segunda-feira, 7 de outubro de 2019

A Tragédia do Chamado "Estado Livre do Congo", 1885-1908, Artigo

A Tragédia do Chamado "Estado Livre do Congo", 1885-1908, Artigo
Artigo

O Estado Livre do Congo (em francês: État Indépendant du Congo) foi um reino privado, propriedade pessoal de Leopoldo II da Bélgica entre 1877 e 1908. Ocupava a maior parte da área da bacia do rio Congo, incluindo o território da atual República Democrática do Congo. Sua economia se baseava na intensa exploração do trabalho africano, nas condições mais degradantes, para extração de borracha e marfim.
Em 1908, depois da brutalidade deste tipo de colonização ter por fim sido exposta na imprensa ocidental, esta propriedade privada passou a ser uma colónia da Bélgica - o Congo Belga.
As estimativas do total de mortos no Congo pelos homens de Leopoldo II varia de 1 milhão a 15 milhões, devido a fome, doenças, privações e assassinatos em massa. Milhares de outras pessoas foram mutiladas.
A bacia do rio Congo foi a última parte do continente africano a ser explorada pelos europeus, por se encontrar no interior do continente. Um por um, os outros grandes mistérios da África haviam sido investigados: o litoral, pelos marinheiros portugueses do infante D. Henrique, no século XV; o Nilo Azul, por James Bruce, em 1773; o alto Niger, por Mungo Park, em 1796; a vastidão do deserto do Saara, pelos competidores Alexander G. LaingRené Callié e Hugh Clapperton, na década de 1820; os manguezais do baixo Nilo, pelos Irmãos Lander, em 1830; o sul da África e o Zambezi, por David Livingstone, na década de 1850, e o alto Nilo, por BurtonJohn H. Speke e Samuel Baker, em uma sucessão de expedições, entre 1857 e 1868. Contudo, o Congo permaneceu um mistério, mesmo tendo sido uma das primeiras regiões a se tentar explorar.
Desde o século XV, os exploradores europeus navegaram pelo largo estuário do Congo, planejando abrir caminho até às cataratas e corredeiras que tinham origem a apenas 160 km da costa e viajam rio acima até sua fonte desconhecida. As corredeiras e cataratas na verdade se estendiam por 352 km pelo interior, e o terreno perto do rio era praticamente intransponível, o que persiste ainda hoje. Repetidas tentativas de se viajar através dessa região foram frustradas por graves eventualidades. Acidentes, conflitos com nativos, e acima de tudo as doenças fizeram com que grandes e bem equipadas expedições não conseguissem percorrer mais que 60 km através do legendário Caldeirão do Inferno.
Somente a partir da década de 1870 é que o Congo foi explorado pelos europeus e, mesmo assim, não pelo mar, mas pelo outro lado do continente africano. Partindo de Zanzibar, o jornalista galês (naturalizado estadunidenseHenry Morton Stanley tinha como objetivo encontrar o famoso Dr. Livingstone, de quem não se tinha notícias havia já alguns anos. Na verdade, Livingstone estava explorando a parte superior de um grande rio do interior, o Lualaba, que se supunha relacionado com o Nilo, mas que se revelou como sendo o alto rio Congo.
Após deixar Livingstone, Stanley navegou por 1600 km, Lualaba abaixo, até ao grande lago que ele chamou de Stanley Pool (lago Stanley; atualmente, lago Malebo). Então, em vez de perecer no impenetrável país das cataratas, Stanley optou por um longo desvio através da região, para se aproximar da feitoria portuguesa em Boma, no estuário do Congo.
Quando Stanley voltou à Europa em 1878, ele não tinha apenas encontrado Livingstone, mas resolvido o último grande mistério da exploração africana, e tinha aberto o coração da África tropical para o mundo, o seu maior legado. Mas tinha também arruinado a sua saúde.
Stanley foi consagrado em toda a Europa. Escreveu artigos, apareceu em reuniões públicas, pressionou os ricos e poderosos, insistindo sobre seu tema favorito - a oportunidade para exploração comercial das terras que ele mesmo descobrira ou, em suas palavras, "despejar a civilização europeia no barbarismo africano."
"Há 40.000.000 de pessoas nuas" do outro lado das cataratas, escreveu Stanley, "e os industriais têxteis de Manchester estão à espera de vesti-los (...) As fábricas de Birmingham estão a fulgurar com o metal vermelho que será transformado em objectos metálicos de todos os tipos e aspectos que irão decorá-los (...) e os ministros de Cristo estão zelosos de trazer as suas pobres almas para a fé cristã."
A Europa não parecia animada com esta ideia: a grande jogada sobre o continente africano e as suas riquezas ainda não tinha começado. Fora do cabo da Boa Esperança e da costa do mar Mediterrâneo, nenhum Estado europeu tinha colónias africanas que pudessem ser consideradas significativas, e o interesse das grandes potências estava fortemente concentrado nas terras onde haviam feito a sua fortuna: as Américas, as Índias Ocidentais, a China e Australásia. Parecia por isso ser desprovido de sentido económico qualquer investimento de energias em África quando o retorno proveniente das outras colónias se mostrava maior e mais rápido. Também não existia qualquer interesse humanitário forte no continente, agora que o comércio de escravos para a América tinha sido extinto. Stanley foi aplaudido, admirado, condecorado e ignorado.
