Vista Aérea do Estádio Vasco da Gama / Estádio São Januário, Vasco da Gama, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia
Blog destinado a divulgar fotografias, pinturas, propagandas, cartões postais, cartazes, filmes, mapas, história, cultura, textos, opiniões, memórias, monumentos, estátuas, objetos, livros, carros, quadrinhos, humor, etc.
quinta-feira, 31 de agosto de 2023
Vista Aérea do Estádio Vasco da Gama / Estádio São Januário, Vasco da Gama, Rio de Janeiro, Brasil
Grande Hotel, 1913, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Grande Hotel, 1913, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Porto Alegre - RS
Photographia Ferrari
Fotografia - Cartão Postal
Túmulo de Luís de Camões, Mosteiro dos Jerônimos, Lisboa, Portugal
Túmulo de Luís de Camões, Mosteiro dos Jerônimos, Lisboa, Portugal
Lisboa - Portugal
N. 710
Fotografia - Cartão Postal
Praça Marechal Floriano / Praça Marechal Floriano Peixoto, Ponta Grossa, Paraná, Brasil
Praça Marechal Floriano / Praça Marechal Floriano Peixoto, Ponta Grossa, Paraná, Brasil
Ponta Grossa - PR
N. 2
Fotografia - Cartão Postal
Fachada do Estádio Vasco da Gama / Estádio São Januário, Vasco da Gama, Rio de Janeiro, Brasil
Fachada do Estádio Vasco da Gama / Estádio São Januário, Vasco da Gama, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia
Fachada do Estádio Vasco da Gama / Estádio São Januário, 1970, Vasco da Gama, Rio de Janeiro, Brasil
Fachada do Estádio Vasco da Gama / Estádio São Januário, 1970, Vasco da Gama, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia
Propaganda "Construções de Cimento Armado Christiani & Nielsen", Rio de Janeiro, Brasil
Propaganda "Construções de Cimento Armado Christiani & Nielsen", Rio de Janeiro, Brasil
Propaganda
Nota do blog: O contrato entre o Vasco e a construtora Christiani & Nielsen foi firmado em 17 de abril de 1926, assinando-o pelo Vasco o então presidente Raul da Silva Campos, e Harald Broe, pela empresa construtora. A Christiani & Nielsen tem origem dinamarquesa e seus fundadores foram o engenheiro Rudolf Christiani e capitão de Marinha Aage Nielsen. Alguns anos antes (1923/1924), a empresa foi responsável pela construção da sede do Jockey Club (atual Jockey Club Brasileiro).
Ponto de Encontro Perigoso 1955 - Shack Out on 101
Ponto de Encontro Perigoso 1955 - Shack Out on 101
Estados Unidos - 80 minutos
Poster do filme - Lobby Card
Casarão da Família Leitão, Santaluz, Bahia, Brasil
Casarão da Família Leitão, Santaluz, Bahia, Brasil
Santaluz - BA
Fotografia
Nota do blog: A família Leitão chegou em Santaluz em 1887 e o imóvel foi construído em 1889. O solar de arquitetura colonial completa 134 anos em 2023, sendo considerado um dos cartões postais da cidade. O casarão também abrigou a família do ex-prefeito José Bahia Leitão, o "Leitãozinho", dono do imóvel até seu falecimento em abril de 2017, que governou Santaluz entre 1955 e 1958. Segundo informações obtidas na cidade, há planos para que o mesmo venha a ser restaurado.
Praça Cel. José Leitão, 1957, Santaluz, Bahia, Brasil
Praça Cel. José Leitão, 1957, Santaluz, Bahia, Brasil
Santaluz - BA
Fotografia
O município de Santaluz/BA foi fundado em 1880 onde hoje é a Estação, por José Lopes.
Outra versão diz que há referências à existência, já em 1850, de alguns moradores na fazenda Morro dos Lopes, também fundada pela família Lopes. Mas, oficialmente, é considerada a fundação de 1880, daí começando a cidade de Santaluz/BA.
O livro de "Estatísticas da Bahia" relata a compra de uma área de terra pelo Sr. Manoel Amâncio da Cunha, de Conceição do Coité, ao Sr. Antônio Lopes da Silva, da Fazenda Santa Luzia (onde originou-se Santaluz), compra realizada em 1868. Os fundadores eram de Portugal. A primeira compradora da fazenda foi Maria Joaquina do Amor Divino, uma viúva portuguesa. Em 1887 chegou o Cel. José Leitão, da cidade de Pesqueira/PE, que, também, era português. Depois, chegou a família Cardoso, de Monte Santa/BA, Viana de Gavião/BA, Góes de Nordestina/BA, Carvalho de Araci/BA, entre outras localidades.
Santaluz passou a distrito em 1919, o primeiro projeto para torná-la cidade foi em 1923. Essas iniciativas culminaram na emancipação de Santaluz no dia 18 de julho de 1935. O primeiro prefeito foi Ezequiel Cardoso da Costa, que tomou posse no dia 1º de Setembro de 1935, no Lira Popular Santa Luziense.
No decorrer de sua história aconteceram fatos interessantes, como o surgimento da primeira feira livre em 1890, onde as mercadorias eram trocadas. Nessa época teve o primeiro delegado, Elias da cidade de Queimadas. Em 1897, passou por Santaluz o escritor Euclides da Cunha, com destino a Canudos para escrever sua história. Assim que voltou, escreveu o livro “Os Sertões”, que retrata o nome de "Santa Luzia", atual Santaluz.
Passou em 1907 o Presidente da República Afonso Pena, com o destino a Juazeiro da Bahia. Um fato que marcou muito foi a passagem de Rui Barbosa aqui em 1919, onde discursou na Estação para uma multidão. Ele estava fazendo campanha para Presidente da República, quando na oportunidade perdeu a eleição para Epitácio Pessoa. Vinha lhe acompanhando o jornalista Simões Filho, fundador do jornal "A Tarde".
