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domingo, 11 de agosto de 2019
Revolução Paulista de 1924, São Paulo, Brasil
Revolução Paulista de 1924, São Paulo, Brasil
Artigo
A Revolta Paulista de 1924, também chamada de Revolução Animal, Revolução do Isidoro, Revolução Esquecida, Revolução de 1924 e de Segundo 5 de julho, foi a segunda revolta tenentista e o maior conflito bélico da cidade de São Paulo. Teve início na madrugada de 5 de julho e terminou em 28 de julho de 1924. A revolta foi motivada pelo descontentamento dos militares com a crise econômica e a concentração de poder nas mãos de políticos de São Paulo e Minas Gerais.
Comandada pelo general reformado Isidoro Dias Lopes, contou com a participação de vários tenentes, dentre os quais Joaquim do Nascimento Fernandes Távora (que faleceu na revolta), Juarez Távora, Miguel Costa, Eduardo Gomes, Índio do Brasil e João Cabanas. O objetivo principal do levante era depor o presidente Artur Bernardes (considerado inimigo dos militares desde a crise das cartas falsas). Entre as reivindicações estava o voto secreto, a justiça gratuita e a instauração do ensino público obrigatório.
Deflagrada na capital paulista em 5 de julho de 1924, a revolta ocupou a cidade por 23 dias, forçando o presidente do estado, Carlos de Campos, a fugir para o bairro da Penha, em 9 de julho, depois de ter sido bombardeado o Palácio dos Campos Elísios, sede do governo paulista na época. Carlos de Campos ficou instalado em um vagão adaptado na estação Guaiaúna, da Central do Brasil, onde se encontravam as tropas federais vindas de Mogi das Cruzes.
No interior do estado de São Paulo aconteceram rebeliões em várias cidades, com tomada de prefeituras no estado de São Paulo.
Os revoltosos então entraram em contato com o vice-presidente do estado coronel Fernando Prestes de Albuquerque em Itapetininga, convidando-o para assumir o governo revolucionário em São Paulo. O coronel Prestes que já organizara um batalhão em defesa da legalidade, na região da Estrada de Ferro Sorocabana, e respondeu aos revoltosos:
“Só aceitaria o governo das mãos do Dr. Carlos de Campos, livre, espontaneamente, legalmente!”
Coronel Fernando Prestes
A cidade de São Paulo foi bombardeada por aviões do Governo Federal. O exército legalista ao governo de Artur Bernardes se utilizou do chamado "bombardeio terrificante", atingindo vários pontos da cidade, em especial os bairros operários, como a Mooca e o Brás, e de classe média, como Perdizes.
Sem artilharias nem aviões para enfrentar as tropas legalistas, os tenentes rebeldes se retiraram para Bauru na madrugada de 28 de julho, onde Isidoro Dias Lopes ouvira a notícia de que o exército legalista se concentrava na cidade de Três Lagoas, no atual Mato Grosso do Sul. Às 10 horas da manhã de 28 de julho Carlos de Campos retornou ao seu gabinete no Palácio do Governo.
Isidoro Dias Lopes e Juarez Távora planejaram, então, um ataque àquela cidade. A derrota em Três Lagoas, no entanto, foi a maior derrota de toda esta revolta. Um terço das tropas revoltosas morreu, feriram-se gravemente, ou foram capturadas. Os tenentistas recuaram rumo ao sul do Brasil, na cidade de Foz do Iguaçu, unindo-se aos oficiais gaúchos comandados por Luís Carlos Prestes, no que veio a ser o maior feito guerrilheiro no Brasil até então: a Coluna Prestes.
Um inquérito feito pelo Governo do Estado de São Paulo, logo após o fracasso do movimento subversivo de julho de 1924, detectou inúmeros casos de vandalismo e estupros no interior do estado de São Paulo, especialmente sob os olhos do Tenente João Cabanas, que comandava um grupo de revoltosos que foi denominado como a Coluna da Morte.
