Morre Mort Walker, o Criador do Personagem "Recruta Zero", Estados Unidos
Artigo
Criador do
"Recruta Zero" e um dos mais importantes cartunistas americanos, Mort Walker morreu
neste sábado, aos 94 anos, em sua casa, na cidade de Stamford, no estado
americano de Connecticut. O cartunista morreu em decorrência de uma pneumonia.
Um de seus filhos, Greg Walker atribuiu a morte do pai a sua idade avançada.
Addison Morton Walker nasceu em 3 de setembro
de 1923 no estado do Kansas, nos Estados Unidos, e se tornou um dos mais
reconhecidos cartunistas do mundo pelo sucesso de criações como "Recruta
Zero", de 1950, e "Hi & Lois", de 1954. As tiras do seu mais
famoso personagem, o Recruta, foram publicadas em mais de 1.800 jornais de 50
países, entre eles O GLOBO, atingindo mais de 200 milhões de leitores em todo o
mundo — Walker desenhou e escreveu as tiras do Recruta por 68 anos
ininterruptos, se tornando o mais longevo trabalho criado por um cartunista
americano.
Iniciou a carreira aos 11 anos, quando teve
seu primeiro cartum publicado, e aos 15 já era responsável pela seção de
quadrinhos de um jornal diário. Aos 20 anos, durante a 2ª Guerra Mundial, foi
convocado pelo exército americano e serviu no Sul da Itália, chegando a
alcançar o posto de primeiro-tenente. Após quase quatro anos de serviço
militar, ingressou na University of Missouri-Columbia e formou-se jornalista.
Após o fim da Guerra, em 1948 Walker se radicou em Nova York, onde passou a se
dedicar integralmente à carreira que o tornaria mundialmente reconhecido.
Mas antes de
criar seu famoso personagem militar, Walker passou dois anos tendo seu trabalho
rejeitado por diferentes editoras. Foi em 1950 que o personagem Beetle Bailey,
conhecido no Brasil como Recruta Zero, foi imaginado e desenvolvido por Walker.
Beetle, antes de vestir fardas e carregar armas, foi imaginado por Walker como
um obscuro e preguiçoso estudante universitário. As primeiras tiras foram
publicadas, mas foi pequena a repercussão entre os leitores. No entanto, em 4
de setembro de 1950, a trajetória do personagem sofreu uma reviravolta: Walker
decidiu, em uma tira, alistar seu personagem no exército americano. O contexto
da Guerra da Coréia impulsionou um reconhecimento em grande escala para as
aflições e dificuldades do personagem. Em poucas semanas, quase uma centena de
jornais americanos passaram a publicar as tiras do novo Recruta Zero.
O evento consagrador, porém, veio logo em
seguida, quando o personagem foi banido do jornal do exército "Stars &
Stripes", que considerou o trabalho de Walker uma ridicularização dos
oficiais. Walker, de fato, criticava e ironizava o autoritarismo e as obsessões
da disciplina militar, e suas tirinhas retratavam soldados preguiçosos,
ineficazes. O seu banimento do jornal militar teve grande repercussão na
imprensa, e a tira se tornou um sucesso cada vez maior, com leitores instigados
pelas sátiras e tiradas cômicas do autor sobre o rigor do cotidiano militar.
Perseguido implacavelmente pelo Sargento
Tainha, o Recruta Zero sempre dava um jeito de escapar do trabalho, e criou
bem-humoradas defesas de sua vocação ao repouso, como os lemas "Nunca
deixe para amanhã o que você pode fazer depois de amanhã".
A partir de "Recruta Zero" Walker
criou diversos outros personagens e histórias, entre elas “Hi & Lois”, de
1954, que se tornou conhecida no Brasil como “Zezé”; depois viria “Arca de
Noé”, sobre as trapalhadas de um navio cheio de animais engraçados.
No Brasil, a tirinha foi publicada em
diferentes jornais. O "Recruta Zero" também foi
editado em livros de bolso, pela Editora L&PM, e a revista do Recruta Zero
foi publicada durante os anos 1960, 1970 e 1980 pela Rio Gráfica Editora, e nos
anos 1990 foi publicada pela Editora Globo.
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