Neste mesmo ano de 1919, foi morto aqui o cangaceiro Pereira, por Dizidério Lopes. Este cangaceiro foi antes de Lampião. Sobre Lampião, quando este entrou em Queimadas, no dia 29 de Dezembro de 1929, matou sete soldados e deixou vivo o Sargento Evaristo, filho de Santaluz, a pedido de uma senhora chamada Santinha. Ele dirigiu para vir aqui em Santaluz, mas quando soube que sua padroeira era Santa Luzia, voltou do caminho, pois tinha feito uma promessa por ter seu olho direito cego, que toda cidade que tivesse como padroeira Santa Luzia, ele não atacaria. Esse foi o motivo que fez com que Lampião não entrasse em Santaluz. Mas, segundo os mais antigos, Lampião esteve aqui em 1916, antes de ser cangaceiro, seu pai era tropeiro e percorriam o Nordeste com entrega de carnes. Inclusive, esteve em Monte Santo, Cansanção, Capim Grosso. Em uma entrevista que Lampião deu em 1932 no Ceará, ele confirmou o fato. Ele descansou com seu pai, onde hoje é a Magnesita, a conhecida Mina, em baixo de um pé de Baraúna que até pouco tempo existia. Mas, como cangaceiro nunca esteve aqui, embora falem que esteve no Morro dos Lopes, tratando-se de lenda, sem nenhum respaldo de verdade.
Tivemos em Santaluz a presença de cantores famosos como Luiz Gonzaga, em 1968, cantou onde hoje é o Açougue Municipal, na época era um cinema. Neste mesmo local também cantaram Altemar Dutra, Severino Januário, irmão de Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Waldick Soriano, entre outros. Depois tivemos a presença de cantores, onde hoje é a CDL, Reginaldo Rossi se apresentou no Coronel Ludugero, e no Lira Cultural se apresentou Ângela Maria, Osvaldo Fahel, Agnaldo Raiol e outros.
No futebol também tivemos história, quando aqui jogou em 1965, 74 e 92 o Esporte Clube Bahia, com suas equipes titulares. Com jogadores, como Biriba, Henricão, Gilson Porto, Baiaco, Mário Braga entre outros. O Vitória jogou em 1966, 74 e 84 com jogadores como Mário Sergio, Osni, André Catimba etc. Jogaram outras equipes da capital como Ipiranga, Botafogo/BA, Leônico, Fluminense de Feira etc. No campo desse esporte houveram muitos craques em Santaluz, mas o destaque maior foi Mário Filipe Pedreira (Onça), que foi ídolo no Flamengo/RJ, jogou no Bahia, no Sergipe, Sport, entre outras equipes, chegando a marcar Pelé, Jairzinho, Roberto do Botafogo e outros craques. Depois foi treinador de futebol. Tivemos outro jogador de nome, Jorge Góes, que jogou no Bahia de 1932 a 1943, chegando até no Palmeiras/SP.
Nas artes tivemos Guido Guerra, escritor de renome nacional, que faleceu em 2006. Esteve em Santaluz, palestrando, em 1978, 1983 e 2005. Como artista plástico, temos José Thiago Filho, Mauritano, Rogério Baldoíno Helton Vieira e outros.
Eu, Nelci Lima da Cruz como cordelista, já escrevi 120 livros; escrevi sem ser em cordel a "História de Santaluz", "Causos de Santaluz", "Minhas Sinceras Poesias", "Exemplos para Humanidade", "Vida e Trajetória de Um Mito Chamado Luiz Gonzaga", entre outros. E como historiador retrato várias historias, com Lampião, Antônio Conselheiro, futebol, religião, Santaluz, etc.
Texto de Nelci Lima da Cruz adaptado e corrigido pelo blog.
Aspectos Históricos:
A Colonização:
A partir de 1534 com a divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias também começou a instituição da sesmarias nas terras brasileiras.
Na Bahia a posse das grandes sesmarias ficou com as famílias Dias de Ávila Pereira e Guedes de Brito.
Antônio Guedes de Brito foi proprietário das terras que iam do litoral aos sertões da Bahia.
O desbravamento primitivo da região de Queimadas, a qual pertencia Santaluz, processou-se antes de 1700, quando bandeiras rumaram em busca das minas de ouro de Jacobina. O território era habitado por tribos indígenas nômades que não deixaram o nome, mas delas ficaram vestígios, após sua destruição pelos bandeirantes que passavam rumo às minas de Jacobina.
Essa região originou-se de duas fazendas pertencentes a Dona Izabel Maria Guedes de Brito, da família do sesmeiro Antônio Guedes de Brito. Dona Izabel Guedes de Brito, viúva do Cel. Antônio da Silva Pimentel, franqueou terras a quem quisesse habitar lá, assim começando o povoamento do local.
Fundamentos do Município:
Há várias versões sobre o histórico do município de Santaluz. Versões estas que dão o seguinte relato:
As terras da fazenda Santa Luzia eram de propriedade de uma viúva portuguesa, que tinha como procurador o português Antônio Lopes da Silva, que comprou a fazenda da citada viúva, passando a lá residir com sua família. Depois de algum tempo veio a nascer Manoel Lopes da Silva.
Manoel Lopes da Silva casou-se com a senhora Mariquinha, de cujo matrimônio nasceram 12 (doze) filhos, sendo 10 (dez) mulheres e 02 (dois) homens, que se chamaram José Lopes da Silva e Joaquim Lopes da Silva. Este fato data de 1880.
