terça-feira, 1 de agosto de 2023

Selos "Faróis Brasileiros", 2023, Brasil

 


Selos "Faróis Brasileiros", 2023, Brasil
Selo


Sobre os Selos:
Esta emissão é composta por 8 selos de faróis brasileiros. Bailique: localizado às margens do Amazonas, orienta embarcações vindas de fora da região e canoas de populações ribeirinhas. Cabo Orange: na mesma região, também orienta embarcações ribeirinhas, porém fica localizado em região inóspita, nas proximidades do Rio Oiapoque. Ilha Rasa: foi o primeiro farol construído após a Independência. Na inauguração o imperador Pedro II embarcou na corveta “Nictheroy”. A intenção era desembarcar, mas condições desfavoráveis não permitiram, então a tripulação presenciou o primeiro acendimento no próprio navio. Moela: é o farol mais antigo de São Paulo, e fica na ilha de Itamirindiba. Abrolhos: além do farol, nesta composição foram destacadas as baleias Jubarte, que fogem do frio da Antártica para se acasalar e ter seus filhotes nas águas baianas. Calcanhar: na representação, dois banhistas observando o farol localizado na praia do Calcanhar. Chuí: foram destacados dois flamingos chilenos, que fazem parte da reserva ecológica do Taim, localizada na mesma região. Santa Marta: próximo a esta região há uma estrutura geológica chamada “Pedra do Campo Bom” ou “Lage do Jaguaruna”. Esta formação impedia que alguns navios se aproximassem da costa da Ilha, onde muitas vezes permaneciam encalhados. A composição traz 3 crianças observando um desses incidentes. A técnica utilizada foi pintura digital.
Faróis brasileiros:
Os Correios, por meio da Filatelia brasileira, emite 8 (oito) selos postais especial de faróis brasileiros, composto por: 2 (dois) faróis da região Norte, 2 (dois) do Nordeste, 2 (dois) do Sul e 2 (dois) do Sudeste.
A mentalidade marítima de um povo pode ser expressa nos faróis de seu país, e a bravura de seus marinheiros inspirada na saga de seus faroleiros. (Ney Dantas)
Em dia distante, envolto na névoa do tempo, o homem se lançou ao mar, por curiosidade, necessidade, ou mero deleite, com espírito de aventura, começando a conhecer seu mundo. Ia e voltava sempre à vista de seu lar, à luz do dia. Sinais em terra, uma árvore, uma pedra, uma elevação conspícua orientavam seu retorno seguro. Continuamente buscando horizontes mais distantes, ele mesmo iniciou a construir sinais de referência, pilhas de pedras ou torres de madeira que permitissem ir mais longe, mas voltar com segurança. Surpreso por um mau tempo, um dia não voltou. Perdido na escuridão imaginou que durante a noite poderia ser orientado por fogueiras acesas sobre seus toscos sinais diurnos. Seus descendentes assim fizeram.
Embarcações maiores e mais seguras o levaram cada vez mais distante, sempre com o auxílio de sinais em terra que ainda seriam chamados faróis.
O grande mar entre terras, o Mediterrâneo, em cujas margens surgiram, floresceram, desenvolveram-se e desapareceram importantes civilizações e povos, foi privilegiado por pujante intercâmbio cultural, comercial, e disputas políticas, que o tornaram palco de muitas rotas marítimas.
À medida que os nautas desses povos se encorajaram, as viagens se alongaram no tempo e no espaço, demandando mais sinais de referência ao longo das margens para segura orientação. Registros documentais, imagens, descrições, inscrições e moedas que hoje se conhecem comprovam a existência desses sinais que guiavam aqueles homens no mar.
Apesar de já existirem há muito tempo, a palavra “farol”, como significado de auxílio à navegação somente surgiu após a construção de um grande sinal náutico em Alexandria, na Ilha de “Pharos”, Egito, em 280 BC. Segundo o geógrafo Edrisi, que o visitou em 1150, sua torre de pedra de 149 m de altura era encimada por uma fogueira que podia ser avistada à 29 Milhas Náuticas (MN). Foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Desde então, sinais náuticos construídos em forma de torre e próximos ao mar, passaram a ser designados “Farol” (phare, em francês, faro em espanhol e em italiano, e far em romeno).
