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terça-feira, 4 de outubro de 2022
Selos "100 Anos de Rádio no Brasil 1922-2022", 2022, Brasil
Selos "100 Anos de Rádio no Brasil 1922-2022", 2022, Brasil
Selo
O conjunto de quatro selos ilustra elementos que sintetizam a história do início do rádio no Brasil. Em primeiro plano à esquerda está o rádio, marcando o início da primeira transmissão em 07 de setembro de 1922. À direita, ao microfone está Roquette-Pinto, responsável por fundar a primeira emissora do país e considerado o pai da radiodifusão no Brasil. Ao fundo do rádio círculos aumentam gradativamente, representando a propagação das ondas sonoras criando a ideia de a linha do tempo desde a sua primeira transmissão em 1922 até 2022. A técnica usada foi computação gráfica.
Em 1922 aconteceu, no Rio de Janeiro, capital federal, as celebrações pelo centenário da Independência do Brasil. Festividades que ocorreram de 7 de setembro daquele ano até 24 de julho de 1923.
Para marcar a data, a cidade passou por grandes obras. O Morro do Castelo foi aterrado, criando uma extensa área sobre o que antes era mar. Surgiram dezenas de pavilhões, que enalteciam a indústria brasileira, o comércio, a agricultura, as grandes invenções e as nações amigas ao Brasil. Tudo compunha a grande Exposição do Centenário. Um modelo igual ao das gigantescas exposições mundiais.
O Brasil, na ocasião, demonstrou a seu povo e à comunidade internacional seu potencial. Na exposição promoveu invenções, como aquela, que necessitou a montagem estações transmissoras – como as do Morro do Corcovado, antes só telegráfica, e a da Praia Vermelha. Foram implantadas para demonstração do uso de som e voz a grandes distâncias, com antenas repetidoras na região serrana fluminense e em São Paulo. A ideia era mostrar um avanço tecnológico capaz de fazer transmissões, propagadas pelo ar, sem uso de fios. Algumas ocorreram ao longo do dia 7 de setembro de 1922, como a da área dos pavilhões, com o Presidente Epitácio Pessoa discursando ao povo. Assim como a introdução da ópera “O Guarani”, de Carlos Gomes, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, ainda naquele dia. Eram transmissões cheia de ruídos, que necessitavam de aperfeiçoamento. Foi uma verdadeira descoberta aos olhos dos que ali visitavam a feira e arredores, ouvindo a transmissão.
Assim, oficialmente nascia o rádio no Brasil, em 7 de setembro de 1922, com a transmissão, à distância e sem fios.
Roquette Pinto (1884-1954), professor, médico, diretor do Museu Nacional e antropólogo, parceiro de Cândido Rondon, pesquisava a radioeletricidade para fins fisiológicos, acompanhava tudo e, entusiasmado com as transmissões, convenceu a Academia Brasileira de Ciências a patrocinar a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que viria a ser a PRA-2. A rádio só começou a operar, no entanto, em 30 de abril de 1923, com um transmissor doado pela Casa Pekan, de Buenos Aires, instalado na Escola Politécnica, na então capital federal, Rio de Janeiro. Sua ferrenha defesa do rádio educativo fez com que em 1936 doasse sua emissora ao Ministério da Educação e Cultura, sendo hoje a Rádio MEC. Ele também criou, em 1934, a Rádio Escola do Rio de Janeiro, que hoje leva seu nome: Rádio Roquette-Pinto.
Aos poucos, o Brasil acreditou na criação de um veículo que pudesse propagar informações, em sua maioria de caráter socioeducativo, baseado no sistema de clubes ou sociedades civis, que mantinham tais emissoras.
Foram criadas estações, como a Rádio Educadora Paulista, em São Paulo, a Rádio Clube Paranaense, em Curitiba, e outras, como a Rádio Clube de Pernambuco, de Recife, se reorganizaram com um modelo diferente da radiotelegrafia. Aos poucos outros Estados aderiram à nova concepção.
Nos anos 1930, durante o Governo do Presidente Getúlio Vargas, permitiram ao rádio maior investimento e progresso. Das ondas curtas às ondas médias, depois à amplitude modulada (AM), chegamos a “Era do Rádio”. Emissoras, como a Nacional do Rio de Janeiro, foi ouvida por todo país, com seus cantores se tornando ídolos. Surgiram as Rainhas do Rádio e o futebol virou paixão nacional. Radionovelas, como “Em Busca da Felicidade”, “Fatalidade” e “O Direito de Nascer” viraram referência. Grandes redes surgiram, como as Unidas, as Associadas e a Cadeia Verde-Amarela. O jornalismo ganhou tradição com o antológico “Repórter Esso”.
