segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Edifício do Rodoviário da RVPSC / Edifício Teixeira Soares, Década de 40, Curitiba, Paraná, Brasil


 

Edifício do Rodoviário da RVPSC / Edifício Teixeira Soares, Década de 40, Curitiba, Paraná, Brasil
Curitiba - PR
Fotografia - Cartão Postal


Na rua João Negrão, quase esquina com a avenida Sete de Setembro, no Centro de Curitiba, um edifício colado à "Ponte Preta" faz mais do que chamar a atenção pelo estilo com influência art déco. Ele ajuda a contar a história de uma época em que a cidade adquiriu uma nova configuração. O edifício Teixeira Soares, que foi construído em 1941 e abrigou a sede da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), hoje é um dos câmpus da Universidade Federal do Paraná (UFPR), inaugurado em junho deste ano.
“O edifício faz parte da paisagem ferroviária de Curitiba, que precisa ser preservada como um todo”, explica o arquiteto e professor da UFPR, Key Imaguire. Para entender essa história, é preciso voltar até 1885, quando a construção da estrada de ferro que liga Curitiba a Paranaguá foi realizada. A chegada dela à entrada da cidade gerou uma integração com o Centro, em especial pela rua Barão do Rio Branco, ligando as antigas sedes do poder público – como a Câmara e o Palácio do Governo da época – ao terminal de embarque de trens. Também fazem parte desse Setor Especial de Preservação da Paisagem Ferroviária de Curitiba, além da Estação Ferroviária, do edifício e da ponte, estruturas como a garagem de litorinas e o estádio Durival de Britto e Silva.
Essa influência permanece até hoje e a região do edifício Teixeira Soares conta essa história. 
O prestígio da região, com a praça Eufrásio Correia, a ligação à praça Tiradentes e ao Paço da Liberdade, permanece até as décadas de 1960 e 1970, marcada até mesmo pela presença do extinto Cine Vitória, por muito tempo o maior cinema de rua de Curitiba. O edifício centralizava os serviços de manutenção e administração da Rede Viação Paraná Santa Catarina e depois se tornou sede da Rede Ferroviária Federal (RFFSA).
Com seus tijolos aparentes e características originais preservadas na fachada, a edificação mantém a discrição arquitetônica e foi tombada pelo Patrimônio Histórico, com a Ponte e a Estação, em 1976.
Ocupar e preservar:
O espaço foi cedido pelo governo federal à UFPR em 2008 e, desde então, a revitalização e re-ocupação do local eram aguardadas tanto pela utilidade acadêmica quanto pela preservação da memória ferroviária. Em junho de 2018 foi inaugurado o Campus Rebouças, abrigando os estudantes do curso de Turismo e da pós-graduação em Educação.
De acordo com a autora do projeto de restauro e reforma do campus, a arquiteta e urbanista Neuza Noguchi Machuca, a revitalização do espaço e a sua ocupação pela universidade contribuem para a recuperação e melhoria da qualidade de vida do bairro Rebouças, “pois promove a valorização e desenvolvimento das características únicas do lugar e da sua gente e a recuperação social e cultural”.
A edificação passou por várias reformas e ampliações ao longo dos anos, mas as fachadas frontais da avenida Sete de Setembro e da rua João Negrão foram mantidas, de acordo com o projeto de reforma pela UFPR, assim como os destaques para a torre do relógio com as aberturas redondas, os detalhes da platibanda (faixa horizontal na parte superior de edifícios) e as aberturas das esquadrias. No hall de entrada principal, na Rua João Negrão, foram preservados os detalhes do piso, as molduras nas paredes e teto, os corrimãos e esquadrias de ferro. O espaço acadêmico também contará com anexo para salas de aula.
Nos eixos do transporte:
O edifício foi batizado em homenagem a João Teixeira Soares, o engenheiro ferroviário mineiro que foi diretor da Estrada de Ferro do Paraná e esteve à frente de marcos desse setor de transporte no Brasil. É o caso da primeira ferrovia eletrificada do Brasil, a Estrada de Ferro do Corcovado, no Rio de Janeiro, e a ferrovia São Paulo – Rio Grande, que liga o município de Itararé (SP) a Santa Maria (RS). Após a ideia e o traçado dos trilhos da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá terem sido concebidos pelos irmãos André e Antônio Rebouças, Teixeira Soares encabeçou a construção da estrada.

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