Foi nesta altura que o rei Leopoldo II da Bélgica entrou em cena. Nas palavras de Peter Forthard, Leopoldo era um homem alto e imponente, gozando de uma reputação de sensualidade hedonística, inteligência acutilante (o seu pai, uma vez descreveu-o como subtil e matreiro como uma raposa), com uma ambição desmedida e dureza pessoal. No entanto, era um monarca menor na "realpolitik" daquele tempo, reinando numa nação totalmente insignificante, uma nação que, de facto, ganhara existência apenas quatro décadas antes e que vivia sob a ameaça constante de perder a sua precária independência para as grandes potências vizinhas. Leopoldo foi uma figura da qual haveria toda a razão para se esperar que se dedicasse à manutenção da neutralidade estrita do seu país, evitando litígios com os seus poderosos vizinhos, dedicando-se aos prazeres da carne. No entanto, de uma maneira tão espantosa como inimaginável, conseguiu, virtualmente sozinho, alterar o equilíbrio de poder em África e apressar a terrível era de colonialismo europeu no continente negro.
Como monarca constitucional, Leopoldo foi encarregue das funções simbólicas normais, tais como abertura do parlamento, recepção de diplomatas, comparência a funerais de estado, etc.. Ele não dispunha de poder formal para orientar a política nacional. Mas, durante mais de 20 anos, vinha estimulando a Bélgica a assumir um lugar entre as grandes potências coloniais da Europa. "As nossas fronteiras nunca poderão ser alargadas dentro da Europa", dizia. Contudo, "desde os tempos históricos que as colônias são úteis. Elas podem desempenhar um grande papel naquilo que faz o poder e a prosperidade dos estados. Vamos pois lutar para obtermos uma [colônia] nossa".
Por várias vezes, lançou diversos esquemas sem sucesso, tais como comprar uma província Argentina, comprar o Bornéu aos holandeses, arrendar as Filipinas à Espanha ou estabelecer colónias na ChinaVietnameJapão ou nas Ilhas do Pacífico. Quando os exploradores da década de 1860 voltaram a sua atenção para a África, Leopoldo tentou criar esquemas para colonizar Moçambique, o Senegal e o Congo. Nenhum destes planos chegou a bom termo: o governo da Bélgica resistiu a todas as sugestões de Leopoldo, vendo a aquisição de uma colónia como uma boa maneira de gastar dinheiro com pouco ou nenhum retorno.
A solução encontrada pelo monarca foi extraordinária em sua simplicidade megalomaníaca. Se o governo da Bélgica não adquirisse uma colônia, ele próprio o faria, agindo na sua capacidade de cidadão comum.
Em 1876 Leopoldo II patrocinou uma conferência geográfica internacional em Bruxelas, convidando delegados das sociedades científicas de toda a Europa para discutir assuntos filantrópicos e científicos como a melhor forma de coordenar a fabricação de mapas, para prevenir o reaparecimento do comércio de escravos da costa ocidental e para procurar formas de enviar ajuda médica à África. A conferência foi uma encenação: em seu encerramento, Leopoldo propôs o estabelecimento de um comitê beneficente internacional para continuar o trabalho da conferência, aceitando modestamente o cargo de presidente. Surgia assim a Associação Internacional para a Exploração e Civilização da África ou Associação Internacional Africana. Outro encontro foi realizado no ano seguinte, mas a partir de então a Associação Internacional Africana tornou-se meramente uma frente da ambição de Leopoldo. Ele ainda criou uma série de comitês, culminando na Association Internationale du Congo, a qual, financiada e controlada por ele mesmo, Leopoldo, seria a precursora do Estado Livre do Congo.
Logo depois que Stanley retornou do Congo, Leopoldo tentou recrutá-lo. Stanley, ainda na esperança do apoio do Inglaterra recusou a oferta. Entretanto, diante da insistência do monarca, acabou aceitando. Leopoldo, aparentemente, era o único europeu disposto a financiar o sonho de Stanley: a construção de uma ferrovia sobre os montes de Cristal, do mar até a Stanley Poll, de onde poder-se-ia alcançar mil milhas no coração da África. Stanley - muito mais familiarizado com o rigor do clima africano e com a complexidade da política local do que Leopoldo - persuadiu seu patrão de que o primeiro passo deveria ser a construção de uma linha férrea e uma série de fortes. Leopoldo concordou, e, em sigilo, Stanley assinou um contrato de trabalho de cinco anos, com salário de £1000 por ano, e migrou para o Zanzibar sob nome falso. Para evitar desconfianças, trabalhadores e materiais foram obtidos através de diferentes rotas, e as comunicações entre Stanley e Leopoldo foram confiadas ao Coronel Maximilian Strauch. Foi então que Stanley foi informado da magnitude da ambição de Leopoldo: Stanley não iria simplesmente construir uma série de estações ferroviárias, mas iria construir uma nova nação. As instruções eram precisas: "A ideia era criar um novo Estado, tão grande quanto possível, e depois administrá-lo. No projeto era claramente inteligível que não havia possibilidade de garantir o menor poder político aos negros. Aquilo seria absurdo".