Em 1935, surge o programa A Voz do Brasil, incialmente com o nome de Programa Nacional que, em 1938, passou a ter transmissão obrigatória com horário fixo das 19 às 20h, e o nome alterado para A Hora do Brasil. Foi em 1962 que o programa passou-a se chamar A Voz do Brasil. É o programa de rádio mais antigo do país e do hemisfério sul ainda em transmissão.
Em 1950, a TV chegou ao Brasil e o rádio teve de encontrar novo caminho, uma vez que gradativamente passou a dividir a atenção com o novo meio. Em 1955, Anna Khoury, criou a primeira emissora em FM, a Rádio Imprensa. A música ganhou mais espaço, dos calouros de Ary Barroso e Chacrinha, à animação de Big Boy e a “Jovem Guarda”. Fomos da Bossa Nova à “Era Disco”.
Em 1962, nasceu a ABERT - Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão e o setor de radiodifusão ganhou maior representatividade.
Em 1966 foi inaugurada a Rádio Tropical FM, de Manaus, sendo a primeira rádio do Brasil e da América do Sul a operar em FM estéreo.
Em 1967, foi criado o Ministério das Comunicações.
Nos anos 1980, grande número de outorgas foram concedidas a todos os cantos do Brasil, o que permitiu a expansão e o desenvolvimento da radiodifusão regional. O rádio reforçou ainda mais sua identidade com a população.
Na década de 90, a proliferação de redes nacionais e regionais de radiodifusão, propiciou maior espaço até à segmentação de conteúdo de uma programação. Nessa década, ainda, ocorreu a criação da Anatel - Agência Nacional de Telecomunicações, o que foi um marco para o setor. Nos anos 1990, também, entrou em debate a flexibilização do horário do programa “A Voz do Brasil”, o surgimento dos primeiros sites de rádios brasileiras, o que na virada do século torna-se esteio para criação de outros tipos de conteúdo: web rádios, rádios convencionais com transmissão via streaming e podcasts. E-mails e, posteriormente, as redes sociais.
Em 1999, foi fundada a ABRATEL - Associação Brasileira de Rádio e Televisão com a missão de defender a radiodifusão no Brasil. São mais de 20 anos de trabalho voltados para a valorização do serviço de comunicação mais abrangente do país.
Em seguida, no ano de 2003, foi criada a ASTRAL – Associação Brasileira de Televisões e Rádios Legislativas, que congrega as rádios e televisões mantidas pelo Poder Legislativo das esferas federal, estadual e municipal e tem com o objetivo realizar intercâmbio técnico e troca de experiências; o estímulo à criação e funcionamento das rádios e televisões legislativas.
Recentemente, políticas públicas permitiram que a população pudesse escutar rádio por meio do celular, via chip FM. Permitiram também a criação do Serviço de Retransmissão de Rádio na Amazônia Legal (RTR), que propicia que os sinais de emissoras de FM, instaladas nas capitais dos estados que compõem a Amazônia Legal, sejam retransmitidos para quaisquer municípios do mesmo estado, podendo haver inserção de conteúdo gerado localmente em parte do tempo. Essas políticas contribuem para a expansão do sinal de rádio levando informação, entretenimento e cultura a locais antes desassistidos de sinal radiofônico.
O rádio ganhou imagens: fomos das câmeras transmitindo bastidores dos estúdios às plataformas de streaming. Hoje, novas diretrizes permeiam a radiofonia. No analógico, a expansão do espectro de FM e a criação da faixa estendida, dando melhor qualidade às emissoras que antes eram de AM. A Em vista dos avanços tecnológicos, a profissionalização do meio, com a implantação de um rádio apoiado por dados, com maiores possibilidades interativas com o público, também ganha destaque.
Das emissoras locais fomos às grandes redes via satélite, como Band, Jovem Pan, CBN, Transamérica e outras. A prestação de serviço, com o imediatismo do rádio, ganhou mais espaço. O esporte só cresceu, com a sua eloquente locução, cheia de emoção no rádio. Hoje até o humor se casou com o esporte. Atualmente, a Internet apoia e dá novos rumos. O rádio segue se reinventando. Ter 100 anos não é sinônimo de ser ultrapassado. O rádio continua sendo, democraticamente, o meio que nos acompanha a todos lugares!
Nesses cem anos, o rádio no Brasil se expandiu através de sua capacidade de unir a credibilidade e o dinamismo do online, alcançando a marca de mais de 9.000 emissoras e sendo ouvido por mais de 80% da população.
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