A principal casa da fazenda de propriedade de José Lopes da Silva ficava nas imediações da "Viação Férrea Federal Leste Brasileiro", mais tarde desapropriada pelo governo para ser utilizada como área de reserva da referida ferrovia.
De acordo com o primeiro traçado, a ferrovia passaria no Morro dos Lopes, onde seria construída a estação, o que não foi realizado devido a oposição do proprietário da fazenda, Joaquim Lopes da Silva.
Decorridos quatro anos, em 1884, inaugurou-se a Estação Ferroviária de Santa Luzia (atual Santaluz).
Com a expectativa do desenvolvimento do município, logo surgiram diversas casas, afluindo considerável número de pessoas que residiam nas adjacências. Poucos anos depois, o ato estadual de 28 de julho de 1890, criou o distrito policial com sede no arraial de Santa Luzia, no município de Queimadas.
Mais tarde, pela Lei Municipal número 11, de 4 de abril de 1918, aprovada pela Lei Estadual número 1298, de 6 de maio de 1919, foi o arraial de Santa Luzia elevado à categoria de sede de distrito de paz, ocorrendo sua instalação em 20 de setembro de 1920.
Baseado em pesquisas efetuadas nos canais do arquivo público da Bahia, supõe-se que a viúva portuguesa seja pertencente à família Guedes de Brito (Casa da Ponte), proprietária da sesmaria a qual pertencia está região.
Domiciliaram-se nesta localidade os cidadãos portugueses José Martins Leitão e sua família, vindos de Pesqueira, estado de Pernambuco, em agosto de 1887, tendo como primeira residência uma casa construída por um oficial da província de Estância em 1883 aproximadamente, no local onde se acha hoje a construção da Prefeitura Municipal. Cel. Manoel Sabino dos Santos, Tenente Eduardo Cardoso de Santana Costa, Manoel Pereira, professor Benício Viana e outros naturais deste estado, os quais foram comprando partes da fazenda e começando as construções. Nesse tempo começou o desenvolvimento comercial, o comércio de peles, iniciado pelo Cel. José Leitão.
As primeiras casas construídas foram a da família Lopes, do Cel. Manoel Sabino e da família Leitão.
A capela local que tem o nome da padroeira Santa Luzia foi construída pelo Cel. José Leitão e Manoel Sabino. Recebeu esse nome porque a família Lopes era devota da santa.
O livro de "Estatísticas da Bahia" relata a compra de uma área de terra pelo Sr. Manoel Amâncio da Cunha, de Conceição do Coité, ao Sr. Antônio Lopes da Silva, da Fazenda Santa Luzia (onde originou-se Santaluz), compra realizada em 1868. Os fundadores eram de Portugal. A primeira compradora da fazenda foi Maria Joaquina do Amor Divino, uma viúva portuguesa. Em 1887 chegou o Cel. José Leitão, da cidade de Pesqueira/PE, que, também, era português. Depois, chegou a família Cardoso, de Monte Santa/BA, Viana de Gavião/BA, Góes de Nordestina/BA, Carvalho de Araci/BA, entre outras localidades.
Santaluz passou a distrito em 1919, o primeiro projeto para torná-la cidade foi em 1923. Essas iniciativas culminaram na emancipação de Santaluz no dia 18 de julho de 1935. O primeiro prefeito foi Ezequiel Cardoso da Costa, que tomou posse no dia 1º de Setembro de 1935, no Lira Popular Santa Luziense.
No decorrer de sua história aconteceram fatos interessantes, como o surgimento da primeira feira livre em 1890, onde as mercadorias eram trocadas. Nessa época teve o primeiro delegado, Elias da cidade de Queimadas. Em 1897, passou por Santaluz o escritor Euclides da Cunha, com destino a Canudos para escrever sua história. Assim que voltou, escreveu o livro “Os Sertões”, que retrata o nome de "Santa Luzia", atual Santaluz.
Passou em 1907 o Presidente da República Afonso Pena, com o destino a Juazeiro da Bahia. Um fato que marcou muito foi a passagem de Rui Barbosa aqui em 1919, onde discursou na Estação para uma multidão. Ele estava fazendo campanha para Presidente da República, quando na oportunidade perdeu a eleição para Epitácio Pessoa. Vinha lhe acompanhando o jornalista Simões Filho, fundador do jornal "A Tarde".
Neste mesmo ano de 1919, foi morto aqui o cangaceiro Pereira, por Dizidério Lopes. Este cangaceiro foi antes de Lampião. Sobre Lampião, quando este entrou em Queimadas, no dia 29 de Dezembro de 1929, matou sete soldados e deixou vivo o Sargento Evaristo, filho de Santaluz, a pedido de uma senhora chamada Santinha. Ele dirigiu para vir aqui em Santaluz, mas quando soube que sua padroeira era Santa Luzia, voltou do caminho, pois tinha feito uma promessa por ter seu olho direito cego, que toda cidade que tivesse como padroeira Santa Luzia, ele não atacaria. Esse foi o motivo que fez com que Lampião não entrasse em Santaluz. Mas, segundo os mais antigos, Lampião esteve aqui em 1916, antes de ser cangaceiro, seu pai era tropeiro e percorriam o Nordeste com entrega de carnes. Inclusive, esteve em Monte Santo, Cansanção, Capim Grosso. Em uma entrevista que Lampião deu em 1932 no Ceará, ele confirmou o fato. Ele descansou com seu pai, onde hoje é a Magnesita, a conhecida Mina, em baixo de um pé de Baraúna que até pouco tempo existia. Mas, como cangaceiro nunca esteve aqui, embora falem que esteve no Morro dos Lopes, tratando-se de lenda, sem nenhum respaldo de verdade.