Sem encontrar nada de repreensível nas ambições de Leopoldo, Stanley seguiu com sua tarefa. Com todas as suas conexões na sociedade europeia, ele era, sem dúvida, o homem certo para tal tarefa. Em menos de três anos, sua capacidade de trabalhar duro, suas habilidades de jogar grupos sociais uns contra os outros, o constante uso de modernas armas para matar seus oponentes e toda a sua determinação abriram caminho para a criação do Congo.
Anos mais tarde, Stanley escreveria que a parte mais cansativa de seu trabalho não era trabalhar sozinho, nem negociar com os nativos, mas sim manter a ordem entre os diversos homens brancos que ele trouxera consigo e que reclamavam constantemente por motivos fúteis. "Praticamente todos eles", escreveu Stanley, "clamavam por gêneros de todos os tipos, o que incluía vinhos, tabaco, cigarros, roupas, sapatos, dentre um sem número de extravagâncias" (mencionou ainda folhas para aquecer suas camas).
Cansado, Stanley retornou a Europa, apenas para ser reenviado por Leopoldo, que lhe prometeu um surpreendente assistente: Gordon 'Chinês' (que não aceitou a oferta de Leopoldo, mas, em vez disso, escolheu encontrar seu destino em Cartum. "É indispensável", instruíra Leopoldo, "que você obtenha para o Comité d'Études (i.e., ao próprio Leopold) o máximo de terra que possível."
Tendo estabelecido um porto no Baixo Congo, em 1883, Stanley subiu o rio para estender os domínios de Leopoldo, empregando seus métodos usuais: negociações com os chefes locais para obter soberania em troca de roupas; jogar uma tribo contra a outra e, se necessário, matar um chefe que fosse contrário a seus objetivos e negociar com o outro chefe. Porém, ao se aproximar das cataratas Stanley (atualmente, Cataratas de Boyoma), na junção do rio Congo com o rio Lualaba, ele rapidamente percebeu que seus homens não eram os únicos intrusos.
Tippu Tip, o último e maior esclavagista do Zanzibar do século XIX, era bem conhecido de Stanley, assim como o caos social e a devastação que as caçadas aos escravos trouxeram. Foi somente através da ajuda de Tippu Tip que Stanley encontrara Livingstone (que sobrevivera por anos no Rio Lualaba em virtude da amizade de Tippu Tip). Então Stanley descobriu que os homens de Tippu Tip haviam avançado ainda mais para o oeste em busca de novas aldeias a serem escravizadas.
Seis anos antes, os zanzibaritas pensavam que o Congo era um lugar mortal e intransitável, e alertaram Stanley a não tentar ir para lá; mas quando Tippu Tip soube, em Zanzibar, que Stanley havia sobrevivido, agiu rápido. Aldeias por toda região foram queimadas e despovoadas. Corpos boiaram rio abaixo. Tippu Tip fazera incursões em 118 aldeias, matara 4.000 africanos, e, quando Stanley chegou em seu assentamento, havia 2300 escravos (a maioria mulheres jovens e crianças) acorrentados, prontos para serem transportados através do continente, rumo aos mercados do Zanzibar.
Tendo encontrado o novo dono do lado superior do Congo, Stanley calmamente negociou um acordo que lhe permitisse erguer sua última estação fluvial bem abaixo das cataratas Stanley - que impediam os navios de trafegarem rio acima. No limite dos seus recursos físicos, Stanley repatriou-se, sendo substituído pelo Tenente-Coronel Francis de Winton, outrora pertencente ao Exército Belga.
Na Europa, as intrigas de Leopoldo começaram a render frutos. Considerando que ele havia ganho a propriedade de Congo em grande parte por causa dos interesses dos mais poderosos, agora ele podia confirmar e fortalecê-la por causa de seus interesses. Em alguns anos desde o estabelecimento da empreitada no Congo, o humor na Europa tinha mudado decididamente, e a luta pela África estava a ponto de começar a sério. As atividades de Leopoldo II no Congo já tinham levado os franceses a reclamar uma área na margem norte (no extremo norte do lago Stanley ou Stanley Pool, atual lago Malebo). Enquanto ninguém (fora Leopoldo) em particular quis tais colônias economicamente pouco promissoras, as outras potências da Europa não estavam dispostas a permanecer ociosas e ver terras sendo adquiridas rapidamente por seus rivais.
Numa estarrecedora sucessão de negociações duvidosas, Leopoldo II, na qualidade de presidente da "desinteressada e puramente humanitária" Associação Internacional Africana, jogou os protagonistas da política europeia uns contra os outros.
