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sábado, 22 de agosto de 2020
Teste e Desmonte do Audi A3 1.4 TFSI, Brasil
Teste e Desmonte do Audi A3 1.4 TFSI, Brasil
Artigo
As mudanças trazidas pela nacionalização do A3 no início de 2016 botavam medo: o rápido (mas ruidoso) câmbio de dupla embreagem e sete marchas fora substituído por um mais simples, com conversor de torque e seis marchas; a sofisticada suspensão multilink deu lugar a uma mais simples, baseada em eixo de torção; o motor seguia o mesmo 1.4 turbo com injeção direta da versão importada, mas passou a ser flexível.
O A3 nacional parecia ser um prato cheio para o Longa Duração. E foi mesmo.
Compramos o A3 assim que as vendas começaram e, em fevereiro de 2016, ele iniciava sua trajetória ao nosso lado.
Passados 60.000 km, podemos afirmar: os principais pontos alterados no processo de nacionalização tiraram, sim, parte do refino da direção do A3, mas ele segue sendo um sedã confortável, obediente e, como você verá a seguir, confiável.
Antes de iniciar a desmontagem, nosso consultor técnico, Fabio Fukuda, assume o volante e dá uma volta no bairro.
“Faço o mesmo percurso com todos os carros de Longa. O trecho é curto, mas tem valetas, lombadas, buracos e também uma parte com asfalto bom, com curvas, subida e uma reta. É perfeito para buscar ruídos de suspensão, direção e acabamento, além de dar alguma referência de motor e câmbio”, diz.
De volta à Fukuda Motorcenter, o A3 é submetido a uma meticulosa inspeção visual. “O ponto alto do desmonte é a análise dimensional das peças, mas a verificação prévia é de suma importância. Assim como a última rodagem, ela nos dá pistas sobre quais pontos devemos concentrar atenção especial durante a desmontagem”, diz Fukuda.
Algumas medições são feitas antes do desmonte. Nas três medições de pressão de óleo (em marcha lenta, a 2.000 rpm e a 4.500 rpm), tudo certo. Aferimos, respectivamente, 1,0, 2,0 e 3,2 bar ante 0,6, 1,5 e 2,8 bar indicados pela Audi como valor mínimo tolerado.
A pressão de compressão também trouxe bons números, com média de 9,65 bar nos quatro cilindros, sem variação de pressão entre eles. Segundo o manual técnico da Audi, o mínimo tolerado é 7 bar, com diferença entre os cilindros de até 3 bar.
Cilindros, pistões e virabrequim estavam com todas as medidas folgadamente distantes do mínimo estipulado pela marca.
Ainda assim, notamos desgaste na superfície do casquilho superior das bronzinas de bielas. Fizemos as medições, mas, infelizmente, a Audi não divulga os valores tolerados.
A abertura do motor também nos permitiu encontrar o responsável por um ainda discreto vazamento de óleo no cárter: “Uma pequena falha na aplicação de cola, decretou Fukuda. Mas o técnico ressaltou: “O que vaza por ali é mínimo. Não era suficiente sequer para formar gotejamento”.
Os sistemas de alimentação e ignição se despedem aprovados, com corpo de borboleta e velas com baixo grau de contaminação, comprovando a eficácia do filtro de ar.
Mas o que mais surpreendeu Fabio Fukuda foi o baixo índice de contaminação das válvulas e da cabeça dos pistões: “Sem dúvida, este é o motor mais limpo que eu já vi em carros do Longa Duração”.
O câmbio recebeu críticas pelos trancos decorrentes do engate da primeira marcha com o carro ainda em movimento. Mas não era um defeito: é uma característica do projeto sentida do início ao fim da trajetória e até nas unidades seminovas cedidas pela própria Audi para testes e comparativos.
Sem resíduos metálicos no óleo da transmissão nem registro de falhas guardadas na memória da central eletrônica, adotamos o procedimento padrão do Longa Duração e não abrimos o câmbio – em carros automáticos, ele só é aberto no desmonte da QUATRO RODAS quando há indícios de problemas.
Nos freios, nenhuma surpresa: com pastilhas dianteiras trocadas na revisão dos 50.000 km, o conjunto chegou ao final da jornada em plena forma, com boa espessura do material de atrito das pastilhas e discos com riscos e desvios compatíveis com a quilometragem.
Amortecedores sem sinais de vazamento e respectivos batentes com desgaste compatível com a quilometragem e buchas, terminais e barras axiais sem folga levaram à aprovação dos sistemas de suspensão e direção.
Carroceria isenta de sinais de invasão de poeira e água, acabamentos bem fixados e livres de deformação e circuito elétrico adequadamente isolados e com terminais de engate confiável também se destacaram.
Com sua robustez comprovada, não deu outra: o Audi A3 se despede do Longa Duração aprovado.
Sobre o excelente estado das válvulas e dos pistões, nosso consultor e responsável técnico pelos desmontes, Fabio Fukuda, disse: “O A3 terminou o teste com o menor índice de carbonização dentre todos os motores já desmontados. Isso não é pouco”.
O processo de nacionalização cuidou bem da suspensão. Sem folga ou vazamento, os amortecedores cumpriram bem sua função ao longo dos 60.000 km. Buchas e terminais, ainda justos, mantiveram o conjunto silencioso, assim como os batentes com nível de desgaste compatível com a quilometragem.
Água e pó no interior do A3? Nem pensar. Sistema elétrico bem isolado e com terminais livres de oxidação e acabamentos fixados adequadamente colaboraram para criar um dos pontos mais destacados do sedã ao longo do teste: o conforto a bordo.
Todos os coxins chegaram aos 60.000 km cumprindo seu papel adequadamente. Apenas o torcional mostrou certo desgaste (quase imperceptível), ainda distante de comprometer a sua performance.
Ainda que com troca espaçada (a cada 30.000 km), o filtro de ar se mostrou adequado, como prova o bom estado das pás do rotor frio do turbo, do corpo de borboleta e do próprio filtro. Bicos injetores de alta pressão e velas de ignição também chegaram aos 60.000 km em plena forma. Ou seja, sistemas de alimentação e ignição também têm mérito no excelente estado do motor.
Substituídas aos 50.000 km, as pastilhas dianteiras foram encontradas com boa espessura do material de atrito. Os quatro discos chegaram ao final do teste em estado compatível com a quilometragem.
Casquilhos superiores das bronzinas de biela foram encontrados com sinais de desgaste. “Isso é típico de motores sobrealimentados, que aplicam uma pancada repentina de torque no virabrequim. Mas é evitável”, diz o responsável técnico pelo desmonte, Fabio Fukuda.
Sair do desmonte com o título de dono do motor com o menor índice de carbonização da história do Longa Duração é para os fortes. Com poucos pontos a melhorar, o A3 mostra que, ao menos no que se refere à sua construção e durabilidade, ele é, de fato, premium.
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