Bebedouro do Largo da Ordem, Curitiba, Paraná, Brasil
Curitiba - PR
Fotografia
Antes de conhecer a história do bebedouro do Largo da Ordem, que tal entender porque ele se chama bebedouro do “Largo da Ordem”?
Antes de se chamar Largo da Ordem, o largo se chamava “Largo Coronel Enéas”, uma figura importante do cotidiano curitibano no século XIX. O largo ganhou esse nome após a morte do militar que atuou na política, na gestão de obras de infraestrutura da capital e como juiz de paz.
No início do século XX o Largo Coronel Enéas passou a se chamar Largo da Ordem em função da igreja da Ordem Terceira de São Francisco, que no século anterior (1834), acabou desmoronando e só foi totalmente restaurada no século XX. Os jornais da época (1978) noticiaram as obras na igreja e a necessidade de preservação de uma das construções mais antigas da cidade com a manchete “Restaure-se a Ordem”. Desde então o “Largo Coronel Enéas” passou a se chamar “Largo da Ordem”.
Durante anos, o bebedouro do “Largo Coronel Enéas”, construído em 1855, viu passar por aquelas vielas de paralelepípedo muito da vida cotidiana da capital paranaense. Ali ficava o principal centro comercial da cidade de Curitiba. Os colonos, com suas carroças abarrotadas de produtos agrícolas vindos das colônias de imigrantes, e os tropeiros se aglomeravam ao redor do bebedouro para dar de beber seus cavalos e fazer seus negócios.
Antes da construção do bebedouro, os donos do comércio local disponibilizavam a água aos baldes, água essa, que vinha de duas bicas e do Rio Ivo, hoje canalizado. As duas bicas eram chamadas de “Carioca do campo”, localizada na atual Rua Riachuelo e “carioca de baixo”, localizada na Av. Marechal Deodoro. A “Carioca de baixo”, anos depois, se transformou na praça Zacarias, onde ainda hoje existe um chafariz com torneiras, simbolizando aquelas, que antes eram utilizadas para o fornecimento de água da população.
“Cariocas” eram os locais onde haviam estruturas construídas para que as pessoas pudessem pegar a água aos baldes em um olho d’água. Essa estrutura era feita de um tipo de argamassa e óleo de baleia, que servia para decantar a argila e areia da água que brotava do solo. O nome “Carioca” faz referência aos primeiros sistemas de abastecimento de água do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, trazidos pelos portugueses no período Colonial.
O centro de Curitiba era um local úmido, cheio de nascentes e vertedouros, porém, a crescente demanda da população e dos animais, além de questões sanitárias, tornou impossível o compartilhamento das fontes. Assim, o Bebedouro do Largo da Ordem foi construído para atender a demanda de uso exclusivo dos animais que carregavam as carroças, transformando-se na principal parada dos colonos que vinham da estrada do Assungui, atual Mateus Leme, importante rota de comércio que ligava as colônias desde Cerro Azul até a vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, nossa Curitiba.
Não havia na cidade de Curitiba um sistema de água e esgoto encanado na cidade, para suprir as demandas da época foram instalados fontes e bebedouros nos principais locais de compra e venda de produtos vindos das colônias. Apenas em 1904 o primeiro contrato de para obras de abastecimento público foi assinado e a partir de 1908 Curitiba passou a ter o primeiro sistema de abastecimento de água.
Nem sempre o bebedouro teve o formato que tem hoje, inicialmente o bebedouro possuía um formato de cálice, com estrutura em metal. O formato em trapézio, com estrutura de pedras e uma bacia de metal foi fruto de uma reforma, realizada através dos esforços do governador da época, Manoel Ribas, que assumiu a liderança do governo em 1935. Desde então, permanece como cenário de passagem de moradores e turistas ou para os frequentadores da feira dominical do Largo da Ordem.
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