A Inglaterra estava inquieta com a expansão francesa e tinha uma reivindicação no Congo apoiada na expedição do Ten. Cameron 1873 no Zanzibar para repatriar o corpo de Livingstone, mas estava relutante em se comprometer com mais uma colônia improdutiva. Portugal tinha uma reivindicação ainda mais antiga, datando já no descobrimento de Diego Cão na entrada do rio em 1482 e, tendo ignorado isso por séculos, estava estimulado a relembrar. Portugal flertou com os franceses em primeiro momento, mas os britânicos ofereceram apoiar a reivindicação do Congo inteiro em troca de um tratado de livre comércio. Para os ingleses, o livre comércio era uma perda menor: o verdadeiro benefício foi a frustração dos franceses. Depois Bismarck entrou na rixa da parte da Alemanha: já com propriedades vastas no Sudoeste Africano, ele não desejava o Congo, mas não lhe agradava como dono nem França nem Inglaterra.
Neste ponto Leopoldo II agiu. Ele começou uma campanha publicitária na Inglaterra, mencionando os horrendos registros escravistas de Portugal, e sorrateiramente disse aos mercadores que se lhe fosse dado controle formal do Congo, dar-lhes-ia o mesmo status de "nação mais favorecida", que Portugal ofereceu. Ao mesmo tempo, Leopoldo prometeu a Bismarck que ele não daria a nenhuma nação status privilegiado, onde seriam comerciantes alemães tão bem-vindos quanto qualquer outro. Então, aos franceses Leopoldo ofereceu apoio da Associação para a posse de toda margem norte, e adoçou o acordo propondo que, se sua riqueza pessoal se provasse insuficiente para segurar o Congo inteiro (como parecia totalmente inevitável), o Congo voltava para a França. Finalmente, ele alistou a ajuda dos Estados Unidos, enviando ao seu presidente, Arthur copias cuidadosamente editadas dos tratados que Stanley havia extraído de chefes locais, e propondo que, como uma junta humanitária desinteressada, a “Associação administraria o Congo para o bem de todos, passando o poder para os nativos tão logo estivessem prontos para tal responsabilidade." Isto foi o golpe de mestre.
Em novembro de 1884 Bismarck reuniu uma conferência de 14 nações para encontrar uma solução pacífica para a crise do Congo, e após três meses de negociações, Leopoldo fulgurou triunfante. A França foram dados 665.626,9444 km² (66.562.694,41 hectares) na margem norte (atual Congo-Brazzaville e a República Centro-Africana), a Portugal foi dado 1.276,700 km² (90.908.582,67 hectares) ao sul (atual Angola), e a organização “filantrópica” totalmente controlada por Leopold9 recebeu a soma de 2.343.939,27 km² (234.393.924 hectares) para constituir o “Estado Livre do Congo”.
Num ofuscante espetáculo de virtuosidade diplomática, Leopoldo obteve da conferência não somente acordo na transferência do Congo para uma de suas muitas células filantrópicas, tampouco para sua autoridade de Rei dos Belgas, mas simplesmente para si. Ele se tornou único dono de 30 milhões de pessoas, sem constituição, sem supervisão internacional, sem ao menos ter estado alguma vez no Congo, e sem mais do que uma meia dúzia de seus obedientes tivesse ouvido falar nele.
Leopoldo não mais precisava fazer a fachada da "associação", e a substituiu por um gabinete apontado de belgas que executariam suas ordens. Para a temporária capital de Boma, ele mandou um governador-geral e um chefe de polícia. A vasta bacia do Congo foi dividida em 14 distritos administrativos, cada distrito em zonas, cada zona em setores, a cada setor em postos. Dos comissários de distritos até o nível de posto, todo encarregado-chefe era europeu: mercenários e aventureiros de todo tipo.
Três problemas principais se apresentaram pelos próximos anos. Primeiro, além dos oito empórios de Stanley, o Estado Livre era uma selva não-mapeada, e não oferecia qualquer retorno comercial. Segundo, Cecil Rhodes, então Primeiro-Ministro da Colônia Britânica do Cabo (parte da atual África do Sul) estava expandindo do Sul e ameaçando a ocupar a área sul do Lualaba, a despeito da Conferência de Berlim, e com tácita conivência de Londres. Terceiro, as gangues escravistas de Tippu Tip estabeleceram uma presença forte no norte, leste e oeste do país (atual Uganda), e efetivamente estabeleceram um estado independente.
Leopoldo era um dos homens mais ricos da Europa, mas nem mesmo ele conseguiu bancar as despesas. Ele precisou extrair riquezas do Congo, não gasta-las. Em flagrante violação de seu mandato, ele foi em busca disso, e arquitetou o mais brutal regime colonial da história moderna.
A primeira mudança foi a introdução das "terres vacantes" (terras vagas), que correspondiam a tudo o que ninguém efetivamente habitava. Essas terras foram atribuídas ao estado, e os servidores do estado (quer dizer, todo homem branco empregado de Leopoldo) eram encorajados a explorá-las.