O inquérito também apurou que muitos coronéis do interior que faziam oposição ao Dr. Carlos de Campos apoiaram o movimento subversivo de Julho.
O general de divisão Abílio Noronha, comandante da 2ª Região Militar, que abrangia São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, acusou políticos de estarem por trás da revolta, incitando os militares a aderirem à revolução tenentista. Outro general, o general Noronha, criticou a retirada precipitada da capital paulista, do presidente do estado e das tropas leais a ele, alegando que o governo paulista tinha condições de ter resistido e vencido os revoltosos, logo no início da revolta, e dentro da cidade de São Paulo.
Os tenentes e demais militares que participaram desta revolta e das demais revoltas da década de 1920 receberam anistia dada por Getúlio Vargas logo após a vitória da Revolução de 1930.
No bairro de Perdizes, a revolução de 1924 ainda é comemorada anualmente.
A segunda revolta do movimento tenentista ocorreu em 5 de julho de 1924, dois anos após o fracasso da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana. A Revolta Paulista de 1924 foi realizada sob a liderança do general Isidoro Dias Lopes. Os objetivos da Revolta Paulista eram os mesmos que da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana: voto secreto, reformas no ensino público, poder político ao exército, fim da corrupção e destituição do presidente, ou seja, lutavam pelo o fim do governo vigente na República Velha.
A Revolta Paulista ficou conhecida como o maior bombardeio ocorrido na cidade de São Paulo, diversos prédios e casas foram destruídos, principalmente em áreas operárias. A revolta contou com a participação de cerca de mil militares e perdurou por longos 23 dias. Os bombardeios ocorreram em pontos estratégicos da cidade, e entre eles estava a sede do governo estadual. Durante a revolta aproximadamente 300 mil pessoas tiveram que se deslocar da cidade de São Paulo, para proteger suas vidas. Uma das exigências dos militares era que o então presidente de estado, Carlos Campos, fosse para o interior da cidade. Por causa dessas ações dos rebeldes, Campos se viu obrigado a ausentar-se da capital para o interior do estado, zelando pela sua própria vida.
No interior de São Paulo ocorreram revoltas em menor proporção e algumas prefeituras foram tomadas pelos rebeldes. Inicialmente a liderança da Revolta Paulista tinha planejado que outros estados aderissem a seu movimento, como forma de ganhar mais visibilidade nacional. Porém somente os estados de Mato Grosso, Amazonas, Pará, Sergipe e Rio Grande do Sul apoiaram as ideias do movimento realizando ações em outros dias, mas os atos tiveram pouca representação para a Revolta Paulista.
Em 10 de julho de 1924, os tenentistas divulgaram publicamente um manifesto para deposição imediata do presidente da república Artur Bernardes e o cumprimento de reformas governamentais. Bernardes respondeu à Revolta Paulista com a organização de outra parte do exército (leal ao governo) e ordenou que aviões bombardeassem a cidade.
A Revolta Paulista que não tinha um plano de governo tão elaborado e como o movimento não possuía apelo e adesão popular, acabou chegando ao seu fim. Entre os militares revoltosos, muitos foram presos, mortos ou ficaram feridos. No final, a cidade ficou em destroços.
Os tenentistas diante dessa situação insatisfatória resolveram se dispersar para o sul do país, para os estados do Paraná e Santa Catarina onde conquistaram algumas cidades, mas sem êxito. Com o fim dessa jornada, parte dos tenentistas que restaram juntaram-se ao líder Luís Carlos Prestes, com o movimento da Coluna Prestes. A Coluna tinha as mesmas propostas políticas que a Revolta Paulista, porém possuía mais organização e idealismo, durando assim dois anos.