Tivemos em Santaluz a presença de cantores famosos como Luiz Gonzaga, em 1968, cantou onde hoje é o Açougue Municipal, na época era um cinema. Neste mesmo local também cantaram Altemar Dutra, Severino Januário, irmão de Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Waldick Soriano, entre outros. Depois tivemos a presença de cantores, onde hoje é a CDL, Reginaldo Rossi se apresentou no Coronel Ludugero, e no Lira Cultural se apresentou Ângela Maria, Osvaldo Fahel, Agnaldo Raiol e outros.
No futebol também tivemos história, quando aqui jogou em 1965, 74 e 92 o Esporte Clube Bahia, com suas equipes titulares. Com jogadores, como Biriba, Henricão, Gilson Porto, Baiaco, Mário Braga entre outros. O Vitória jogou em 1966, 74 e 84 com jogadores como Mário Sergio, Osni, André Catimba etc. Jogaram outras equipes da capital como Ipiranga, Botafogo/BA, Leônico, Fluminense de Feira etc. No campo desse esporte houveram muitos craques em Santaluz, mas o destaque maior foi Mário Filipe Pedreira (Onça), que foi ídolo no Flamengo/RJ, jogou no Bahia, no Sergipe, Sport, entre outras equipes, chegando a marcar Pelé, Jairzinho, Roberto do Botafogo e outros craques. Depois foi treinador de futebol. Tivemos outro jogador de nome, Jorge Góes, que jogou no Bahia de 1932 a 1943, chegando até no Palmeiras/SP.
Nas artes tivemos Guido Guerra, escritor de renome nacional, que faleceu em 2006. Esteve em Santaluz, palestrando, em 1978, 1983 e 2005. Como artista plástico, temos José Thiago Filho, Mauritano, Rogério Baldoíno Helton Vieira e outros.
Eu, Nelci Lima da Cruz como cordelista, já escrevi 120 livros; escrevi sem ser em cordel a "História de Santaluz", "Causos de Santaluz", "Minhas Sinceras Poesias", "Exemplos para Humanidade", "Vida e Trajetória de Um Mito Chamado Luiz Gonzaga", entre outros. E como historiador retrato várias historias, com Lampião, Antônio Conselheiro, futebol, religião, Santaluz, etc.
Texto de Nelci Lima da Cruz adaptado e corrigido pelo blog.
Aspectos Históricos:
A Colonização:
A partir de 1534 com a divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias também começou a instituição da sesmarias nas terras brasileiras.
Na Bahia a posse das grandes sesmarias ficou com as famílias Dias de Ávila Pereira e Guedes de Brito.
Antônio Guedes de Brito foi proprietário das terras que iam do litoral aos sertões da Bahia.
O desbravamento primitivo da região de Queimadas, a qual pertencia Santaluz, processou-se antes de 1700, quando bandeiras rumaram em busca das minas de ouro de Jacobina. O território era habitado por tribos indígenas nômades que não deixaram o nome, mas delas ficaram vestígios, após sua destruição pelos bandeirantes que passavam rumo às minas de Jacobina.
Essa região originou-se de duas fazendas pertencentes a Dona Izabel Maria Guedes de Brito, da família do sesmeiro Antônio Guedes de Brito. Dona Izabel Guedes de Brito, viúva do Cel. Antônio da Silva Pimentel, franqueou terras a quem quisesse habitar lá, assim começando o povoamento do local.
Fundamentos do Município:
Há várias versões sobre o histórico do município de Santaluz. Versões estas que dão o seguinte relato:
As terras da fazenda Santa Luzia eram de propriedade de uma viúva portuguesa, que tinha como procurador o português Antônio Lopes da Silva, que comprou a fazenda da citada viúva, passando a lá residir com sua família. Depois de algum tempo veio a nascer Manoel Lopes da Silva.
Manoel Lopes da Silva casou-se com a senhora Mariquinha, de cujo matrimônio nasceram 12 (doze) filhos, sendo 10 (dez) mulheres e 02 (dois) homens, que se chamaram José Lopes da Silva e Joaquim Lopes da Silva. Este fato data de 1880.
A principal casa da fazenda de propriedade de José Lopes da Silva ficava nas imediações da "Viação Férrea Federal Leste Brasileiro", mais tarde desapropriada pelo governo para ser utilizada como área de reserva da referida ferrovia.
De acordo com o primeiro traçado, a ferrovia passaria no Morro dos Lopes, onde seria construída a estação, o que não foi realizado devido a oposição do proprietário da fazenda, Joaquim Lopes da Silva.
Decorridos quatro anos, em 1884, inaugurou-se a Estação Ferroviária de Santa Luzia (atual Santaluz).
Com a expectativa do desenvolvimento do município, logo surgiram diversas casas, afluindo considerável número de pessoas que residiam nas adjacências. Poucos anos depois, o ato estadual de 28 de julho de 1890, criou o distrito policial com sede no arraial de Santa Luzia, no município de Queimadas.
Mais tarde, pela Lei Municipal número 11, de 4 de abril de 1918, aprovada pela Lei Estadual número 1298, de 6 de maio de 1919, foi o arraial de Santa Luzia elevado à categoria de sede de distrito de paz, ocorrendo sua instalação em 20 de setembro de 1920.
Baseado em pesquisas efetuadas nos canais do arquivo público da Bahia, supõe-se que a viúva portuguesa seja pertencente à família Guedes de Brito (Casa da Ponte), proprietária da sesmaria a qual pertencia está região.
Domiciliaram-se nesta localidade os cidadãos portugueses José Martins Leitão e sua família, vindos de Pesqueira, estado de Pernambuco, em agosto de 1887, tendo como primeira residência uma casa construída por um oficial da província de Estância em 1883 aproximadamente, no local onde se acha hoje a construção da Prefeitura Municipal. Cel. Manoel Sabino dos Santos, Tenente Eduardo Cardoso de Santana Costa, Manoel Pereira, professor Benício Viana e outros naturais deste estado, os quais foram comprando partes da fazenda e começando as construções. Nesse tempo começou o desenvolvimento comercial, o comércio de peles, iniciado pelo Cel. José Leitão.
