Quem nasce em Ribeirão Preto é o Quê? - Artigo
Artigo
1) a) o correto é ribeirãopretano ou ribeirãopretense?;
b) a grafia é com hífen ou sem?
2) Um adjetivo como esse, denominado pátrio, é
conceituado por Aurélio Buarque de Holanda Ferreira como aquele "que se
refere a continente, país, região, estado, cidade, província, vila,
povoado". Com ligeira alteração de significado, pode ele também ser
denominado adjetivo gentílico ou relativo.
3) É nessa esteira que vem a pergunta: quem nasce em Ribeirão Preto
é o quê? E, em seguida: os elementos desse adjetivo composto são separados por
hífen ou não?
4) Tudo isso, na prática, significa escolher entre as
formas de extenso rol de possibilidades teóricas: ribeirãopretano,
ribeirão-pretano, ribeirãopretense, ribeirão-pretense, ribeiropretano,
ribeiro-pretano, ribeiropretense, ribeiro-pretense, riberopretano,
ribero-pretano, riberopretense, ribero-pretense.
5) Para isso, em primeiro lugar, é importante estabelecer
o princípio de que a lei delega à Academia Brasileira de Letras a autoridade
para definir quais são os vocábulos que integram oficialmente nosso léxico, e
ela exerce essa delegação por via da edição do Vocabulário Ortográfico da
Língua Portuguesa. Essa autoridade abrange também definir a grafia dos
vocábulos, sua pronúncia, gênero, categoria gramatical, etc.
6) Com essa premissa, releva anotar, em continuação, que o
VOLP registra apenas as seguintes grafias para o adjetivo gentílico buscado
pelo leitor: ribeirão-pretano, ribeirão-pretense e ribeiro-pretano.
7) Faça-se, então, uma primeira observação. Pelos
critérios adotados pelo Acordo Ortográfico de 2008 – que não cabe nesta
oportunidade discutir ou polemizar – todas as formas registradas pelo VOLP como
corretas trazem hífen, de modo que se excluem as possibilidades de junção dos
dois elementos sem o mencionado sinal diacrítico.
8) Adicione-se uma segunda observação. Essas são as formas
de grafia autorizadas para o mencionado vocábulo, sem outras possibilidades.
Pode-se argumentar que, tecnicamente, nada impediria a admissão, por exemplo,
de ribeiro-pretense. Todavia, se o VOLP não a autoriza, essa forma não
existe no idioma. Pode ser que, em futura edição, a ABL venha a absorvê-la e
adotá-la como correta. Então se haverá de inseri-la no léxico oficial. Não, porém,
por agora.
9) E se ultime com uma terceira observação, a partir do
seguinte fato: Aurélio Buarque de Holanda Ferreira não registra ribeirão-pretense,
e o dicionário da Melhoramentos traz ribero-pretano. Ou seja: o
primeiro omite forma registrada pelo VOLP, enquanto o segundo faz constar outra
não adotada por ele. Sem demérito para o inestimável trabalho desempenhado, no
campo da ciência, em prol do vernáculo, pelos dicionaristas, é importante fixar
que eles não detêm a autoridade legal para definir as questões do idioma, e sim
a ABL. Desse modo, em caso de divergência, há de prevalecer o que esta última
diz e determina.

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