segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Obras de Restauro do Palácio Avenida, Curitiba, Paraná, Brasil

 





Obras de Restauro do Palácio Avenida, Curitiba, Paraná, Brasil
Curitiba - PR
Fotografia




Cartão-postal do Natal de Curitiba, o Palácio Avenida já era famoso muito antes das apresentações do coral infantil que encantam curitibanos e turistas há quase 30 anos. Construído no início do século 20, o prédio foi um dos primeiros edifícios de porte da cidade e acolheu comércios e espaços culturais que marcaram época na cidade.
Para conhecer toda esta história é preciso voltar ao ano de 1927, quando o comerciante libanês radicado em Curitiba Feres Merhy idealizou e deu início à construção do prédio. Concluído dois anos depois, a imponente edificação, com cerca de 90 metros de fachada e 18 de altura, contemplava diferentes usos. Nele estavam instalados o Cine Theatro Avenida, o Restaurante Bar Guairacá, lojas e escritórios, além de apartamentos residenciais.
Seus tempos de glória se estenderam por algumas décadas, mas culminaram no abandono do prédio, que permaneceu fechado durante anos até ser adquirido, em 1974, pelo extinto Bamerindus. A intenção de Avelino A. Vieira, fundador e então presidente do banco, era de fazer do prédio a sede da organização. Empecilhos de diferentes ordens, no entanto, só permitiram que isto se tornasse possível no início dos anos 1980, quando José Eduardo de Andrade Vieira assumiu a presidência do Bamerindus com a meta de restaurar o Palácio Avenida.
O desafio de dar nova vida e uso ao prédio ficou a cargo dos arquitetos Rubens Meister e Elias Lipatin Furman. “A diretoria do Bamerindus nos procurou para elaborar o projeto de restauração e adequação do espaço interior desta agência, que seria a mais importante do Brasil”, lembra Furman.
Como o prédio já integrava a paisagem urbana da Rua XV de Novembro, tombada em 1974 pelo governo do estado, foi necessário que o projeto seguisse parâmetros específicos relacionados à sua volumetria e altura, por exemplo.
“Quando chegou até nós [Coordenação de Patrimônio Cultural (CPC)], o projeto mantinha a fachada, mas trazia um prédio de cerca de 15 andares grudado a ela. Explicamos que este prédio não poderia [ser erguido] desta forma, e nossa sorte foi que o Elias tem uma ótima formação e que, no Uruguai [seu país de origem], a preservação do patrimônio sempre esteve presente”, conta a arquiteta Rosina Parchen, ex-chefe da CPC.
Assim, o escritório Rubens Meister elaborou um projeto que seguiu os parâmetros estabelecidos pelo patrimônio estadual e preservou a fachada e o antigo teatro do edifício, mas modernizou suas instalações internas.
“Este foi um dos grandes desafios do projeto: preservar a linguagem arquitetônica do exterior [em estilo eclético], mas desenhar um interior racional e com uma linguagem do século 21”, destaca Furman.
Nele, vãos livres de 10 metros, sustentados por lajes protendidas, e instalações de iluminação e ar-condicionado aparentes destacam a modernidade e se contrapõem à fachada histórica do prédio de nove andares: dois subsolos, dois de agência, três de setores administrativos e dois superiores, destinados à diretoria. “Estes dois andares superiores são recuados e aproveitam a inclinação das vigas [do telhado]. Assim, eles [não são avistados da XV de Novembro] e não alteram o visual do conjunto”, explica o arquiteto.
Após dois anos e meio de obras e um investimento de 15 milhões de dólares (cerca de R$ 50 milhões, em valores atualizados), o Palácio Avenida foi reaberto em 5 de março de 1991, mesmo ano em que foi realizada a primeira apresentação do coral de Natal, atualmente sob organização do Bradesco.
Passados mais de 90 anos de sua construção, o edifício mantém sua importância histórica e segue como ícone da paisagem urbana de Curitiba, como destaca Rosina. “Esta é uma obra feita não apenas para o cliente, mas interessante para a cidade. Vou ao Palácio Avenida e sinto uma emoção muito grande, pois o tenho como meu”, finaliza Furman.

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