As primeiras casas construídas foram a da família Lopes, do Cel. Manoel Sabino e da família Leitão.
A capela local que tem o nome da padroeira Santa Luzia foi construída pelo Cel. José Leitão e Manoel Sabino. Recebeu esse nome porque a família Lopes era devota da santa.
quarta-feira, 30 de agosto de 2023
Fachada do Estádio Vasco da Gama / Estádio São Januário, 1927, Vasco da Gama, Rio de Janeiro, Brasil
Fachada do Estádio Vasco da Gama / Estádio São Januário, 1927, Vasco da Gama, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
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Fachada do Estádio Vasco da Gama / Estádio São Januário, Vasco da Gama, Rio de Janeiro, Brasil
Fachada do Estádio Vasco da Gama / Estádio São Januário, Vasco da Gama, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
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Além da sua rica história, São Januário também encanta por conta da beleza de sua arquitetura, que preservada até hoje, dá ao estádio um charme todo especial. A linda fachada da Colina Histórica, em estilo neocolonial, é tombada pela cidade do Rio de Janeiro.
O projeto de São Januário foi obra do arquiteto português Ricardo Severo da Fonseca e Costa (1869-1940) e executado pela firma dinamarquesa Cristiani & Nielsen. A belíssima fachada é produzida no estilo neocolonial, que valoriza as raízes luso-brasileiras. Ela ocupa cerca de 274 metros de frente para a Rua General Almério de Moura (antiga Rua Abílio). A fachada e algumas áreas internas são ornamentadas por desenhos em azulejos, obras de arte fabricadas pelo desenhista e pintor, também português, Jorge Colaço (1868-1942).
A fachada da Colina impressiona, dando um ar especial ao estádio. Ela tem o frontão curvilíneo, varandas coloniais, uma fileira de janelas com arcos, telhas canais e uma riqueza de detalhes. O lado de dentro também é encantador, como as sociais e sua imponente marquise, a histórica tribuna de honra, a entrada social.
É preciso esclarecer uma coisa sobre o tombamento da fachada de São Januário. Ela não está na lista de bens preservados e protegidos do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e também ao INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural), mas sim na da cidade do Rio de Janeiro. Sendo assim, o patrimônio cruz-maltino tem a proteção apenas da prefeitura.
Na época em que o Vasco estava planejando a construção de São Januário, o projeto atual não foi o único apresentado. Segundo Walmer Peres, historiador do Centro de Memória do Vasco, um deles era para um estádio com capacidade para 100 mil pessoas.
- Existiam outros projetos para a construção do estádio. Inclusive, foi pensado um estádio para mais de 100 mil torcedores. A fachada que hoje é neocolonial seria neoclássica. Só que não foram à frente, escolheram esse projeto atual e é o que está aí até hoje – conta o historiador.
Essa outra proposta para São Januário era mais complexa e imponente. Além da fachada em estilo neoclássica bem elaborada, ele teria o anel completo. Walmer disse que o projeto atual também contava com o estádio todo fechado, mas acabou não acontecendo. Ele acredita que um dos motivos para isso e o projeto dos 100 mil não ter sido escolhido foi o alto custo.
- É um esforço econômico muito grande. Na época da construção, faltou fôlego econômico porque o clube precisava formar equipes. O esforço econômico para isso, que nunca foi feito por nenhum outro clube do Rio de Janeiro, tem seu preço. Então, o Vasco não poderia jogar tudo que ele tinha na construção de um estádio somente e deixar de formar sua equipe. Chega um momento que para e com o passar dos anos, vamos dizer assim, esse formato atual de ferradura acabou permanecendo e caiu nas graças do Vasco e dos torcedores. Poderia ter sido fechado, mas acabou não indo, talvez por falta de um fôlego financeiro maior. Mas o esforço já era gigantesco – disse Walmer.
A "Resposta Histórica", 1924, Vasco da Gama, Rio de Janeiro, Brasil
A "Resposta Histórica", 1924, Vasco da Gama, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
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Texto 1:
A Resposta Histórica é uma carta enviada, em 1924, por José Augusto Prestes, então presidente do Club de Regatas Vasco da Gama, para a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA). Nela, Prestes explica que o clube não iria desfiliar seus doze atletas negros, operários e analfabetos. A desfiliação foi uma condição estabelecida pela associação para a filiação e subsequente participação do Vasco nos campeonatos organizados pela AMEA.
No ano anterior, o Vasco havia vencido, de forma inconteste, o Campeonato Carioca com um elenco racialmente diverso, com muitos jogadores negros e pardos, sendo quase todos de origens suburbanas. À época, o futebol era tido como um esporte das elites.
Hoje, a carta e a posição assumidas pelo Vasco são tidas como um marco na luta contra o racismo no Brasil e no futebol.
A história da introdução do futebol no Brasil e no Rio de Janeiro, no final do século XIX e no início do século XX, é marcada por uma divisão racial e socioeconômica. Haviam pioneiros que eram abastados e traziam o jogo de suas viagens pela Europa, como Oscar Cox; e outros eram marinheiros europeus. A própria ideia de que o esporte teria sido introduzido e ensinado por Charles Miller é tida hoje como contestável a partir dessa visão de disputa racial e econômica. É importante frisar que a introdução do esporte ocorreu poucos anos após a Abolição da escravatura no Brasil e que, naturalmente, haveriam reflexos disso em toda a sociedade.