O nevoeiro se dissipara. O céu estava claro, mas o frio seguia intenso no início da tarde da terça-feira, 22 de julho de 1924, em São Paulo. Uma profusão de casas e fábricas estava no chão, algumas ainda envoltas em fumaça espessa. Pessoas corriam pelas ruas carregando o que podiam para fugir de cenas que algumas viveram na Europa alguns anos antes. Após 17 dias de “bombardeios terrificantes” desfechados por baterias de canhões situadas na colina do bairro da Penha, na zona leste, uma combinação de roncos agudos vindos do céu agitava ainda mais uma população aterrorizada.
Quem olhasse para cima contaria dez aviões em formação a 500 metros do chão.
De repente, dois deles, um pouco maiores que os demais, reduzem a altitude e soltam alguns objetos. O efeito seria devastador. Seis explosivos de 60 quilos abrem crateras pelo centro e arrasam casas e fábricas em bairros operários. Por sorte ninguém morreu. Uma testemunha contaria, mais de cinquenta anos depois, que “os aviadores tiveram ordem de jogar bombas no Brás; diziam que a italianada era a favor da revolução”.
O Jornal do Commercio do dia seguinte contaria que “de diversos pontos partiu cerrada fuzilaria contra os aviões”. Inútil. Os aparelhos ganham altura, fazem uma curva sobre a estação da Luz e voltam para a zona leste. Em quinze minutos pousariam numa pista improvisada próxima à estação de trens de Guaiaúna, na Penha, então uma região quase rural.
Aquele era o décimo sétimo dia de um levante que entraria para a história como a Revolução de 1924, ou a Revolução Esquecida. Esse último qualificativo talvez venha do fato de as elites cafeeiras terem ficado assustadas com a sublevação da média oficialidade, que chegou a receber apoio de setores populares.
A rebelião que envolvia São Paulo desde 5 de julho era resultado de uma intrincada teia de tensões históricas. Suas raízes estão no agravamento de problemas sociais, no autoritarismo dos governos da chamada República Velha e em descontentamentos nos meios castrenses que já haviam desembocado no movimento tenentista, dois anos antes.
Naquele duro inverno, em meio a uma crise econômica, eclodiu uma nova sublevação. Tropas do Exército e da Força Pública tomaram quartéis, estações de trem e edifícios públicos e expulsaram da cidade o governador Carlos de Campos. No comando, em sua maioria, camadas da média oficialidade. Quatro dias depois, era instalado um governo provisório, que se manteria até 27 de julho. O país vivia sob o estado de sítio do governo Arthur Bernardes (1922-1926).
Entre as reivindicações dos revoltosos estavam: “1º Voto secreto; 2º Justiça gratuita e reforma radical no sistema de nomeação e recrutamento dos magistrados (…) e 3º Reforma não nos programas, mas nos métodos de instrução pública”. No plano político, destaca-se ainda “a proibição de reeleição do Presidente da República (…) e dos governadores dos estados”.
Várias guarnições de cidades próximas aderiram ao movimento. Apesar da falta de um programa claro, setores do operariado organizado apoiaram os revolucionários e exortaram a população a auxiliá-los no que fosse possível.
As ruas da capital foram palco de intensos combates, com direito a fuzilaria, granadas e tiros de morteiros. Cerca de trezentas trincheiras e barricadas foram abertas em diversos bairros.
A partir do dia 11, o governador deposto, instalado nas colinas da Penha, seguindo determinações do presidente da República, decidiu lançar uma carga de canhões em direção ao centro. O objetivo era aterrorizar a população e forçá-la a se insurgir contra os rebelados.
De forma intermitente, os bairros operários da Mooca, Ipiranga, Belenzinho, Brás e Centro sofreram bombardeio por vários dias. Casas modestas e fábricas foram reduzidas a escombros e cadáveres multiplicavam-se pelas ruas. Sem conseguir dobrar a resistência, o governo federal decidiu bombardear a cidade com aviões de combate.
