domingo, 5 de maio de 2019

Baile no Moulin Rouge, Paris, França (La Danse au Moulin-Rouge) - Henri de Toulouse-Lautrec

Baile no Moulin Rouge, Paris, França (La Danse au Moulin-Rouge) - Henri de Toulouse-Lautrec
Paris - França
Philadelphia Museum of Art
OST - 115x149 - 1890


O Moulin Rouge, assim como o Moulin da Galette, ficava no bairro parisiense de Montmartre, sendo o segundo frequentado por pessoas bem populares, como costureiras e operários. Mas, apesar de luxuoso, o Moulin Rouge possuía uma clientela bem diversificada: empregados de grandes lojas, burgueses, artistas, intelectuais e aristocratas. O cancã, tipo de dança, cujo ritmo era bastante animado, no qual as dançarinas lançavam as pernas ao alto, enquanto levantavam suas saias rendadas, mostrando as pernas, era parte rotineira da noite, atraindo turistas de várias partes do mundo.

Esta composição de Toulouse-Lautrec, cujo título é enorme: No Moulin Rouge: Dança – Valentin, o Desossado, Ensaia as Novas Candidatas, representa um ensaio no local.

Valetin, o Desossado, apelido dado em razão de sua magreza, muito famoso à época, ensaia com a voluptuosa Goulue, a Gulosa. Elegantemente vestido, com sua cartola na cabeça, ele dança com uma das mais prestigiadas dançarinas do pincel de Toulouse-Lautrec. Ela pode ser reconhecida através de seu coque e pelo seu jeito provocativo de dançar.

O salão é grande e luxuoso, enfeitado com muitas tapeçarias coloridas. Lampiões descem do alto do teto, iluminando os presentes. O chão, impecavelmente encerado, mostra a sombra dos dançarinos.

O pintor coloca à direita, em segundo plano, em meio a amigos, a figura de seu pai. Em primeiro plano, duas elegantes mulheres acompanham a dança, enquanto um homem atravessa o salão, já quase com o rosto coberto.

O Moulin Rouge, um salão dançante em Montmartre, Paris, existe até hoje. No final do século 19 era um local frequentado por cavalheiros da classe média que, acompanhado por mulheres de caráter duvidoso, distraiam-se com espetáculos e bailes animados.

Toulouse-Lautrec, atualmente um dos mais conhecidos artistas franceses do século 19, com frequência passava as noites inteiras no Moulin Rouge, bebendo e desenhando estrelas do music-hall e membros da realeza que vagueavam por aquele mundo obscuro e um tanto decadente.

O estilo rápido de pinceladas visíveis de suas obras mostram que Toulouse- Lautrec as pintava sentado no salão. Aristocrata de nascimento e seriamente aleijado desde a infância. Toulouse-Lautrec, sempre se sentiu afastado da sociedade por sua deformidade. Preferia a companhia dos marginalizados e cercava-se de atrizes, comediantes, dançarinas e prostitutas, que se tornaram temas das suas pinturas.
Esta é uma das primeiras pinturas de outra grande musa de Lautrec: La Goulue. O dono do Moulin Rouge a comprou imediatamente na verdade antes mesmo da tela estar seca, e pendurou-a no bar. No quadro, as grandes atrações da casa. La Goulue e Valentine, Le Désossé (“dessossado”, devido à sua grande flexibilidade e desenvoltura como dançarino) dançam em meio aos clientes.
Uma inscrição lápis recentemente descoberta, feita pela mão do artista, na parte de trás desta pintura famosa lê-se: “A instrução aos novos por Valentine, o desossado.” Toulouse-Lautrec não estava representando uma noite comum no Moulin Rouge, mas sim de momento específico de um homem agora conhecido apenas por seu apelido parece ser o ensino da dança “can-can”. Muitos dos habitantes das cenas são membros conhecidos da local de prostitutas, artistas e pessoas vistas apenas à noite, incluindo o poeta irlandês de barba branca William Butler Yeats, que se inclina no balcão do bar.
Lautrec também pouco se importava em representar as nuances da luz que tanto encantavam os impressionistas. Certamente foi tentado por eles, mas não seguiu fielmente essa corrente. Preferia a luz artificial, fria e imóvel dos ambientes fechados, mas reveladora do rosto verdadeiro. E o traço de seu lápis ágil anota um perfil, o movimento rápido de uma bailarina, uma sobrancelha que interroga, o gesto da mão que desperta do abandono voluntário, a expressão de uma rosto onde flagra o instante da alegria ou do desgosto, da saciedade ou da angústia.

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