Até os anos de 1920, o esporte era considerado de elite e ligado a um ideário de modernidade europeia.
O futebol carioca à época era dominado por times da Zona Sul da capital, notoriamente mais abastada, e era profundamente racista. Negros, pobres e analfabetos não eram bem-vindos no futebol profissionalizado, o que causava uma grande diferença técnica e de condição física em favor dos jogadores vindos das elites, que não precisavam se dedicar ao trabalho assalariado.
Apesar de outros clubes terem negros e pobres em seus planteis, o Vasco foi o primeiro a profissionalizar seus atletas com essas origens e o primeiro de um bairro pobre a ser campeão. A ascensão meteórica em 1922 e o título de 1923 vieram como um choque para os clubes da elite carioca, que até então não tinham tido sua hegemonia ameaçada. O escrete, que veio a ser conhecido como "Camisas Negras", era composto por operários, faxineiros, choferes e pintores, doze dos quais eram negros ou pardos.
A forma encontrada pelos clubes da elite para se defender foi criando a AMEA e exigindo do Vasco a exclusão de jogadores que "não se encaixavam na conduta esportiva requerida pelo campeonato", além de alegar a falta de um estádio, que seria construído quatro anos depois. Frente a isso, o então presidente do clube José Augusto Prestes enviou a carta endereçada à nova associação.
Texto da carta:
Rio de Janeiro, 7 de Abril de 1924.
Officio No 261
Exmo. Snr. Dr. Arnaldo Guinle, M. D. Presidente da Associação Metropolitana de Esportes Athleticos.
As resoluções divulgadas hoje pela Imprensa, tomadas em reunião de hontem pelos altos poderes da Associação a que V. Exa. tão dignamente preside, collocam o Club de Regatas Vasco da Gama numa tal situação de inferioridade, que absolutamente não pode ser justificada, nem pelas defficiencias do nosso campo, nem pela simplicidade da nossa séde, nem pela condição modesta de grande numero dos nossos associados.
Os previlegios concedidos aos cinco clubs fundadores da A.M.E.A., e a forma porque será exercido o direito de discussão a voto, e feitas as futuras classificações, obrigam-nos a lavrar o nosso protesto contra as citadas resoluções.
Quanto á condição de eliminarmos doze dos nossos jogadores das nossas equipes, resolveu por unanimidade a Directoria do C.R. Vasco da Gama não a dever acceitar, por não se conformar com o processo porque foi feita a investigação das posições sociaes desses nossos consocios, investigação levada a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa.
Estamos certos que V. Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um acto pouco digno da nossa parte, sacrificar ao desejo de fazer parte da A.M.E.A., alguns dos que luctaram para que tivessemos entre outras victorias, a do Campeonato de Foot-Ball da Cidade do Rio de Janeiro de 1923.
São esses doze jogadores, jovens, quasi todos brasileiros, no começo de sua carreira, e o acto publico que os pode macular, nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que elles com tanta galhardia cobriram de glorias.
Nestes termos, sentimos ter que comunicar a V. Exa. que desistimos de fazer parte da A.M.E.A.
Queira V. Exa. acceitar os protestos da maior consideração estima de quem tem a honra de subscrever
De V. Exa. Atto Vnr., Obrigado.
José Augusto Prestes
Presidente
Texto 2:
A 7 de abril de 1924, José Augusto Prestes, Presidente do Vasco da Gama, assinou uma missiva com um valor impar na história do futebol brasileiro. Nessa carta, o Vasco da Gama anunciava uma rutura com o status quo reinante no futebol carioca, afastando-se de todos os outros que defendiam a separação entre brancos e negros nos campos de futebol.
Para a direção do Vasco, para os seus sócios e atletas, era chegado o tempo de assumir que o clube não queria compactuar com os segregacionistas e o racismo vigente nas instituições desportivas do Rio de Janeiro. O Vasco da Gama abandonava a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos, recusando-se a excluir os seus atletas de cor, só para poder competir com os seus rivais.
A decisão deu brado na época, com polémica e acusações várias aos dirigentes do Vasco. As reações foram violentas, com os dirigentes de outros clubes a acusarem o «clube dos portugueses» de ajudar a destruir um desporto amado por todos, ameaçando o seu futuro, mas o tempo provou que os dirigentes do Vasco é que estavam certos, com a sua pioneira tomada de posição a ser um ponto de partida para a longa luta pela erradicação do racismo no futebol brasileiro.
A sociedade brasileira vivia momentos de transformação. A de 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca, apoiado pelas elites repúblicanas, proclamou a República, tendo de seguida demitido o Conselho de Ministros e destituido o Imperador. Nessa mesma noite, o marechal assinava a proclamação da República e instalava um governo provisório.
Três dias depois, D. Pedro II e a família imperial partiam rumo à Europa. Ao fim de 67 anos a monarquia chegava ao fim, depois de uma longa agonia, que nada conseguira inverter, nem a abolição da escravatura em 1888, a famosa «Lei Áurea», proclamada pela Princesa Dona Isabel, regente na ausência do pai.
Abolida a escravatura, o racismo não acabou e a sociedade brasileira continuou segregacionista e feroz na sua oposição à convivência entre brancos e negros.
Os grandes proprietários começaram a importar mão-de-obra emigrante para colmatar a falta dos escravos, e centenas de milhares de europeus começaram a aportar nos portos brasileiros, como ou o Rio.
Italianos, espanhóis, suíços, alemães, todos procuravam a fortuna em terras brasileiras, mas também os portugueses, antigos senhores coloniais, partiam para o novo eldorado.
Foram alguns desses portugueses que ajudaram a fundar o Vasco, que pelas cores e emblema, queria homenagear a pátria distante e a gesta gloriosa dos heróis lusitanos, quiçá o mais importante de todos fosse Vasco da Gama, o Almirante que descobrira para El Rei D. Manuel I, o caminho marítimo para a Índia.
