, mas que ganham cada vez mais espaço nos estudos históricos sobre o tema e agora ganham destaque também na área filatélica.