Fiat 147 Top, Brasil
Fotografia
Quem tem menos
de 25 anos já deve ter incorporado o adjetivo “top” ao vocabulário. Apesar da
recente popularidade, o anglicismo é utilizado há décadas para indicar
qualidades excepcionais.
Foi empregado pela Fiat italiana em 1979 em
uma versão requintada do 127, até então seu modelo de maior sucesso. A filial
brasileira repetiu o termo três anos depois, no modelo 147.
Derivado do Fiat 127, o 147 era um automóvel tão “top”
para a época que não sentiu o impacto de rivais mais recentes como Chevrolet Chevette hatch e Vokswagen Gol.
Com tração dianteira e motor transversal, ele era imbatível sob o ponto
de vista técnico, mas sua dirigibilidade foi seriamente comprometida por um
câmbio de engates duros e imprecisos.
Por mais “top”
que ele fosse em desempenho, consumo e praticidade, no caso do 147 a última
impressão era a que ficava: as arranhadas constantes nas trocas de marcha
desgastavam também a sua reputação.
Os engates só foram suavizados em 1982,
quando a engenharia da Fiat substituiu o sincronizado Porsche (com anéis de
aço) pelo sincronizado Borg Warner (com anéis de bronze).
Para
acompanhar a inovação técnica no mesmo ano, nada melhor que duas versões novas.
O 147 Racing assumia um caráter mais agressivo, evidenciado pelo pequeno
volante de quatro raios e aerofólio no teto.
Já o 147 Top destacou-se por uma
esportividade sutil e discreta, com ênfase no conforto proporcionado pelo nível
de equipamentos e acabamento interno com materiais de alta qualidade. Sua campanha
publicitária era ousada.
O 147 Top era
definido como um carro de luxo, mas sem o ar pretensioso dos novos ricos. O
designer Nuccio Bertone foi convocado para dar prestígio ao novo desenho do
interior, com volante de dois raios e painel de instrumentos com conta-giros,
marcador de temperatura e manômetro de pressão do óleo.
Voltímetro e relógio ficavam na parte
central, e a estranha manopla de câmbio também era obra do estúdio Bertone.
O requinte e a comodidade eram complementados
por bancos dianteiros reclináveis de veludo flocado, banco traseiro bipartido,
desembaçador do vidro traseiro e cintos de segurança retráteis de três pontos.
No exterior,
apliques plásticos nas laterais, retrovisores redimensionados, spoiler
dianteiro, faróis de neblina, limpador do vidro traseiro e rodas esportivas em
aço estampado.
Custando cerca de 36% mais que o básico 147
C, o Top ainda oferecia opcionais como ignição eletrônica, espelhos com
controle interno e o desejado teto solar.
Mas valia a pena para quem quisesse desfrutar
do lendário motor 1.3 projetado por Aurélio Lampredi, sempre disposto a
trabalhar em altas rotações para impulsionar os 820 kg do pequeno carrinho.
Apesar de
menos potente que o Racing (de 72 cv), o Top trazia uma calibração exclusiva
graças ao carburador de corpo simples. O resultado eram 61 cv e generosos 9,9
mkgf de torque a 3.000 rpm. O consumo urbano de 10,74 km/l era bem melhor que
os 9,88 km/l da versão básica com o motor de 1.049 cm3 e 57 cv.
O Top era o 147 mais equilibrado em
desempenho e consumo. Na pista, era marginalmente inferior ao Racing, com
máxima de 144,5 km/h (contra 148,45 km/h) e 0 a 100 km/h em 16,43 s (contra
15,97 s).
O comportamento dinâmico era favorecido por freios
eficientes e suspensão independente nas quatro rodas. Chegava a ser mais rápido
que esportivos como o Chevette S/R.
“Até onde sabemos foram produzidas só 252
unidades”, conta Marcelo Paolillo, colecionador paulistano dedicado a clássicos
italianos.
Muito valorizado pelos entusiastas da Fiat, o
147 Top foi substituído em 1983 pelo Spazio CLS, que apesar de receber outros
avanços técnicos não tem a mesma popularidade, graças aos apliques plásticos
que comprometeram a harmonia do seu desenho.
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