O Sepulcro Indiano 1959 - Das Indische Grabmal
Alemanha / França / Itália - 102 minutos
Poster do filme
Após escaparem das garras de Maharajah
Chandra, o arquiteto Harold Berger (Paul Hubschmid) e a dançarina Seetha (Debra
Paget) são recapturados no deserto quase mortos. O Maharajah magoado por ter
sido traído pelo seu amigo (Harold) e sua amada (Seetha) decidiu contratar o
arquiteto Walter Rhodes (Claus Holm), que também é colega, amigo e esposo da
irmã de Beger (Irene Rhodes / Sabine Bethmann), para construir uma enorme tumba
para enterrar a mulher que o traiu…
Ao mesmo tempo o irmão
de Chandra (Príncipe Ramigani / René Deltgen), movido pela inveja, com o apoio
de monges e nobres descontentes com o governo de Chandra, conspiram tomar o
Palácio de Eschanapur. O casal apaixonado será colocado de frente com vários perigos
para separá-los…
Continuação do ótimo O
Tigre da Índia (1959) e terceira versão cinematográfica da
obra de Thea von Harbou, O Sepulcro Indiano é aquele
tipo de filme que facilmente nos enche os olhos com sua beleza, mas consegue,
em igual medida, nos fazer revirá-los a cada grupo de cenas, tamanhas são as
facilidades e conveniências às quais o roteiro se permite. Tudo isso para
narrar a conclusão de uma história de amor improvável (e tornada impossível)
entre um arquiteto alemão e uma belíssima dançarina hindu, interpretada
por Debra Paget.
O drama segue a mesma linha de argumento
deixada no primeiro longa. O narrador faz uma retomada breve dos acontecimentos
da obra anterior e dá rapidamente o tom de emboscada e caça a um inimigo,
estando, de um lado, o Marajá Chandra (Walther Reyer),
lutando contra seus demônios e procurando infligir em Seetha e Harald
(Paul Hubschmid) uma punição que o faça se ver livre da vergonha
da rejeição e, inconscientemente, que sublime o desejo guardado pela dançaria
do templo. Existe uma tensão erótica na obra, que se estrutura na prática como
um estranho triângulo amoroso, mas o roteiro se esparrama por tantos lados
possíveis que o espectador não consegue aproveitar bem as sugestões mais
instigantes do enredo.
Até poderíamos citar a sequência em
que Seetha é colocada sob julgamento da deusa e, diante de uma grande
imagem, precisa dançar e “encantar” uma serpente, sem ser picada. O figurino
minúsculo utilizado por Debra Paget expõe ainda mais a sua beleza e faz de
sua presença ali o grande destaque. Mas se compararmos este momento com uma
mesma cena de dança do primeiro filme, constatamos que, exceto a beleza da
atriz, todas as outras coisas estão muito abaixo em qualidade. A coreografia, a
direção e a montagem parecem assinadas por uma equipe criativa completamente
diferente e tudo se torna ainda mais problemático quando vemos os fios que
seguram a serpente aparecerem o tempo inteiro nas filmagens, com direito a um
incompreensível e horrendo close da dançarina diante do
animal mortal e os fios ali mostrados abertamente para quem quisesse ver.
À história de amor mistura-se uma intriga
palaciana com um golpe de Estado sendo preparado pelo príncipe Ramigani (René Deltgen),
o ambicioso irmão do Marajá. Talvez fosse possível aproveitar esse bloco da
fita se esses eventos tivessem uma construção mais escrupulosa, algo que não
ocorre. A questão é que nem a montagem ajuda a organizar esses eventos e,
constantemente, passamos para cenas de amor, cenas de um arquiteto reclamando,
cenas da irmã de Harald agindo de maneira estúpida, cenas dos tormentos do
Marajá, da prisão de Seetha, da construção de uma tumba… Existem muitas
coisas acontecendo ao mesmo tempo e elas não estão bem conectadas ao longo da
obra, o que faz do resultado final uma bagunça que só ganha mesmo algum
destaque pela esplêndida fotografia, direção de arte e figurinos. A trilha
sonora também tem bons momentos, mas não ao longo de toda a projeção.
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