A Parábola do Mordomo Infiel (Die Parabel vom Untreuen Verwalter) - Marinus van Reymerswaele
Museu Kunsthistorisches Viena Áustria
Óleo sobre madeira - 77x96 - 1540
A Parábola
do Mordomo Infiel (também chamada de Parábola do Mordomo Injusto ou Parábola
do Administrador Infiel) é uma parábola de Jesus que
aparece em apenas um dos evangelhos canônicos. De
acordo com Lucas 16:1-13,
um mordomo que está prestes a ser demitido negocia favores
com devedores do seu senhor, perdoando algumas de suas dívidas.
«Disse Jesus também
aos discípulos: Havia um homem rico, que tinha um administrador; e este lhe foi
denunciado como esbanjador dos seus bens. Chamou-o e perguntou-lhe: Que é
isto que ouço dizer de ti? Dá conta da tua administração; pois já não podes
mais ser meu administrador. Disse o administrador consigo: Que hei de
fazer, já que o meu amo me tira a administração? Não tenho forças para cavar,
de mendigar tenho vergonha. Eu sei o que hei de fazer para que, quando for
despedido do meu emprego, me recebam em suas casas. Tendo chamado cada um
dos devedores do seu amo, perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu amo? Respondeu
ele: Cem cados de azeite. Disse-lhe, então: Toma a tua conta,
senta-te depressa e escreve cinquenta. Depois perguntou a outro: E tu
quanto deves? Respondeu ele: Cem coros de trigo. Disse-lhe: Toma
a tua conta e escreve oitenta. O amo louvou ao administrador iníquo por
haver procedido sabiamente; porque os filhos deste mundo são mais sábios para
com a sua geração do que os filhos da luz. Eu vos digo: Granjeai amigos com as
riquezas da iniquidade, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles
nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no
pouco, também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco, também é injusto no
muito. Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas injustas, quem vos confiará as
verdadeiras? Se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é nosso? Nenhum
servo pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer a um e amar ao
outro, ou há de unir-se a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus e
as riquezas.» (Lucas 16:1-13)
A Parábola do
Mordomo Infiel, ou Administrador Infiel, fala sobre a necessidade da prudência
que deve caracterizar os seguidores de Cristo. O significado dessa parábola de Jesus expressa uma advertência sobre a forma
diligente com que a vida cristã deve ser vivida. A Parábola do Mordomo Infiel
está registrada no Evangelho de Lucas 16:1-9.
Jesus contou a
Parábola do Mordomo infiel aos seus discípulos. Esses discípulos provavelmente
não resumiam ao grupo dos doze apóstolos, mas ao grupo maior de
pessoas que o seguiam. Apesar de ter sido pronunciada aos discípulos, os fariseus também a ouviram. Jesus pronunciou essa parábola
logo após ter contado a Parábola do Filho Pródigo.
Na Parábola do
Mordomo Infiel Jesus falou sobre um homem rico que empregava um administrador.
Esse administrador, ou mordomo, foi acusado diante dele de esbanjar seus bens,
praticando uma péssima gestão. Então o homem rico chamou o mordomo para que ele
lhe prestasse contas de sua administração. O patrão lhe avisou que ele não
poderia mais continuar na administração de seus bens (Lucas 16:1,2).
Diante daquele
impasse, o mordomo argumentou consigo mesmo: “O que vou fazer, já que meu
senhor tirou de mim a posição de administrador? Cavar não posso; de mendigar
tenho vergonha” (Lucas 16:3). Então ele teve uma ideia do que fazer para
não ficar desamparado quando estivesse desempregado.
Antes de
entregar suas contas, o mordomo chamou cada um dos devedores de seu patrão.
Então ele perguntou a cada um deles o valor de sua divida para com o seu
senhor. Conforme cada devedor ia falando o valor de sua divida, o mordomo
infiel lhe oferecia um grande desconto.
Por exemplo:
um homem que devia ao homem rico cem medidas de trigo, recebeu do mordomo
infiel vinte por cento de desconto. Assim sua divida foi atualizada para
oitenta medidas (Lucas 16:4-7). Ao fazer isso o mordomo infiel estava
construindo bons relacionamentos que lhe ajudariam no porvir.
Muito
provavelmente os devedores não perceberam que estavam participando de uma
fraude, mas pensavam que o desconto era legitimo e tinha a aprovação do credor.
Conforme a narrativa de Jesus, tudo indica que os devedores não sabiam que o
administrador estava sendo infiel.
Depois dessa
trama, o mordomo infiel entregou as contas “em ordem” ao seu patrão. Ao
perceber o que o mordomo infiel havia feito, ele reconheceu sua astúcia. Ele
elogiou o mordomo infiel por ter agido com sagacidade e ter sido esperto ao
garantir suas provisões futuras para o tempo em que estivesse desempregado
(Lucas 16:8). O homem rico sabia que não poderia mais reverter os descontos
concedidos por seu administrador em seu nome.
O significado
da Parábola do Mordomo Infiel tem sido muito discutido. As pessoas encontram
alguma dificuldade em interpretá-la. Essa dificuldade, porém, geralmente ocorre
ao tentar atribuir significados desnecessários a detalhes sem importância.
Na verdade o
significado desta parábola pode ser percebido em sua conclusão. Jesus Cristo diz: “Porque as pessoas deste mundo, ao
tratarem com seus iguais, são mais astutas do que as pessoas que têm luz. Façam
amigos para si por meio do mamom da injustiça; para que, quando
eles se forem, recebam vocês nas habitações eternas” (Lucas 16:9).
Algumas
pessoas pensam que Jesus elogia a desonestidade do mordomo infiel nessa
parábola. Mas isto não é verdade. Na parábola Jesus não aprova ou elogia o
comportamento fraudulento. Muito menos Ele incentiva seus seguidores a agir de
forma desonesta. Isto fica claro na sequência de seu discurso. Jesus repreende
o comportamento que gera desconfiança e exorta acerca do mau uso das riquezas
(Lucas 16:10-13).
A mensagem da
parábola enfoca a astúcia do mordomo infiel em fazer provisão para seu futuro.
Assim, seu significado indica que muitas vezes as pessoas iníquas se mostram
mais precavidas do que os crentes. É exatamente sobre isto que Jesus adverte em
suas palavras que concluem a parábola.
Se até mesmo
os filhos das trevas conseguem ser previdentes, mesmo usando de forma desonesta
e egoísta as oportunidades e recursos materiais que lhes são apresentados para
atingir propósitos terrenos, os cristãos não devem fazer menos que isso. Em
outras palavras, muitas vezes os ímpios tratam com mais sagacidade e diligência
seus assuntos terrenos, do que os cristãos tratam suas questões que envolvem
sua salvação eterna.
O cristão não
pode agir de maneira egoísta e soberba. Ele não pode cair na armadilha da
avareza. Ao invés disso, o cristão deve construir bons relacionamentos que
terão implicações eternas “por meio do mamom da injustiça”. Isso significa
que a piedade e a generosidade devem caracterizar a vida cristã, de modo que o
principal objetivo do crente é conduzir as pessoas a Cristo através do anuncio
do Evangelho.
Como
administradores fiéis, os cristãos devem usar todos os recursos que lhes foram
confiados por Deus não com propósitos egoístas, mas em prol da causa do reino
de Deus e das verdadeiras riquezas espirituais. Aqueles que forem alcançados
pela pregação do Evangelho impulsionada
pela boa mordomia cristã, poderão se tornar amigos que darão as boas-vindas aos
cristãos generosos no lar celestial.
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