Fundado em 1898, com o nome de Clube de Regatas Vasco da Gama, tornou-se no clube representativo da comunidade portuguesa do Rio de Janeiro, mas desde cedo foi abrindo as suas portas a todos além dos lusos, fossem eles cariocas, ou provenientes de outras partes do Brasil, com incidência para os nordestinos. Brancos, negros e mulatos começaram a conviver no clube, que queria unir irmãos de diferentes raças, para desdém dos adversários que consideravam essa situação vergonhosa e um atentado aos bons costumes e civilização.
A abertura do clube a pessoas de outras raças era de tal forma, que o Vasco rompeu os caducos hábitos da época, não só abrindo «as portas» aos negros, como elegendo um mulato para presidente, Cândido José de Araújo, eleito em 1904, e reeleito um ano depois, uma verdadeira pedrada no charco, num ato pioneiro na sociedade brasileira.
Em 1923, o Vasco participa na liga com os seus rivais, usando diversos jogadores negros e mulatos na equipa, para profundo incomodo de adversários e organizadores da competição.
Insatisfeitos, os adversários tentam alegar que o Vasco usa jogadores profissionais, o que ia claramente contra as regras estabelecidas, que apenas permitiam a participação de jogadores amadores. Mas no fundo, todos percebem que o que realmente incomoda os restantes clubes é a presença de jogadores não brancos no campeonato.
Um ano depois, Botafogo, Flamengo, Fluminense e outros clubes resolvem abandonar a Liga Metropolitana e fundar a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA), deixando deliberadamende de fora o Vasco da Gama.
Quando os vascaínos tentaram aderir à nova associação, receberam uma dura condição para poderem se filiar na AMEA. O Vasco recebeu uma lista de doze atletas - todos negros - que deviam ser excluídos do clube, com acusação de que teriam uma «profissão duvidosa».
Confrontado com o triste ultimato, o Presidente José Augusto Prestes, enviou uma carta à AMEA, que ainda hoje é recordada como a "resposta histórica", recusando liminarmente as condições impostas e desistindo de filiar-se a AMEA.
Deste modo, o Vasco manteve-se na LMDT, que vencera em 1923 - defrontando todos os cinco grandes carioca. Em 1924 defrontando equipas de menos gabarito, venceu todos os jogos, mas em 1925, acabou por ser admitido na AMEA, podendo enfrentar os adversários podendo utilizar todos os seus jogadres, fossem eles brancos, negros ou mulatos.
Uma reprodução do documento, pode ser encontrada nos nossos dias, na Sala de Troféus, localizada na Sede em São Januário, encimada por um frase que faz pensar a todos os amantes do futebol, sejam eles brasileiros ou não:
"Sem o Vasco, o futebol brasileiro não teria conhecido Pelé."
Para os vascaínos, e com razão, o documento é um dos grandes orgulhos da história centenária do clube de São Januário. No momento da sua redação, poucos fariam ideia do impacto que a carta teria no futebol brasileiro. E a lista de craques que vestiram a canarinha durante estes anos todos, é a prova cabal da importância fulcral para o futuro do jogo no Brasil, que teve a decisão tomada, nesse 7 de abril de 1924.
Texto 3:
Depois de atropelar os adversários no ano anterior, em 1924 o Vasco já era o inimigo número 1 das demais torcidas cariocas. Um rival a ser batido, de qualquer maneira. E já que era difícil batê-lo em campo, os dirigentes dos clubes rivais resolveram investigar as atividades profissionais e sociais dos camisas negras, uma vez que o futebol ainda era amador e os jogadores não podiam receber salário por praticarem o esporte. Um verdadeiro golpe para tirar o Vasco das disputas.
Na verdade, o que não agradava os adversários era a origem daqueles jogadores: um time formado por negros, mulatos e operários, arrebanhados nas áreas pobres da cidade do Rio de Janeiro.
Depois de esgotadas todas as possibilidades de retirar o Vasco da disputa, por intermédio do regulamento da Liga Metropolitana, os adversários apelaram para a criação de uma nova entidade, a Associação Metropolitana de Esportes Athléticos (AMEA) e recusaram a inscrição dos vascaínos. Segundo os dirigentes adversários, o time cruzmaltino era formado por atletas de profissão duvidosa e o clube não contava com um estádio em boas condições.
Nesse contexto, a AMEA solicitou ao Vasco que excluísse doze de seus jogadores da competição que, não por coincidência, eram todos negros e operários. O Club de Regatas Vasco da Gama recusou a proposta prontamente. E através de uma carta histórica de José Augusto Prestes, então presidente cruzmaltino, o Gigante da Colina mostrou sua total indignação à discriminação racial: “Estamos certos de que Vossa Excelência será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno de nossa parte sacrificar, ao desejo de filiar-se à Amea, alguns dos que lutaram para que tivéssemos, entre outras vitórias, a do Campeonato de Futebol da Cidade do Rio de Janeiro de 1923 (…) Nestes termos, sentimos ter de comunicar a Vossa Excelência que desistimos de fazer parte da AMEA”. Vítima do racismo de seus adversários, restou ao Vasco disputar, com outros times de menor expressão, o campeonato da abandonada Liga Metropolitana de Desportos Terrestres.
Nesse dia histórico, o futebol brasileiro começou a ser do povo. Começou a forjar a tolerância, traço fundamental da cultura brasileira, que possibilitou a diversidade e a riqueza racial e cultural que vivenciamos hoje. No ano de 1923 começou a ser possível conhecermos Pelé, Garrincha, Didi, Barbosa, Romário e tantos e tantos outros talentos inigualáveis do nosso esporte. E o Vasco deu o seu mais importante passo para ser o gigante no qual ele se tornou.