Em seguida, o Estado Livre foi dividido em duas zonas econômicas: a Zona de Livre Comércio, aberta a empreendedores de qualquer nação, que eram autorizados a arrendar o monopólio por 10 e 15 anos de qualquer coisa de valor: marfim de um distrito particular, ou a concessão de borracha; a outra zona - mais de dois terços do Congo - tornou-se domaine de la couronne (domínio da coroa), ou seja, Leopoldo era seu dono.
Nesta base, o Congo se tornou auto-suficiente financeiramente. Ainda que não o suficiente para a ganância de Leopoldo. Em 1893 ele extirpou o mais prontamente acessível 2.589.988,811 km² (258.998.881,1 hectares) da parte da Zona de Livre Comércio e as declarou como sendo "Domaine de la Couronne" (Domínio da Coroa), sujeito às mesmas regras das terras do "Domínio Privado", exceto que toda renda ia diretamente para Leopoldo em pessoa. Ninguém sabe quanto Leopoldo lucrou do Estado Livre do Congo, mas o valor sem dúvida alcançou a ordem das dezenas de milhões, de longe mais do que até mesmo Leopoldo poderia gastar.
O segundo problema era o expansionismo britânico rumo a parte sul da Bacia do Congo. O vulnerável e distante distrito de Katanga, Lualaba acima, foi ocupado por um poderoso chefe chamado Msiri, que já rejeitara sondagens de Rhodes. Leopoldo não se incomodou em negociar: ele mandou expedições bem armadas para ocupar a capital. Msiri recuou floresta adentro, foi capturado, e ainda se recusou a desistir de sua soberania. Sob ordens de Leopoldo, um oficial do Estado Livre assassinou Msiri, cujo sucessor provou ser mais influenciável.
Em curto prazo, o terceiro problema, o dos escravos árabes, foi simplesmente resolvido: Leopoldo negociou em aliança, e depois indicou Tippu Tip como governador do distrito de Stanley Falls. Em longo prazo, isso foi insatisfatório. Na Bélgica, Leopoldo passava pelo constrangimento de estar aliado ao último escravista no mundo e, pior, Tippu Tip e Leopoldo eram rivais comerciais diretos: cada escravo que Tippu Tip extraía de seu domínio, cada quilo de marfim, era uma perda para Leopoldo. Uma confrontação bélica era inevitável.
Ambos os lados lutaram por procuração, armando e guiando as tribos canibais das florestas de Lualaba em conflitos de ferocidade sem paralelo. Eles acreditavam que sofrimento tornava a carne tenra, e prisioneiros eram preparados para o caldeirão ainda vivos; não só os guerreiros tribais permitiam-se esse costume: oficiais europeus comiam também carne humana. Os mosquetes de Tippu Tip não eram páreo para a artilharia e as metralhadoras de Leopold. Lá pelo início de 1894 a guerra já estava finda.
Enquanto isso, a busca por renda era dura. O salário dos funcionários distritais foi reduzido ao mínimo, e acrescidos de uma comissão baseada no lucro que a área rendesse a Leopoldo. Comunidades nativas no "Domínio Privado" foram meramente proibidas por lei a vender itens a qualquer um, a não ser o Estado: a eles era requerido prover aos funcionários públicos com um conjunto de cotas de borracha e marfim a um preço fixado, por mandato governamental, prover comida ao posto local, e prover 10% de sua população como trabalhadores forçados em tempo integral - escravos em tudo, fora o nome -, e outros 25% em meio-período.
Para impor as cotas de borracha, foi instituída a Force Publique (Força Pública), cujos policiais, na sua maioria, eram canibais do Lualaba. Portando armas modernas e chicotes, os policiais da Força Pública rotineiramente açoitavam, estupravam e torturavam reféns (na maioria mulheres), incineravam aldeias e, acima de tudo, extirpavam as mãos dos trabalhadores quando estes não cumpriam suas cotas de produção.
Um oficial branco de baixa patente descreveu uma incursão para punir uma aldeia que havia protestado. O oficial branco em comando informou: "Ordenaram-nos a cortar as cabeças dos homens e as pendurar nas cercas da aldeia, bem como seus membros sexuais, e pendurar as mulheres e crianças em forma de cruz". Após ver um íncola morto pela primeira vez, um missionário dinamarquês escreveu: "O soldado disse: 'Não leve muito a sério. Eles matam 'a nós' se não levarmos a borracha. O comissionário nos prometeu que se tivermos muitas mãos, ele encurtará nosso serviço". Nas palavras de Peter Forbath:
As cestas de mão cerradas, postas aos pés dos chefes de posto europeus, tornaram-se o símbolo do Estado Livre do Congo. (...) A coleção de mãos se tornou um fim em si mesmo. Os soldados da Força Pública as traziam em vez da borracha; eles até mesmo iam colhê-las em lugar de borracha (...) Elas se tornaram um tipo de moeda. São usadas para amenizar o déficit das cotas de borracha, substituir (...) o povo ao qual é exigido trabalhar para as gangues de trabalhos forçados; e os soldados da Força Pública tinham seus bônus pagos de acordo com o número de mãos que coletavam.
