Museu Nacional de Arte Antiga Lisboa
OST - 100x85 - Entre 1571-1574
O Retrato do Rei D.
Sebastião é uma pintura a óleo sobre tela realizada cerca de 1571-1574
pelo pintor português do renascimento Cristóvão de Morais.
Este Retrato foi realizado quando D. Sebastião (1554-1578) tinha de idade entre 17 e 20
anos e destinava-se a ser oferecido ao Papa Pio V, sendo o rei apresentado como cavaleiro com a sua
armadura e a espada sobre a qual apoia a mão esquerda tendo ao seu lado
um galgo como símbolo e fidelidade.
Sobre um fundo
negro, D. Sebastião é representado a meio corpo com uma armadura de metal
ricamente decorada com embutidos a ouro de motivos geométricos, tendo a sair da
goleira e dos punhos folhos brancos em canudo. Com a mão esquerda apoiada no
punho da espada e a direita na cintura, o rei tem à sua esquerda um cão.
A imagem do jovem rei representado a três
quartos revela algumas das características técnicas e pictóricas de Cristóvão
de Morais e, como nota Annemarie Jordan, os olhos amendoados, as orelhas
pontiagudas, o espaço entre os dedos alongados, os lábios carnudos e cerrados,
a cabeça oval e a paleta contrastada dos pretos, vermelhos e brancos,
assemelham-se muito à imagem de D. Sebastião no outro retrato (em Galeria),
também de Cristóvão de Morais, a corpo inteiro, que se encontra no Convento das
Descalças Reais de Madrid.
Neste quadro de Lisboa, D. Sebastião surge
como cavaleiro com armadura, numa tipologia de retratos da corte dos Habsburgo. Por outro lado, a presença de um cão relaciona esta
pintura com as mais antigas representações de Carlos V, o primeiro
monarca a fazer-se retratar na companhia de um cão numa pintura (em Galeria) de
Jakob Seisenegger datada de 1530.
Este retrato de D. Sebastião de Cristóvão de
Morais vem na esteira dos retratos na corte portuguesa iniciados pelo pintor
flamengo Anthonis Moro. Em meados de 1550, este
pintor recebeu de Maria de Habsburgo a
incumbência para retratar o ramo português da família real tendo para tal
viajado para Lisboa onde retratou o rei de D. João III (em
Galeria) e a rainha D. Catarina, bem como os
príncipes João e Maria,
esta a futura esposa de Filipe II, após o que o
pintor regressou a Bruxelas em novembro de 1553.
A atribuição
deste Retrato a
Cristóvão de Morais baseia-se em fonte documental e na comparação iconográfica.
Por um lado, por documento de 4 de Abril de 1571, a rainha D. Catarina pagou
12.000 reais a Cristóvão de Morais por um retrato de D. Sebastião. Por
outro, a comparação estilística com outro Retrato de D. Sebastião (em Galeria) actualmente no
Convento das Descalzas Reales em Madrid, também ele da autoria de Morais, por
estar assinado e datado (1565), permite verificar as afinidades técnicas e
estilísticas.
Cristóvão de Morais foi
pintor retratista na Corte portuguesa entre 1522 e 1572, trabalhando sobretudo
para a rainha D. Catarina da Áustria (esposa de D. João III) e para o rei D.
Sebastião. Nomeado em 1554 examinador dos pintores da Corte de Lisboa, realizou
inúmeros retratos de D. Sebastião que se enquadram no tipo de retrato real e
para os quais foi influenciado pelas obras de Anthonis Mor e de Alonso Sánchez Coello.
O Retrato mandado
fazer por D. Catarina em 1571, a pedido do Papa, foi visto no ano seguinte
por D. Joana (retrato
em Galeria), aquando da passagem da obra por Madrid, mas não se conhecendo a
passagem do quadro pelo Vaticano, e dado que num dos inventários das Descalzas
Reales se refere a existência de «um medio retrato de pincel, en lienzo, del
dicho Sereníssimo Rey de Portugal, armado, con un lebrel cabo dél, de edad de
diez y seis años" ("um retrato de meio corpo, em tela, do referido
Sereníssimo Rei de Portugal, armado, com um galgo junto a si, com a idade de
dezasseis anos"), podemos concluir que esta é a pintura mandada fazer por
D. Catarina a Cristóvão de Morais.
A pintura foi comprada em Paris em 1885
por D. Maria Pia, tendo pertencido
anteriormente à colecção da Duquesa de Villahermosa, descendente da Casa de Aragão, e tendo
posteriormente sido doada ao MNAA pelo Conde da Penha Longa.
O penúltimo rei
da dinastia de Avis, desaparecido na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, posa
aqui aos 16 anos, pela primeira vez com armadura, e acompanhado por um cão,
elemento que aproxima esta obra da iconografia estabelecida pelo retrato de
Carlos V, pintado em 1530 por Jakob Seisenegger (Kunsthistorisches Museum,
Viena).
D. Sebastião (1554-1578) havia sido criado na corte de Lisboa pela avó, a rainha D. Catarina, irmã de Carlos V, já que sua mãe, D. Joana de Áustria, recolheu ao convento das Descalzas Reales, em Madrid. As telas realizadas por Cristóvão de Morais eram enviadas regularmente por D. Catarina para completar a série de retratos familiares dos Habsburgos que D. Joana juntava no convento. O gosto por estas pinacotecas genealógicas espalhou-se por toda a Europa, sabendo-se que também D. Catarina constituiu no Paço da Ribeira uma galeria de retratos da Casa de Áustria.
D. Sebastião (1554-1578) havia sido criado na corte de Lisboa pela avó, a rainha D. Catarina, irmã de Carlos V, já que sua mãe, D. Joana de Áustria, recolheu ao convento das Descalzas Reales, em Madrid. As telas realizadas por Cristóvão de Morais eram enviadas regularmente por D. Catarina para completar a série de retratos familiares dos Habsburgos que D. Joana juntava no convento. O gosto por estas pinacotecas genealógicas espalhou-se por toda a Europa, sabendo-se que também D. Catarina constituiu no Paço da Ribeira uma galeria de retratos da Casa de Áustria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário