sábado, 19 de fevereiro de 2022

Vila Harding / Palacete Anglo Parque, São Paulo, Brasil

 


Vila Harding / Palacete Anglo Parque, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia




Os ingleses são bastante presentes na formação de São Paulo em muitos aspectos. O mais conhecido deles, provavelmente, envolve a ferrovia São Paulo Railway cuja presença atualmente é mais observada em algumas estações ferroviárias, como a Luz e de Paranapiacaba. Outra participação marcante deles é na origem do nosso futebol.
Contudo os ingleses se fazem também presentes na urbanização de um importante bairro paulistano e também de seus arredores: o Tucuruvi. E tudo isso se deve a figura de William Harding.
Harding chegou ao Brasil no final do Século XIX para trabalhar nas ferrovias operadas por ingleses e no início do século seguinte, precisamente em 1903, adquiriu uma grande propriedade rural chamada Fazenda Itaquaravi.
Nos primeiros anos a fazenda ficou sem grandes alterações, até que posteriormente ele decide fazer um pequeno povoamento na região e, claro, também fixar ali sua residência em uma região ainda pouco habitada e bastante agradável.
Assim em 1912 William Harding contrata o empreiteiro civil de origem portuguesa João Fidalgo para erguer ali sua nova residência, que ao ser concluída seria batizada de Vila Harding. O palacete foi erguido no ponto mais alto de sua propriedade, bem no topo da colina, em uma área de entorno de 7000m². A edificação servia tanto de casa, quanto escritório.
Das terras pertencentes a Harding sairiam duas importantes estações ferroviárias do extinto Tramway da Cantareira: a Parada Inglesa e Tucuruvi.
No caso da primeira estação o nome foi uma adaptação do nome popular que a estação havia recebido. A pequena parada passava pelas terras de Harding e era conhecida como a “Parada do Inglês”, posteriormente tornando-se a Parada Inglesa.
Já a estação Tucuruvi é intimamente ligada a William Harding pois a parada foi criada graças à doação, dele, do terreno onde ela viria a ser construída. Um texto de jornal de janeiro 1913 atesta a doação da área para o poder público (a estação seria inaugurada em dezembro daquele mesmo ano).
Toda a região do Tucuruvi acabou basicamente se desenvolvendo ao redor da Vila Harding, que rapidamente virou a grande referência da região. Boa parte dos loteamentos que ali surgiram foram oriundos da velha fazenda Itaquaravi que aos poucos se transformava em um movimentado bairro paulistano, caminho para outras paragens mais distantes como a Cantareira e a vizinha cidade de Guarulhos.
William Harding viveu em seu palacete até falecer em 10 de abril de 1942. O cortejo, inclusive, saiu de sua residência até o Cemitério de Santana (Chora Menino) onde ele foi sepultado no dia seguinte.
Após sua morte o palacete acaba trocando de mãos sendo vendido para João Fidalgo, que como mencionamos acima, foi seu construtor. Na década de 1940 Fidalgo era conhecido como um controverso empresário do ramo da construção civil, devido a inúmeras casas problemáticas que construiu na região, cujo apelido era “Cidade Maldita”.
Em 1951 a Câmara Municipal de São Paulo, através do então vereador Cantídio Nogueira Sampaio, propôs a desapropriação da residência de João Fidalgo para ali construir-se um parque infantil. O projeto acabou sendo vetado.
O palacete ainda sobreviveria por um bom tempo, até meados da década de 1970, quando seria demolido. Após sua derrubada a área do terreno ficou vazia por alguns anos até que uma praça – que não vingou – foi construída no local: a Praça Arquiteto Flávio Império.
Poucos anos depois a praça deu lugar aos edifícios da Subprefeitura Santana-Tucuruvi, que até hoje funcionam ali, onde outrora existiu a residência de William Harding. Texto de Douglas Nascimento.

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