Ford Maverick Quadrijet, Brasil
Fotografia
Por mais potente que seja
um automóvel, sempre haverá alguém disposto a pagar para ser mais rápido e
veloz, sobretudo se o desempenho estiver acompanhado de muitas vitórias nas
pistas.
Foi a partir dessa premissa que a Ford
desenvolveu um dos modelos mais temidos e respeitados do folclore
automobilístico nacional: o Maverick Quadrijet.
Lançado em junho de 1973, o Maverick supriu a
lacuna entre o luxuoso Galaxie e o prático Corcel, para disputar o segmento dos
médios contra o consagrado Chevrolet Opala.
O modelo da GM dominava as corridas com peso
baixo e seu possante 4.1 de seis cilindros e 140 cv SAE – mas seu reinado
estava com os dias contados.
A novidade
do Maverick era o motor V8 Windsor compartilhado com o primo americano Mustang.
O propulsor era item de série na versão GT e opcional nas demais (Super e Super
Luxo). Relativamente moderno para a época, o conjunto tinha 5 litros de
cilindrada e 197 cv SAE. Assim, ia de de 0 a 100 km/h em 11,6 segundos, com
máxima de 175 km/h.
O Maverick conquistou a primeira vitória ao estrear
nas 25 Horas de Interlagos de 1973, mas a pequena vantagem sobre o Opala
incentivou a GM a aprovar o motor 250-S com 180 cv SAE. Ele deu ao Opala a
vitória em 1974 graças à taxa de compressão mais alta, comando de válvulas
esportivo e carburador de corpo duplo.
A revanche provocou uma guerra: a GM alegou
que o V8 do Maverick era importado e a Ford sustentou que o 250-S não era
produzido em série. Ambos tiveram sucesso em homologar seus motores, mas Luiz
Antônio Greco (chefe da equipe Mercantil-Finasa-Ford) decidiu beber na mesma
fonte da GM.
O Maverick
Quadrijet recebeu carburador Holley de corpo quádruplo, coletor Edelbrock e
comando de válvulas esportivo Is-kenderian. Os cabeçotes receberam tuchos
sólidos, molas de válvulas duplas e juntas mais finas, aumentando a taxa para
8,1:1. A potência saltou para 257 cv SAE e o torque subiu de 39,5 para 41,6
mkgf.
O Maverick Quadrijet repetiu o feito com uma vitória nas 12 Horas
de Goiânia de 1974. Para fins de homologação, ele foi oferecido ao público em
três formas: automóvel completo, motor V8 completo ou comercialização do kit
Quadrijet através da LAG Veículos, empresa de Luiz Antônio Greco que, na
prática, funcionava como um departamento da Ford.
Assim, todos
os Maverick equipados com o motor V8 poderiam receber a mesma preparação das
pistas, do cupê mais simples ao pacato sedã familiar de quatro portas, em
qualquer versão de acabamento.
O kit também passou a ser oferecido pela rede
de concessionárias da Ford.
Um comparativo entre os rivais foi publicado
por QUATRO RODAS em agosto de 1974. Maverick Quadrijet e Opala 250-S foram
considerados carros perigosos devido aos freios praticamente inalterados.
No teste, o Maverick cedido pelo piloto Chico
Landi foi de 0 a 100 km/h em 7,8 s, chegando aos 200 km/h.
“Era preciso habilidade para arrancar e não
ficar parado com as rodas patinando soltando fumaça. Fazia no máximo 6,5 km/l
de gasolina azul na estrada, mas no teste caiu para 2,2 km/l”, recorda o
jornalista Emílio Camanzi.
Piloto nos
anos 70, Bob Sharp diz que se sentia ao volante de um Nascar. “Eu, José Carlos
Pace e Paulo Gomes vencemos as 25 Horas de Interlagos de 1975 sob chuva só em
quarta marcha, após um problema no câmbio.”
O cupê Super 1975 das fotos acima pertence ao
jornalista André “Portuga” Tavares, presidente do Galaxie Clube do Brasil. “O
primeiro dono ganhou do pai o valor exato de um Maverick Super Luxo com motor
de seis cilindros.
O filho preferiu encomendar a versão mais simples
com motor V8, pintura metálica e ‘Carburação de Competição
LAG’, tudo registrado na nota fiscal”, diz.
O Quadrijet dominou as competições até a
Confederação Brasileira de Automobilismo adotar o regulamento internacional,
que exigia um mínimo de 5.000 unidades em 12 meses para homologação.
Ninguém sabe ao certo quantos foram
produzidos, mas os entusiastas acreditam que o último deixou a linha de
produção em São Bernardo do Campo em 1977.





Nenhum comentário:
Postar um comentário