Dentre muitos faróis construídos desde então, destaca-se a Torre de Hércules na Espanha, construída pelos romanos no século II e o mais antigo em operação; o Cordouan na França, o primeiro a utilizar uma lente Fresnel e o mais antigo farol da França em operação; o Eddystone na Inglaterra, o primeiro construído em mar aberto; e o Bell Rock na Escócia, o primeiro construído sobre uma formação rochosa que cobre e descobre com a maré.
São poucos os registros históricos conhecidos que comprovem a existência de faróis na costa brasileira no período colonial, à exceção do Farol de Santo Antônio da Barra em Salvador, Bahia, comprovadamente construído em 1698, após o naufrágio do galeão português Sacramento, com a perda de mais de 500 vidas. A abertura dos portos em 1808 com a transferência da Família Real Portuguesa para o Brasil, certamente motivou o incremento dessa fundamental demanda da Segurança da Navegação, sendo o primeiro deles o Farol Barra no Rio Grande do Sul, inaugurado em 1820, e o Farol da Ilha Rasa, o primeiro inaugurado após Proclamação da Independência.
De uma perspectiva mais abrangente, mais do que um auxílio à navegação, os faróis também podem representar parte da memória de uma nação, da cultura de um país, das tradições de um povo, e da evolução arquitetônica de uma época, razões que justificam a sua preservação como patrimônio histórico e cultural a ser legado às gerações futuras.
A representação desses monumentos pela arte filatélica é uma expressiva contribuição para perenizar o registro desse patrimônio, e contribuir para o desenvolvimento da consciência marítima nacional.
O Rasa (1829), em frente à Baia da Guanabara, foi o primeiro inaugurado após a Proclamação da Independência, orientando os navegantes à Capital do Brasil por mais de um século, durante o Império e a República. Sua luz emerge de uma lente Fresnel Meso-Radiante, uma das duas segundas maiores já construídas, que lhe confere alcance luminoso de até 51 MN, ou mais de 94 Km. Nele também funciona um Radiofarol, que transmite informações de DGNSS (Differential Global Navigation Satellite System).
Abrolhos (1861), na Ilha de Santa Bárbara no litoral baiano, guarda o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, que abriga uma extensa cadeia de corais e a maior biodiversidade marinha do Brasil, mas também é o maior cemitério de navios da costa brasileira. Sua lente Fresnel também é Meso-radiante com alcance luminoso de até 51 MN. Dispõe de equipamento respondedor radar (RACON).
Chuí (1910) é o mais austral do território brasileiro, pouco ao norte da foz do Arroio do Chuí, fronteira com o Uruguai. Sua lente Fresnel é de 4ª Ordem e lhe proporciona alcance luminoso de até 46 MN, pouco mais de 85 Km. É também Radiofarol e tem RACON.
Calcanhar (1912) fica na divisa entre as costas norte e nordeste e é o ponto da América do Sul que está mais próximo da África. Sua lente Fresnel de 2ª Ordem permite alcance luminoso de até 38 MN, pouco mais de 70 Km. É também Radiofarol.
O farol mais antigo de São Paulo é Moela (1830) na Ilha de Itamirindiba, assim chamada pelos índios da região, depois Ilha da Moela, batizada pelos portugueses devido à sua forma. Possui uma lente Fresnel de 1ª Ordem que dá aos seus raios luminosos alcance de até 40 MN, pouco mais de 74 Km. Também é um Radiofarol.
Poderoso feixe de luz emerge da lente Fresnel Hiper radiante, uma das 29 maiores lentes desse tipo já construídas, do Farol de Santa Marta (1890) em Santa Catarina, varrendo a superfície do mar e alertando os navegantes da perigosa “Pedra do Campo Bom”, alcançando até 46 MN, pouco mais de 85 Km. Também possui um Radiofarol.
Orange (1997) o mais setentrional do País próximo à foz do Rio Orange, e Bailique (1890) o mais antigo na foz do Braço Norte do Rio Amazonas, ficam no Estado do Amapá. Pela dificuldade de acesso e tipo do terreno onde estão construídos, são constituídos por torres de treliça de aço, revestida no caso do Orange. Possuem lentes Fresnel de XX Ordem, que lhes conferem alcances luminosos de 18 MN, pouco mais de 33 Km, e 14 MN, quase 26km, respectivamente.

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