Mercado Municipal da Praça XV, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia
Largo do Terreiro da Polé, Largo do Rocio do Carmo, Praça do
Carmo, Largo do Paço, Praça D. Pedro II e, finalmente, Praça Quinze. A história
da região também é a história da evolução do Rio, e durante séculos a praça foi
o ponto de maior importância econômica, social e política da cidade, além de
ter sido o endereço de seu primeiro mercado, de mais de 20 mil metros quadrados,
cuja construção teve início em 1903, na administração modernizadora do prefeito
Pereira Passos, para disciplinar o comércio de alimentos da cidade, então
espalhado por várias ruas do Centro.
A primeira edificação na área foi o convento dos padres
carmelitas, em 1619, que acabou dando origem à Igreja de Nossa Senhora do
Carmo. No século seguinte, em 1743, o prédio que abrigava o Armazém do Rei e a
Casa da Moeda sofreu adaptação para servir de residência dos governadores,
convertendo-se no Paço Imperial. Foi no Paço que D. Pedro I pronunciou o
célebre “fico”, em 9 de janeiro de 1822, quando o então príncipe regente
contrariou as ordens da Corte Portuguesa, que exigiam sua volta à Lisboa. Lá,
ele também casou-se com Dona Leopoldina e sua neta, a Princesa Isabel,
sancionou a Lei Áurea, em 1888.
Quase um século antes, em 1789, a área havia sido completamente
remodelada pelo vice-rei D. Luís de Vasconcelos e Sousa, que contratara o
engenheiro militar sueco Jaques Funck para o trabalho. Dessa época é o chafariz
de Mestre Valentim, onde em 1808 a Família Real, tendo à frente D. João VI,
desembarcou. Outra importante construção é a estação das barcas, erguida entre
1904 e 1912. No mesmo período, também foi iniciada a construção do Mercado
Municipal, que durante cinco décadas dominou a paisagem local.
Até 1834, não havia mercados na cidade. Cereais, aves, frutas e
outros gêneros eram vendidos nas praias, largos, ruas e quitandas, e o peixe,
na Praia do Pescado, perto da praça. Então, um casarão, projeto do arquiteto
francês Grandjean de Montigny, foi adaptado para este fim, mas Pereira Passos
determinou sua demolição e sua substituição pelo Mercado Municipal. Fabricado
na França, todo em estruturas de ferro pré-moldadas, era ladeado por quatro
torreões octogonais importados de Antuérpia, na Bélgica, além de uma grande
torre central.
No interior do mercado, os boxes vendiam gêneros nacionais e
importados, secos e molhados. Nos becos internos funcionavam depósitos e
circulavam carrinhos puxados por tração humana, apelidados de “burro sem rabo”
pela população. O mercado não fechava e o período de maior movimento era entre
as 3h e 4h da madrugada, quando chegavam carros e caminhões com as mercadorias.
Mas nos anos 50, o aumento do tráfego de veículos na então
capital levou o governo da época a propor uma solução para melhorar o acesso
entre as zonas Norte e Sul, por meio de um viaduto que margeasse a orla desde a
Zona Portuária ao Centro da cidade. A construção do elevado Juscelino
Kubitschek, que ficou conhecido como Perimetral, foi iniciada em 1957 e
provocou a destruição do Mercado Municipal, além de ruas e vielas antigas ao
lado Museu Histórico Nacional. O bota-abaixo ganhou a capa do GLOBO em 9 de
janeiro de 1963: “Iniciada a demolição do Mercado Municipal”. O primeiro trecho
do viaduto foi inaugurado em 1960, por Juscelino Kubitschek, e o último, a
ligação com a Ponte Rio-Niterói, em 30 de maio de 1978 pelo presidente Ernesto
Geisel.
Durante a gestão de Luiz Paulo Conde (1997-2000), a Praça
Quinze foi novamente remodelada e parte do trânsito desviado para uma passagem
subterrânea. Conde (PFL)afirmou na época seu desejo de ver a região sem a
Avenida Perimetral, o que se tornou realidade durante a administração do
prefeito Eduardo Paes (PMDB), ao estender as obras de revitalização da Região
Portuária ao Centro. A demolição iniciou-se em 2010, e a Praça Quinze, o
Distrito Naval, a Praça Mauá e o cais do porto com seus armazéns compõem a mais
nova área turística do Rio, a Orla Conde.
Do antigo mercado restou apenas um torreão, que entre 1933 e
2008 abrigou o restaurante Albamar, especializado em frutos do mar, reaberto em
2016 com o nome de Ancoramar. A última torre continua em pé como marco de um
Rio que não mais existe, mas ainda sobrevive nas imagens, na alma e na memória
do carioca.
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