Em teoria, cada mão direita provava um assassinato. Na prática, os soldados trapaceavam, simplesmente cortando a mão e abandonando a vítima para viver ou morrer. Numerosos sobreviventes relataram que sobreviveram a mais de um massacre fingindo-se de mortos, não se movendo nem mesmo ao terem suas mãos serradas. Esperavam os soldados partirem para então procurar socorro.
Estimativas do total das vítimas dessas chacinas variam consideravelmente. Dada a ausência de dados censitários (o primeiro censo só foi feito em 1924), é impossível quantificar as variações demográficas ocorridas no período. O famoso relatório de 1904, do diplomata britânico Roger Casement, estima 3 milhões de vítimas apenas durante os 20 anos do regime de Leopoldo; Forbath estima em, no mínimo, 5 milhões; Adam Hochschild e Isidore Ndaywel è Nziem, referem-se a 10 milhões de pessoas; a Enciclopédia Britânica estima que a população tenha declinado de 20 ou 30 milhões para 8 milhões. Entretanto não há estatísticas verificáveis. Louis e Stengers afirmam que os números referentes à população no início da era de Leopoldo são apenas "adivinhações grosseiras", taxando a tentativa de E.D. Morel e outros de chegar a um número para as perdas de população de meros exercícios de imaginação. A população da África, em 1900, estava entre 90 milhões e 133 milhões de habitantes.
Leopoldo se endividou vertiginosamente com seus investimentos no Congo, até que a salvação veio com o início da “era da borracha” que envolveu o mundo todo a partir de 1890. Os preços subiram freneticamente ao longo da década, graças às descobertas de novos usos industriais da borracha em tiras: mangueiras, tubulações, isolamento para cabos telegráficos e telefônicos e fiações, etc. Ao fim de 1890 a borracha bruta havia superado de longe o marfim como principal fonte de renda do Estado Livre do Congo. O ano de pico foi 1903, com a borracha alcançou o preço mais alto, e empresas concessionárias obtiveram os melhores faturamentos.
Entretanto, o frenesi conduziu a esforços para encontrar produtores a custo mais baixo. Empresas concessionárias congolesas começaram a enfrentar competição do cultivo de borracha no Sudeste Asiático e América Latina. Como plantações eram começadas em outras áreas tropicais, a maioria sob possessão de firmas inglesas rivais, o preço mundial da borracha começou a cair. A competição induziu ao aumento do uso de trabalho escravo para diminuir o custo de produção. Enquanto isso, o custo de aplicação estava devorando as margens de lucro, ao mesmo tempo que a tributação aumentava a insustentabilidade dos métodos de colheita. Pelo crescer da competição imposta por outras áreas de produção, o domínio privado de Leopold estava progressivamente vulnerável a escrutínios internacionais, especialmente da parte da Inglaterra.
Quando a borracha congolesa atingiu seu pico, visitantes tiveram a entrada barrada. missionários foram permitidos somente sob vigilância, e principalmente se eles eram católicos belgas, que Leopold podia manter quietos. Ao mesmo tempo, funcionários foram proibidos de deixar o país. Mesmo assim, rumores circularam e Leopold desfechou uma enorme campanha publicitária para desacreditá-los, ao ponto de criar uma "Comissão para a Proteção dos Nativos", fictícia, para desbaratar as “poucas ocorrências isoladas” de abuso. Editores foram subornados, críticos acusados de tocar campanhas secretas para alavancar as ambições coloniais de outras nações, relatórios testemunhais dos missionários excomungados como tentativas de difamar padres católicos honestos. E por uma década ou mais Leopold foi bem sucedido. O segredo circulava dentre as pessoas, mas poucos acreditavam.
Eventualmente, os argumentos mais efetivos vieram da mais inesperada fonte. Funcionários nas maiores empresas navais em Londres começaram a se perguntar por que barcos que traziam grandes cargas de borracha do Congo retornavam abarrotados de armas e munição para a “Força Pública”. Edmund Morel foi o mais famoso desses: ele se tornou um jornalista de investigação em tempo integral, e então (ajudado por mercadores que desejavam acabar com o monopólio secreto de Leopoldo), um editor. Em 1902, o romance O Coração das Trevas, de Joseph Conrad, foi publicado, baseado na sua breve experiência como capitão de um navio a vapor no Congo, dez anos antes. Este livro encapsulava o pavor crescente do público, e em 1904Sir Roger Casament, o cônsul britânico, entregou um longo e detalhado relatório testemunhal o qual tornara público. A Associação Britânica de Reforma do Congo, fundada por Morel, exigia ação. Outras nações europeias fizeram o mesmo, como fez os Estados Unidos, e o parlamento britânico clamou por uma reunião das 14 potências signatárias a rever a Conferência de Berlim. O parlamento belga forçou Leopoldo a organizar uma comissão independente de inquérito, e apesar dos esforços desesperados do rei, em 1905 o relatório de Casement foi confirmado em cada sórdido detalhe.
