Friedland, Atual Pravdinsky - Rússia
Metropolitan Museum of Arts, Nova York, Estados Unidos
OST - 135x242 - 1875
O quadro 1807, Friedland é uma das obras do artista francês Jean-Louis Ernest Meissonier. Começou a ser pintado em 1861 e foi concluído em 1875. É um óleo sobre tela de 135,9 x 242,6 centímetros.
1807, Friedland retrata a vitória de Napoleão Bonaparte na Batalha de Friedland, que ocorreu em 14 de junho de 1807, na atual Pravdinsk, na Rússia, e opôs exércitos russos e franceses.
Meissonier fez uma série de estudos preparatórios para a realização dessa obra, incluindo desenhos e esculturas que serviram como modelos. 1807, Friedland ficou conhecida apenas em 1876, quando um magnata de uma loja de departamentos americana, Alexander T. Stewart comprou o quadro por 60 mil dólares.
Grande parte das pinturas de Meissonier são pequenas e voltadas para questões militares ou históricas. Sua técnica foi proveniente de um vasto estudo de artistas holandeses do século XVII. No entanto, os estudos preparatórios de armaduras e vestes da época, junto com a observação de questões naturais (como análises do movimento de cavalos) fazem com que ele se aproxime mais do século XIX. Em 1864, o artista pintou a obra A Campanha da França, de 1814, que foi o início do interesse de Meissonier por atos épicos de Napoleão Bonaparte.
1807, Friedland faz parte de um ciclo de cinco episódios da vida de Napoleão Bonaparte, que, no entanto, o artista só completou dois: 1807, Friedland e A Campanha da França, de 1814, uma imagem de derrota (que está hoje no Musée d'Orsay, em Paris).
O juiz Henry Hilton comprou o quadro de Stewart em 1887 e doou ao Metropolitan Museum of Art, o MET, em Nova York.
A obra 1807, Friedland se assemelha muito a uma pintura marcante para a história brasileira, o quadro Independência ou Morte, pintado por Pedro Américo em 1888. Por conta disso, muitas discussões surgiram acerca de um possível plágio por parte de Pedro Américo.
De fato, a composição das duas obras se assemelham bastante. De acordo com José Murilo de Carvalho, um historiador brasileiro que escreveu um artigo para o site do jornal Folha de S.Paulo, "a figura central, D. Pedro e Napoleão, é colocada sobre uma elevação do terreno, cercada por seus estados-maiores. Ao seu redor, em movimento circular, soldados entusiasmados saúdam com as espadas desembainhadas. [...] Sobressai em primeiro plano o movimento dos cavalos, cujo desenho exato era obsessão de Meissonier. Nos dois casos, finalmente, nenhuma ambiguidade quanto ao objetivo dos pintores: a exaltação do herói guerreiro".
Você deve ter achado o título dessa notícia um tanto estranho, afinal, o termo plágio se aplica quando um autor se apropria indevidamente da obra de outro, apresentando a obra copiada como se fosse uma obra própria, e não a eventos históricos. E é verdade: se falássemos sobre o ato de Dom Pedro I às margens do rio Ipiranga, seria realmente estranho; mas, aqui, estamos falando do quadro Grito do Ipiranga, nome pelo qual ficou conhecido o quadro Independência ou Morte, obra do pintor Pedro Américo que deixou a mais importante representação sobre esse ato tão importante para nossa história. Mas, você sabia que essa obra é acusada de ser um plágio? É isso mesmo. Além disso, o quadro de Pedro Américo contém uma série de mitos que são contestados pelos historiadores, e é isso o que você vai conhecer agora.
Pedro Américo foi um pintor brasileiro que viveu entre os anos de 1843 e 1905 e ficou conhecido por suas obras históricas, nas quais retratou grandes feitos da história do Brasil, como Tiradentes Esquartejado, sobre a Inconfidência Mineira, ou Batalha de Avaí, que ocorreu na Guerra do Paraguai, além de muitas outras obras.
Pedro Américo pintou o quadro Grito do Ipiranga em 1888, portanto, 66 anos depois do evento histórico, sob encomenda do Governo Imperial Brasileiro, que estava investindo na construção do Museu do Ipiranga, hoje chamado de Museu Paulista. O pintor não foi uma testemunha ocular do fato e sua obra apresenta uma série de divergências com a versão dos historiadores sobre o episódio. Como, por exemplo, o fato de Dom Pedro I e toda sua comitiva estarem montados em belos cavalos - isso seria muito difícil, uma vez que todos estavam vindo de Santos, e, para chegar até São Paulo, tinham que atravessar a Serra do Mar. Como tal subida era muito difícil, em geral, utilizavam-se das mulas e dos burros, animais mais fortes e resistentes a esse tipo de atividade que os cavalos; por isso, é bem provável que Dom Pedro I estivesse montado em uma mula muito menos vistosa e imponente que o cavalo marrom do quadro de Pedro Américo.
Além disso, a travessia da Serra do Mar era algo muito penoso, e é difícil que tanto o Imperador quanto os seus soldados estivessem usando roupas de gala, como as retratadas pelo nosso pintor. Muito provavelmente, todos estavam usando trajes simples, sujos e surrados pela longa jornada. Uma cena um tanto mais deprimente e menos inspiradora que a que Pedro Américo retratou. Além disso, conta-se que nosso Imperador estava com uma forte diarreia nesse dia, e, por isso, é provável que ele não estivesse tão disposto como no retrato.
Também há divergências sobre o número de pessoas que acompanharam o evento, que seria muito menor que o mostrado no quadro de Pedro Américo, ou ainda, sobre a presença da casa de pau a pique estampada no fundo da tela, uma vez que os historiadores alegam que o registro mais antigo dela data de 1884. Se não bastassem essas divergências históricas, Pedro Américo ainda foi acusado de ter plagiado a ideia para esse quadro de um outro, chamado 1807, Friedland, de Ernest Meissounier, que retrata a vitória de Napoleão Bonaparte na batalha de mesmo nome.
Pedro Américo se defendeu de seus críticos que o acusavam de falsear os eventos, afirmando que "a realidade inspira, e não escraviza o pintor". Sobre a questão do plágio, nunca saberemos se Pedro Américo realmente se inspirou na pintura de Meissounier, ou se foi uma coincidência. Mas, os dois quadros estão aí - por que você não os analisa e tira suas próprias conclusões?
Nenhum comentário:
Postar um comentário