Três semanas depois de iniciada, a rebelião foi acuada. Dos 700 mil habitantes da cidade, cerca de 200 mil fugiram para o interior, acotovelando-se nos trens que saíam da estação da Luz. O saldo dos 23 dias de revolta foi 503 mortos e 4.846 feridos. O número de desabrigados passou de 20 mil. No final da noite do dia 28, cerca de 3,5 mil insurgentes retiraram-se da cidade com pesado armamento em três composições ferroviárias. O destino imediato era Bauru, no centro do estado.
Deixaram um manifesto, agradecendo o apoio da população: “No desejo de poupar São Paulo de uma destruição desoladora, grosseira e infame, vamos mudar a nossa frente de trabalho e a sede governamental. (…) Deus vos pague o conforto e o ânimo que nos transmitistes”.
As tensões não cessariam. No ano seguinte, parte dos revolucionários engrossaria a Coluna Prestes (1925-1927). Mais tarde, outros tantos protagonizariam – e venceriam – a Revolução de 30.
A segunda data, 9 de julho, é marcada pelo estopim de uma revolução que não faz jus ao nome. Exaltada e cultuada como uma manifestação de defesa intransigente da democracia, ela faz parte da criação de certa mitologia gloriosa para São Paulo.
O evento, em realidade, representa a sublevação da oligarquia cafeeira contra a Revolução de 30, que a retirou do governo e se constituiu no marco definidor do Brasil moderno.
Aquele processo não pode ser visto apenas como uma tomada de poder por um punhado de descontentes. Suas causas envolvem as contrariedades nos meios militares e contradições do próprio desenvolvimento do país. A crise de 1929 acabara de chegar, colocando em xeque o liberalismo reinante.
A Revolução consolidou a expansão das relações capitalistas, que trouxe em seu bojo a integração ao mercado – via Estado – de largos contingentes da população. O mecanismo utilizado foi a formalização do trabalho. As novas relações sociais e a intervenção do Estado na economia – decisiva para a superação da crise e para o avanço da industrialização – implicaram uma reconfiguração e uma modernização institucional do País.
A consequência imediata foi a perda da hegemonia da economia cafeeira, centrada principalmente em São Paulo e parte de Minas Gerais. Percebendo as mudanças no horizonte, as classes dominantes locais foram à luta em 1932.
Explodiu então a rebelião armada das forças insepultas da República Velha, querendo recuperar seu domínio sobre o País. Tendo na linha de frente a Associação Comercial e a Federação das Indústrias (Fiesp), o levante tinha entre seus líderes sobrenomes importantes do Estado, como Simonsen, Mesquita, Silva Prado, Pacheco e Chaves, Alves de Lima e outros. O movimento contou com expressivo apoio popular, uma vez que os meios de comunicação (rádio, jornais e revistas) reverberaram as demandas das classes altas.
A campanha que precedeu a sublevação exacerbou uma espécie de nacionalismo paulista, incentivado por grupos separatistas. Entre esses, notabilizava-se o escritor Monteiro Lobato. A síntese da aversão local ao restante do país expressava-se na difundida frase, que classificava o estado como “a locomotiva que puxa 21 vagões vazios”, em referência às demais unidades da federação.
O objetivo do movimento, derrotado militarmente em 4 de outubro, era derrubar o governo provisório de Getulio Vargas e aprovar uma nova Constituição. Daí a criação do nome “revolução constitucionalista”, uma contradição em termos. Revolução é uma ação decidida a destruir uma ordem estabelecida. A expressão “constitucionalista” expressava uma tentativa recuperação do status quo, regido pela Carta de 1891. Se era “constitucionalista”, não poderia ser “revolução”.
Os sempre proclamados “ideais de 1932” são vagas referências à legalidade e à democracia. Mas não existia, por parte do topo da pirâmide social paulista, nenhuma formulação que fosse muito além da recuperação da hegemonia regional (leia-se, dos cafeicultores).
Oitenta e dois anos depois, o 9 de julho segue comemorado como a data magna do estado, uma espécie de 7 de setembro local. E os acontecimentos de 5 de julho de 1924 continuam como páginas obscuras de um passado distante.
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