Leopoldo ofereceu uma reforma em seu regime, mas poucos levaram isso a sério. Todas as nações estavam de acordo que o domínio do rei deveria ser extinto o mais rápido possível, mas nenhuma nação estava desejosa de assumir a responsabilidade, e nunca foi sugerido que as terras em questão fossem devolvidas ao povo da região. A Bélgica era a forte candidata à administração do Congo, mas os belgas não estavam ainda dispostos a isso. Por dois anos, a Bélgica debateu a questão e foi às urnas decidir. Enquanto Leopoldo fez o máximo de sua última oportunidade e, inacreditavelmente, aumentou o “Domínio da Coroa” para com isso espremer até a última gota de lucro enquanto podia.
Finalmente, em 15 de novembro de 1908, quatro anos depois do Relatório Casement e seis anos após a publicação de O Coração das Trevas, o parlamento belga anexou o Estado Livre do Congo e assumiu a sua administração. Contudo, isto não representou uma grande perda para Leopoldo ou para as empresas concessionárias no Congo Belga. Junto com os efeitos do esgotamento dos recursos no Congo, os preços internacionais da mercadoria haviam tornado inviável a extração congolesa, enquanto o Sudeste Asiático e a América Latina haviam se tornado produtores de borracha de baixo custo. A "era da borracha" estava acabada.
Existe alguma controvérsia sobre se a catástrofe do Congo pode ser ou não qualificada como genocídio. Alguns alegam que o Estado não teria agido com a intenção de eliminar um ou mais grupos étnicos.  Todavia a Convenção das Nações Unidas sobre o Genocídio (1948) inclui a matança deliberada, por qualquer motivo, de membros de um grupo étnico com a intenção de destruí-lo, "no todo ou em parte". Por isso, outros afirmam que o Estado Livre do Congo, ao decidir excluir determinados grupos étnicos que resistiram a suas práticas desumanas, realmente praticou genocídio.
In 1876, Belgium’s King Leopold II (1835-1909) convened a geographical conference in Brussels. Leopold proposed establishing an international benevolent committee for the propagation of civilization among the peoples of Central Africa (the Congo region). Originally conceived as a multi-national, scientific, and humanitarian assembly, the Association Internationale Africaine (AIA, African International Association) eventually became a development company controlled by Leopold. He subsequently organized the Comité d'Études du Haut-Congo (CEHC, Study Committee of the Upper Congo), an international commercial, scientific, and humanitarian committee, and sometime between 1879 and 1882, the Association Internationale du Congo (AIC, International Congo Society) emerged. From 1878 to 1884, Leopold used these organizations to establish influence and eventually Belgian sovereignty, in the Congo Basin. His primary objective was to exploit the lucrative ivory market in Central Africa by establishing a secure trade route between the Upper and Lower Congo. The region was reported to be rich in other commodities as well, such as mineral resources. Rubber exports began as early as 1890, and by the mid-1890s rubber extraction would become the colony’s most profitable industry. 
In 1884, the Conference of Berlin (1884-1885) convened to finalize the colonial partitioning of the African continent. Conference participants included Austria-Hungary, Belgium, France, Germany, Great Britain, Russia, the Ottoman Empire, and the United States. In 1885, Leopold’s efforts to establish Belgian influence in the Congo Basin were awarded with the État Indépendant du Congo (CFS, Congo Free State). By a resolution passed in the Belgian parliament, Leopold became Roi-Souverain of the newly formed CFS, over which he enjoyed nearly absolute control. The CFS (today the Democratic Republic of the Congo), a country of over two million square kilometers, became Leopold’s personal property, the Domaine Privé.
Under terms of the General Act of the Berlin Conference, Leopold pledged to suppress the East African slave trade; promote humanitarian policies; guarantee free trade within the colony; impose no import duties for twenty years; and encourage philanthropic and scientific enterprises. Contrary to his pledge, beginning in the mid-1880s Leopold issued a series of decrees that eventually violated these conditions. Leopold first decreed that the State asserted rights of proprietorship over all vacant lands throughout the Congo territory. By three successive decrees, Leopold reduced the rights of the Congolese in their land to native villages and farms, essentially making nearly all of the CFS terres domainales. Leopold further decreed that merchants limit their commercial operations in rubber to bartering with the natives.
By this time, Leopold had also established the Force Publique (FP) to campaign against the Arab slave trade in the Upper Congo, protect his economic interests, and suppress uprisings within the CFS, which were common. The FP's officer corps comprised only whites—Belgian regular soldiers and mercenaries from other countries. On arriving in the CFS, these officers recruited men from Zanzibar and West Africa, and eventually from the Congo itself. In addition, Leopold had been actually encouraging the slave trade among Arabs in the Upper Congo in return for slaves to fill the ranks of the FP. During the 1890s, the FP’s primary role was to exploit the natives as corvée laborers to promote the rubber trade.