O ingresso do Vasco na AMEA foi aprovado em tempo para o campeonato de 1925, com os mesmos direitos que os clubes fundadores. Os “camisas negras” obtiveram a terceira colocação na volta ao convívio com os principais clubes do Rio de Janeiro, em 1925, e conquistaram o vice-campeonato no ano seguinte.
Origens do Clube de Regatas Vasco da Gama, Rio de Janeiro, Brasil
Origens do Clube de Regatas Vasco da Gama, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia
No dia 21/08/1898, sessenta e dois jovens, em sua maioria portugueses, reuniram-se na Sociedade Dramática Filhos de Talma, no bairro da Saúde, decididos a criar uma associação dedicada à prática do remo. Seu nome foi inspirado nas celebrações do quarto centenário da descoberta do caminho marítimo para as Índias. Começava assim a trajetória do Clube de Regatas Vasco da Gama.
Em 1913, um combinado de clubes de futebol de Lisboa excursionou no Rio, a convite do Botafogo F.C, despertando o interesse da colônia portuguesa, até então alheia ao futebol. Com isso, outros clubes foram fundados, como o Luzitânia F.C., o Centro Português de Desportos, o Luso S.C. e, mais tarde, de uma cisão no Luzitânia, o Luzitano S.C, ao qual o Vasco se fundiu em 1915.
No ano seguinte, a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos, fundada pelos cinco times mais influentes da época – Fluminense, Flamengo, Botafogo, América e Bangu – exigiu que o Vasco se desfizesse de 12 de seus jogadores que, não por coincidência, eram todos negros e operários. O grupo alegava que os atletas tinham "profissão duvidosa". O Clube de Regatas Vasco da Gama recusou a proposta e, através de uma carta de José Augusto Prestes, então presidente cruzmaltino, mostrou sua indignação à discriminação racial.
Em 21 de abril de 1927, o Vasco inaugurou o seu estádio, uma resposta que os grandes clubes da época receberam, ao tentarem barrar a ascensão do time de negros e brancos pobres que, com o campeonato de 1923, havia conquistado o direito de figurar na elite do futebol carioca. A alegação de que o Vasco não tinha campo para receber seus adversários se desfez, quando o presidente Washington Luís e sua comitiva viram-se diante do então maior estádio da América do Sul, construído após memorável campanha para arrecadar contribuições. Construído em menos de 12 meses, o estádio recebeu o nome oficial de Vasco da Gama, logo substituído por São Januário, devido à sua proximidade com a rua de mesmo nome.
Nota do blog: Na imagem, jogadores do Vasco comemoram gol contra o Flamengo no 2º turno do Campeonato Nacional de 1972.
Flâmula "Vasco da Gama, Super-Super Campeão de Terra e Mar", 1958, Rio de Janeiro, Brasil
Flâmula "Vasco da Gama, Super-Super Campeão de Terra e Mar", 1958, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia
Nota do blog 1: O Vasco foi mais do que o campeão carioca de 1958. O time de São Januário foi o "Super-Super Campeão", depois de dois triangulares que contaram com a participação de Flamengo e Botafogo.
Os três clubes terminaram o campeonato carioca de 1958 empatados em número de pontos O critério de desempate foi a realização de um triangular. Houve nova igualdade de pontos. Foi então realizado um segundo triangular, em que o Vasco estreou derrotando o Botafogo; este empatou com o Flamengo, o que transformou em final Vasco x Flamengo - e o Vasco jogou pelo empate.
Foi o que aconteceu na noite de sábado, dia 17 de janeiro de 1959, com o Maracanã tomado por 140 mil torcedores. Roberto Pinto abriu o placar para o Vasco, já no segundo tempo, e Babá empatou para Flamengo. O time vascaíno, então dirigido pelo técnico Gradim, soube suportar a pressão dos rubro-negros e saiu campeão com o empate em 1 a 1.
Os dois clubes jogaram com a seguinte formação.
Vasco: Miguel, Paulino e Bellini; Écio, Orlando e Coronel; Sabará, Alimir, Roberto Pinto, Valdemar e Pinga.
Flamengo: Fernando, Joubert e Pavão; Jadir, Dequinha e Jordan; Luís Carlos, Moacir, Henrique, Dida e Babá.
Nota do blog 2: O título simbólico de "Campeão de Terra e Mar" é dado ao clube que conquista o Campeonato Carioca de Futebol e o Campeonato Carioca de Remo no mesmo ano.
Nota do blog 3: Reparem na Taça Jules Rimet na flâmula, tem o objetivo de lembrar que o Vasco da Gama tinha jogadores servindo a Seleção Brasileira na campanha vitoriosa da Copa do Mundo de 1958 (Bellini, Orlando e Vavá).
Réplica de Poste Republicano, Avenida Giuseppe Cilento, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Réplica de Poste Republicano, Avenida Giuseppe Cilento, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia
Nota do blog: Imagem de 2023.
Placa "Pare", Avenida João Fiúsa, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia
Nota do blog 1: Após ser retirada de sua função original (por acidente ou falta de manutenção), a placa arrumou um "bico", passando a desempenhar suas funções no canteiro central da referida avenida.
Nota do blog 2: Imagem de 2023.
Caixa Econômica e Alfândega, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Caixa Econômica e Alfândega, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Porto Alegre - RS
Livraria Ideal
Fotografia - Cartão Postal
Nota do blog: Circulado em 19/04/1930.
Estereoscopia Avenida Central, Rio de Janeiro, Brasil
Estereoscopia Avenida Central, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Cigarros Veado Série II N. 20
Fotografia - Estereoscopia
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