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terça-feira, 22 de fevereiro de 2022
Tiradentes (Tiradentes) - Cândido Portinari
Tiradentes (Tiradentes) - Cândido Portinari
Memorial da América Latina, São Paulo, Brasil
Painel composto de três telas justapostas e unidas / Têmpera - 309x1767 - 1948-1949
Composição nos tons azuis, violetas, lilases, cinzas, branco, terras, ocres, rosas, amarelos, verdes, vermelhos, preto e laranjas. Textura lisa. Elementos da composição construídos através de superposições e justaposições de formas geométricas coloridas, regulares e irregulares. Manchas disformes de cor, transparências contrastando com áreas coloridas compactas e opacas, luminosidade intensa, mesmo nas áreas mais escuras, caracterizam a composição. Em alguns pontos os tons claros, cuidadosamente distribuídos, amenizam o peso dos tons escuros. Em outros, os tons claros são usados em marcante contraste com os escuros. Características adicionais: verticalidade obtida por figuras em pé, dispostas lado a lado, formando blocos; postes distribuídos; divisão das três telas; áreas verticais de cor. Ausência de linhas de contorno e de movimento - figuras estáticas reunidas em grupos que compõem formas. O desenvolvimento do tema é visualmente feito no mesmo plano espacial, cenas temporal e espacialmente acontecidas em momentos e locais distintos, são representados lado a lado. Composição narrativa e didática. Além do conhecimento do fato histórico, o que faz com que seja possível identificar as cenas como distintas e em sucessão temporal, é a composição acentuadamente diagonal de cada uma delas e a mudança de cores de uma cena para a outra. Primeira cena: representa os conjurados conspirando e mulheres acorrentadas que simbolizam a nação brasileira sob o jugo da metrópole. Ao centro, grupo de homens em pé e de frente, vendo-se os dois da frente de corpo inteiro e por trás destes, quatro rostos com traços fisionômicos definidos. O primeiro à esquerda é Tiradentes, representado com uniforme de alferes da 6ª. Companhia do Regimento de Dragões de Vila Rica. Está sem barba e sem bigode, cabelos presos e tem as mãos na altura da cintura segurando corrente grossa. O da direita é José Álvares Maciel lendo um livro, que segura à altura do rosto. O grupo compõe uma área triangular cujo vértice superior é formado pelas cabeças dos demais componentes. À esquerda do grupo, cortado pela margem lateral do suporte, grupo de mulheres em pé, voltadas para a direita, vendo-se as duas da frente de corpo inteiro, com as mãos no rosto e cabelos caídos para a frente e uma corrente pendendo das mãos de uma delas. Das demais componentes do grupo vêem-se apenas as cabeças. Acompanhando a linha diagonal que delimita a primeira cena, outro grupo de mulheres acorrentadas com as mãos no rosto e cabelos longos caídos para a frente. Ao lado delas, quatro crianças negras, também envoltas em correntes e um bauzinho em tons de cinza e branco no chão. Por trás dos dois primeiros grupos, três postes altos e representação de montanhas ao fundo. Segunda cena: separada da cena anterior por marcação em diagonal para a esquerda, esta cena representa a leitura da sentença condenatória dos conjurados. O grupo de conjurados está concentrado à esquerda, têm traços fisionômicos levemente indicados, cabeças e rostos luminosos em tons claros de rosas, azuis, amarelos e verdes. À frente do grupo o velho Rezende Costa, acorrentado, cabisbaixo, sustentado por seu filho que o enlaça. Ao centro, Tiradentes com bigode, barba e cabelos compridos, camisa violeta, calças coloridas e botas escuras. Está com os braços cruzados, face direita iluminada e esquerda sombria, cabeça 3/4 voltada para a direita, na direção de grupo composto de meirinhos, encabeçado pelo desembargador Francisco Luiz Alves da Rocha, representado pela primeira figura do grupo, quase de costas, de casaca e segurando nas mãos, papel onde lê a sentença do tribunal. Esta cena se passou na sala do oratório da cadeia, cujas paredes são representadas por formas coloridas geometrizadas. É a única cena onde não há postes representados. Terceira cena: representa o enforcamento de Tiradentes no Campo de São Domingos, a 21 de abril de 1792. Servindo de fundo para a cena, o corpo de Tiradentes pendurado na forca, montada sobre patíbulo alto de forma quadrangular, com escada à direita. À volta do patíbulo, regimento militar formando área triangular, estando as figuras que compõem a base do triângulo de frente, usando uniforme do regimento de Moura. Representação de grupos distintos assistindo ao enforcamento: ao fundo, formando um paredão humano, multidão representado em tons claros de rosas, azuis, verdes, cinzas e branco; à esquerda, na frente, grupo de pessoas em pé, vestindo trajes da nobreza da época, estando 2/3 deste grupo na sombra, indicada por dois triângulos em tons escuros e o restantes do grupo sob área triangularmente iluminada, com algumas cabeças em destaque, umas de frente para o patíbulo e outras de costas. À direita deste grupo, duas mulheres ajoelhadas, de frente, uma chorando, com as mãos no rosto e cabelos caídos para a frente e a outra parecendo consolá-la. Por trás das mulheres, grupo de homens em pé, de costas, voltados para o patíbulo, usando também trajes de nobres. Quarta cena: representando o esquartejamento de Tiradentes, está separada da cena anterior por marcação diagonal para a direita. Em primeiro plano, ao centro, o corpo esquartejado de Tiradentes, preso por corda grossa a um poste fincado em estrado. A cabeça está sobre o estrado, de frente, abaixo dos despojos e há manchas de sangue ao redor dela. À volta do estrado, representação de figuras do povo com rosto expressivos, alternados em zonas de luz e sombra. Em segundo e terceiro planos, à esquerda e à direita, grupos de pessoas que constroem áreas em tons de rosa e azul à esquerda e áreas em azul e branco à direita. Postes altos espalhados entre a multidão e montanhas ao fundo. Quinta cena: mostra a distribuição dos quartos de Tiradentes. Em meio à representação da paisagem montanhosa do caminho novo de Minas, quatro postes dispostos em diagonal da frente para o fundo e da esquerda para a direita, com os quartos do mártir pregados no alto. Compondo o restante da cena: chão geometrizado em colorido vivo, com vegetação estilizada; cinco urubus sobre tora de madeira e outros três pousados no chão; grupo de retirantes entre o segundo e o terceiro postes e mais atrás, grupo menor de pessoas, apenas indicado. Sexta cena: representa a emancipação da nação brasileira, através do grupo de mulheres levantando correntes rebentadas. À esquerda do centro da cena, um poste alto, sobre o qual há um nicho com a cabeça de Tiradentes. À esquerda do poste, um grupo de cinco pessoas enlaçadas, transmitindo sofrimento, tendo à frente uma mulher sentada com criança no colo. Por trás do poste, um grupo de pessoas apenas esboçado, compondo área em azul. Na extrema direita da composição, grupo de mulheres em pé e de frente com cabeças representadas à semelhança da personificação da liberdade, estando a figura de frente com os braços erguidos, sugerindo ter rebentado a corrente, cujos elos caem até o chão, simbolizando o lema "Liberdade, ainda que tardia".
Nota do blog: Produzida no Rio de Janeiro/RJ, foi executada para decorar o saguão do Colégio Cataguases, de propriedade de Francisco Inácio Peixoto, Cataguases, MG, projeto do arquiteto Oscar Niemeyer.
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