Farol de Itapuã, Salvador, Bahia, Brasil
Salvador - BA
Fotografia
Na madrugada de 26 de março de 1873, o paquete francês Gambie,
com destino a Bordeaux, encalhou no lugar chamado de Pau do Pinho, quatro
léguas ao norte de Itapuã, conforme noticiado pelo Correio da Bahia. O navio a
vapor foi perdido, mas todos a bordo foram salvos.
Esse sinistro marítimo demonstra como era perigosa a navegação
na região e, no ano anterior, já estava decidida a construção do Farol de
Itapuã.
Os problemas de iluminação da costa do Brasil já eram bem
conhecidos. Em 1868, o engenheiro militar cearense Zozimo Braulio Barroso
publicou, em Londres, sua obra Pharoes: Estudos sobre a illuminação da
costa do Brazil.
Zozimo Barroso trabalhou na P & W MacLellan, uma empresa
escocesa, com sede em Glasgow, que começou a fabricar faróis por volta de 1867.
Em 1870, Zozimo, então na P&W MacLellan, elaborou plantas para a instalação
de faróis no Brasil, solicitadas pelo Barão de Cotegipe, então Ministro da Marinha.
Em 31 de dezembro de 1872, autorizado pelo Ministério dos
Negócios da Marinha, o Presidente da Bahia, em exercício, João José d'Almeida
Couto, lavrou um contrato com o bacharel Alcino Baptista Monteiro para a
instalação do Farol de Itapuã (Pharol de Itapoan, em grafia da época). Para
fiscalizar a obra foi nomeado o engenheiro Lourenço Eloy Pessoa de Barros, que
trabalhava a serviço da Província.
Alcino Baptista Monteiro era sergipano, formou-se em Direito,
em Recife, e veio residir na Bahia, onde foi chefe de polícia, advogado,
deputado e grão-mestre da Maçonaria. Por contrato, a obra deveria ser concluída
no prazo de seis meses.
O Farol de Itapuã era uma espécie de kit de montagem fabricado
pela P & W MacLellan. Foi inspirado no projeto do engenheiro estadunidense
Alexander Gordon (1802-1868), educado na Escócia, feito originalmente para
o farol de
Morant Point, na Jamaica, erguido em 1842, com 30,5 metros de altura (o de
Itapuã tem 21 m). Seu projeto foi publicado na The Civil Engineer and
Architect's Journal, Volume IV, em 1841.
Os aparelhos lenticulares foram fornecidos pela antiga Chance
Brothers, da Inglaterra.
O jornal Correio da Bahia, de 25 de janeiro de 1873, noticiou
que, a pedido do Dr. Monteiro, o vapor Moema foi autorizado, no dia 14, pelo
Presidente da província a transportar os volumes do Farol.
O Farol de Itapuã foi inaugurado em 7 de setembro de 1873, com
luz branca fixa, conforme a Fala do Presidente da Província, de março de 1874.
No local, existia um cômodo para o quartel. Essa data de inauguração foi
confirmada no Almanak Laemmert, de 1899, que indicou ser o Farol pintado de
vermelho.
O Farol foi instalado na Pedra Piraboca, na Ponta de Itapuã, o
quinto farol construído na Bahia. Tem 21 metros de altura e torre troncônica
metálica sobre base de alvenaria.
Em sua Fala à Assembleia, o Presidente relatou a necessidade de
uma ponte que ligasse o quartel ao Farol e que permitisse a passagem dos
faroleiros, sem perigo, durante as marés cheias. Essa obra foi aprovada pelo
Ministério e a ponte existe até hoje.
Em 1881, o Farol foi pintado e a casa do faroleiro foi
concertada.
Na Fala do Presidente de outubro de 1887, o Farol de Itapuã foi
descrito como possuindo um sistema dióptrico de 3ª ordem, luz branca e fixa,
funcionando muito bem, sendo visível a 12 milhas.
Sua torre era pintada de roxo-terra e depois de branco e
laranja. As cores vermelha e branca foram adotadas por volta de 1950, buscando
melhor visibilidade à distância. Em 1923, o Farol recebeu um eclipsor a gás,
para acender e apagar automaticamente. Em 1939, recebeu uma válvula solar.
Atualmente é equipado com uma lanterna de policarbonato.
O alcance do Farol é atualmente de 14 milhas. Emite uma forte
luz branca a cada seis segundos. O antigo gradil de ferro, que contornava a
ponte e a base do farol, foi substituído por um muro de alvenaria que dá uma
aparência uniforme à base e à ponte, a qual se liga à Vila Naval do Farol de
Itapuã, propriedade da Marinha. Suas coordenadas geográficas são: 12 57,41S /
38 21,22W.
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