Dodge Charger R/T 1979, Brasil
Fotografia
A década de
1970 foi complicada para a indústria americana: controles de emissões e falta
de combustível fizeram as montadoras mudarem o foco da esportividade para o
requinte.
Um dos casos
mais emblemáticos veio em 1975, quando o Dodge Charger deixou de ser muscle car
para se tornar cupê de luxo.
Algo
semelhante ocorreu aqui: com quase dez anos, a família Dart havia perdido parte
do apelo. Assolada pela crise, a matriz deixou a Chrysler do Brasil decidir o
futuro dos Dodges nacionais, especialmente seu modelo mais carismático: o
Charger R/T.
Lançado na
linha 1971, o R/T nacional foi criado pelo chefe de estilo Celso Lamas e virou
um dos carros mais cobiçados do país pelo desempenho e estilo agressivo: faróis
ocultos pela grade cromada, teto revestido de vinil e colunas traseiras que se
prolongavam sobre os para-lamas.
A mudança
radical veio no modelo 1979: a linha Dart se baseou no americano de 1974. O par
de lanternas verticais deu lugar às quatro horizontais.
No Charger
R/T, o estilo hardtop foi modificado sem os prolongamentos e com persianas
laterais inspiradas no Dodge Aspen R/T 1978.
O teto de
vinil foi eliminado: ficou exclusivo do Magnum, que substituiu o R/T na
hierarquia de luxo da Dodge. Sem as faixas esportivas, veio a pintura em dois
tons: a parte escura no capô e parte do teto e a clara no resto da carroceria.
Como nos EUA,
o Charger R/T tornara-se exclusivamente num cupê de luxo. Última obra de Lamas,
a dianteira ganhou quatro faróis numa grade bipartida de fibra de vidro. Como
no Magnum, o centro da grade formava um bico, dando origem a um ressalto central
por toda a extensão do capô.
Assim, a sigla
R/T (Road and Track, estrada e pista) perdia todo o sentido, sensação reforçada
pela supressão do conta-giros, substituído por um relógio. Os bancos de couro
também se foram: o interior recebia veludo acrílico, cuja cor variava com a da
lataria.
Mesmo
descaracterizado, o Charger R/T 1979 ainda era uma boa opção ao seleto público
que não tinha mais acesso aos importados, proibidos em 1976.
Foi o primeiro
nacional a adotar rodas de liga de alumínio como item de série. Comum à toda
linha Dart, a suspensão foi recalibrada para o conforto, comprometendo a
estabilidade em altas velocidades.
Apesar de
indestrutível, o eixo traseiro exigia cautela em frenagens de emergência, pois
provocava mudanças na trajetória. O melhor era esquecer a pretensão esportiva e
aproveitar o conforto proporcionado pela direção hidráulica e opcionais como o
ar-condicionado, câmbio automático e toca-fitas com antena elétrica.
O importante
ainda estava lá: o enorme V8 5.2 com 42 mkgf a só 2.400 rpm, garantindo
retomadas rápidas em qualquer marcha. Na pista, foi de 0 a 100 km/h em 12,25 s
e chegou a 171,83 km/h.
O consumo era
proporcional à pisada no acelerador: de 3,8 a 9,2 km/l. O novo tanque de 107
litros garantia autonomia em época de posto fechado no fim de semana. Mas as
vendas continuavam em declínio.
Em 1979, a VW
assumiu a Chrysler do Brasil e em maio o Charger R/T recebeu um novo câmbio
automático. Em vão: no total, só 180 foram produzidos em 1979, como este
exemplar, do colecionador Reinaldo Silveira.
O “canto do
Charger” foi na linha 1980: a decoração adotou um padrão mais discreto, com
pintura em um único tom e o fim das persianas nas janelas. “Foram produzidas
apenas 19 unidades”, conta Alexandre Badolato, fundador do Museu do Dodge.






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