Tempra, Uno e Outros Carros Fiat 0 Km Serão Vendidos Após 30 Anos em Concessionária Abandonada, Argentina - Artigo
Artigo
A história começa com a concessionária Ganza Sevel, em
Avellaneda, na região de Buenos Aires. Até a década de 1990, a revenda era uma
das maiores representantes oficiais da Sevel na Argentina. Para quem não sabe,
a Sevel foi a companhia responsável por produzir e vender modelos da Fiat, da
Alfa Romeo e da Peugeot na Argentina. Eles também fabricavam motores e outros
componentes para exportação – incluindo o motor “Sevel” usado em alguns Fiat
brasileiros.
A concessionária Ganza Sevel era um negócio de pai e filho, e
ia muito bem quando fechou as portas repentinamente no final da década de 1990,
pouco antes de a própria Sevel encerrar as atividades na Argentina. Não se sabe
ao certo o motivo do fechamento repentino – nem mesmo os argentinos têm muita
noção do que ocorreu, mas fala-se que pai e filho morreram com pouco tempo de
diferença e que a manutenção do negócio tornou-se inviável. O lugar foi
trancado, acumulando dívidas, com vários carros dentro. E assim ficou por quase
três décadas.
Recentemente, porém, o terreno onde fica a concessionária foi
vendido – e seu novo proprietário decidiu demolir o local para construir um
novo empreendimento. E, felizmente, ele decidiu vender todos os carros antes de
colocar o plano em prática.
O acervo de carros é interessantíssimo para quem aprecia a
Fiat. Além de carros que conhecemos bem, como o Tempra e o Tipo, também há
alguns exemplares mais incomuns para os brasileiros. Como um Uno “Mk2” europeu,
que tinha uma carroceria mais arredondada, frente mais baixa e uma nova tampa
traseira, com inspiração no próprio Tipo. O visual não era tão harmônico quanto
no Uno original, mas a silhueta reduzia ainda mais o coeficiente aerodinâmico
do Uno, que passava de 0,34 para 0,30.
Também há pelo menos um Fiat Duna SL, versão argentina do Prêmio
que chegou a ser importada para o Brasil em 1995 – se seguiu em produção na
terra dos hermanos até 2001, vendendo mais de 180.000
exemplares.
Quem comprou os carros foi uma concessionária chamada Kaskote
Calcos, em Buenos Aires. De acordo com o Argentina Autoblog.
Eles retiraram todos os carros da concessionária e higienizaram todos eles. E,
como a Kaskote Calcos também tem uma oficina de manutenção e restauração, é
certo que cada um dos carros receberá os devidos cuidados.
A loja também esclareceu como encontrou e como negociou o lote
de automóveis.
Tivemos a sorte de receber a oferta de um lote de carros
zero-quilômetro que estavam abandonados. Ficamos bem interessados.
Nos encontramos com a pessoa e perguntamos mais detalhes a
respeito da história. Ele nos contou que um conhecido havia herdado algumas
propriedades, e em uma delas havia um galpão com vários carro zero-quilômetro:
Fiat Uno 70S italiano, Fiat Tipo, Duna, Ducato, Tempra Ouro, Alfa Romeo 33,
Alfa Romeo 133 e Peugeot 405.
Era um verdadeiro tesouro, mas o herdeiro não tinha interesse
nenhum nos carros. Ele só queria as propriedades. Quando abrimos o galpão e
vimos todos os carros lá, ele só disse: “tirem todas estas porcarias daqui, eu
quero vender o galpão.
De acordo com a Kaskote Calcos, a ideia é vender todos os
carros – o que não deve demorar muito, considerando que na Argentina os Fiat
das décadas de 1980 e 1990 são cultuados de forma comparável aos Volkswagen da
mesma época no Brasil. A maior probabilidade é que eles vão parar nas mãos de
colecionadores – ou seja, se são novos em folha e não rodaram nunca,
provavelmente vão continuar assim.
Por um lado, acredito que carros foram feitos para rodar e
adoraria colocar pelo menos um deles na minha garagem (talvez aquele Uno
italiano, só pelo exotismo). Por outro lado, sei o quanto tais carros são
valiosos para colecionadores, e que o fato de nunca terem andado só os torna
ainda mais valiosos – e vou compreender se o próximo dono quiser mantê-los
assim. Mesmo que eu discorde.
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