Chevrolet Série 10, Brasil
Fotografia
Ávidos consumidores de picapes, os americanos parecem não se dar
conta de que esses utilitários nasceram para o trabalho. Estilo, conforto e
desempenho tornaram-se prioridades a partir
de 1955, quando a GM
lançou a Cameo
Carrier.
Criada pelo designer Luther Whitmore Stier, ela trazia pintura em
dois tons, motor V8, câmbio automático, direção hidráulica e freios assistidos.
Situação diferente do Brasil, onde a produção
da picape 3100 começou só em 1958. “Conhecido como Chevrolet Brasil, era uma
solução local”, diz André Beer, executivo da GM do Brasil por quase 50 anos.
O resultado final era um utilitário rústico, com falhas de acabamento
decorrentes da má qualidade da matéria-prima e outras deficiências do projeto.
O ponto positivo era seu velho seis cilindros em linha de 4,3 litros e 142 cv.
Importado, gozava de boa reputação pelo torque e confiabilidade. Ele foi
nacionalizado, mas o resto do utilitário era inferior ao americano de 1960: a dianteira se
apoiava sobre um eixo rígido e os pedais de embreagem e freio brotavam do
assoalho. O estilo nada refinado lembrava sua origem: um caminhão em menor
escala.
O que poucos sabiam é que Luther Whitmore Stier chegou ao
Brasil em 1957, quando assumiu o departamento de estilo. Sua primeira missão
foi adequar o desenho da nova geração à linha de
produção em São Caetano do Sul (SP). O resultado veio em 1964, com os modelos
C-14 e C-15.
Denominada internamente de C-1404, a picape de
chassi curto (2,9 m de entre-eixos) estava 15 cm mais baixa, facilitando o
acesso à cabine. Havia
ainda a C-1414, única
do país com cabine dupla para seis pessoas. Já a C-15 era
maior (3,1 de entre-eixos) e era chamada internamente de C-1505, tendo só
cabine simples.
A grande novidade era a suspensão
dianteira independente com molas helicoidais, melhorando conforto e
comportamento. Tudo lembrava um automóvel: os pedais eram suspensos, a dianteira
mantinha os quatro faróis e a coluna A inclinada
evidenciavam a preocupação
com a aerodinâmica
(Stier era engenheiro aeronáutico). Manteve o câmbio manual de três marchas com
alavanca na direção.
O modelo 1967 recebeu nova grade, com dois faróis
maiores, novo painel de instrumentos, alternador no lugar do dínamo e motor
recalibrado para 151 cv. Por fim, a primeira
passou a ser
sincronizada e foram oferecidas versões 4×4 transformadas pela Engesa.
O conforto aumentou em 1971, com a oferta da
direção hidráulica. Como nos EUA, as picapes passaram a se chamar só
C-10 em 1974.
Dois anos depois, surgia a versão Chevy
4, impulsionada pelo quatro cilindros do Opala. Com parcos 17,0 mkgf, a solução foi
adotar o câmbio M20 de quatro marchas com alavanca no assoalho e reduzir a relação do
diferencial.
O motor fraco foi amenizado na linha 1978 com a versão Chevy
SL. Essa C-10 ganhou um banho de loja: bancos individuais, painel e laterais de
portas da Veraneio Luxo, roda aro 15 com calota e sobrearo, faixas laterais,
espelhos do Opala e opção de câmbio de quatro marchas para as versões seis
cilindros, como neste exemplar, que se encontra aos cuidados da oficina Garage
do Guilherme. Raríssima, a Chevy SL
durou menos de um ano.
Mas no mesmo ano nasceu o xodó dos profissionais: a D-10, com um
Perkins 3.8 diesel de 77 cv e 30 mkgf. Depois veio a A-10, de quatro cilindros a álcool (89 cv e
17,1 mkgf). Em 1980, a grade passou a ser produzida
em plástico e os freios ganharam hidrovácuo e discos dianteiros.
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