By 1890, facing considerable financial difficulty, Leopold applied for permission to levy import duties. However, in direct violation of his promises of free trade within the CFS under the terms of the Berlin Treaty, not only had the State become a commercial entity directly or indirectly trading within its dominion, but also, Leopold had been slowly monopolizing a considerable amount of the ivory and rubber trade by imposing export duties on the resources traded by other merchants within the CFS.
By the final decade of the 19th century, J. B. Dunlop’s 1887 invention of inflatable, rubber bicycle tubes and the growing popularity of the automobile dramatically increased the global demand for rubber. To monopolize the resources of the entire CFS, Leopold issued three decrees in 1891 and 1892 that reduced the native population to serfs. Collectively, these forced the natives to deliver all ivory and rubber, harvested or found, to State officers thus nearly completing Leopold’s monopoly of the ivory and rubber trade.
An additional decree in 1892 divided the terres vacantes into a domainal system, which privatized extraction rights over rubber for the State in certain private domains, allowing Leopold to grant lucrative concessions to private companies. In other areas, private companies could continue to trade but were highly restricted and taxed. The domainal system destroyed the traditional economy of the Congo basin and enforced a labor tax on Leopold’s Congolese subjects requiring local chiefs to supply men to collect rubber and other resources. It essentially obliged natives to supply these products without payment.
Genocide scholar Adam Jones comments, “The result was one of the most brutal and all-encompassing corvée institutions the world has known . . . Male rubber tappers and porters were mercilessly exploited and driven to death.” Leopold's agents held the wives and children of these men hostage until they returned with their rubber quota. Those who refused or failed to supply enough rubber often had their villages burned down, children murdered, and their hands cut off.
Although local chiefs organized tribal resistance, the FP brutally crushed these uprisings. Rebellions often included Congolese fleeing their villages to hide in the wilderness, ambushing army units, and setting fire to rubber vine forests. In retribution, the FP burned villages and FP officers sent their soldiers into the forest to find and kill hiding rebels. To prove the success of their patrols, soldiers were ordered to cut off and bring back dead victims’ right hands as proof that they had not wasted their bullets.  If their shots missed their targets or if they used cartridges on big game, soldiers would cut off the hands of the living and wounded to meet their quotas.
“Everywhere I hear the same news of the Congo Free State – rubber and murder, slavery in its worst form.” This account was published in Century Magazine (1897) by E. J. Glave, a former CFS administrator. Inspired by works such as Joseph Conrad’s Heart of Darkness (1902), originally published as a three-part series in Blackwood’s Magazine (1899), organized international criticism of Leopold’s genocidal activities mobilized. In 1900, Edmund Dene Morel, a part-time journalist and head of trade with Congo for the Liverpool shipping firm Elder Dempster, began writing articles describing conditions in the CFS.  In 1902, Morel retired from his position at Elder Dempster and launched a full-time campaign to expose the human rights abuses occurring in the CFS. He founded his own magazine, The West African Mail, and conducted speaking tours in Britain.
Increasing public outcry over the atrocities in the CFS moved the British government to launch an official investigation. The diplomat, Sir Roger Casement, was sent to the CFS as British Consul. Reporting to the Foreign Office in 1900, Casement wrote, “The root of the evil lies in the fact that the government of the Congo is above all a commercial trust, that everything else is orientated towards commercial gain . . .” The establishment of the Congo Reform Association (CRA) in Great Britain was a direct result of Casement’s 1904 Congo Report. The CRA, whose members included Sir Arthur Conan Doyle, and inspired Mark Twain among others, provided a foundation for one of the 20th century’s first human rights movements.
Yielding to international pressure, in 1908 the Belgian parliament annexed the CFS as the Belgian Congo, effectively removing Leopold from power. Just prior to releasing sovereignty over the CFS, Leopold destroyed all evidence of his activities in the CFS, including the archives of its Departments of Finance and the Interior. The Belgian parliament refused to hold any formal commission of inquiry into the human rights abuses that had occurred in the CFS. Over the next few decades, inhumane practices in the Belgian Congo continued and a huge number of Congolese remained enslaved. By 1959, Belgium power began to erode due to a series of riots in Leopoldville (today Kinshasa). The Congo was emancipated from Belgium on June 30, 1960, and the modern Democratic Republic of the Congo was established.
From 1885 to 1908, it is estimated that the Congolese native population decreased by about ten million people. Historian Adam Hochshild identifies a number of causes for this loss under Leopold’s reign—murder, starvation, exhaustion and exposure, disease, and plummeting birth rates. Congolese historian Ndaywel e Nziem estimates the death toll at thirteen million.  Leopold capitalized on the vast wealth extracted in ivory and rubber during his twenty-three year reign of terror in the CFS. He spent some of this wealth by constructing grand palaces and monuments including the Royal Museum for Central Africa in Tervuren. Ironically, Leopold never visited the kingdom in which he committed such atrocities, to witness the tragedy of his greed.
There is some debate over whether the Congo catastrophe qualifies as genocide, because the Congo state did not act with the intent of eliminating one or more ethnic groups. However, the 1948 UN Convention on Genocide includes deliberate killings, for whatever motive, of members of an ethnic group with the intent to destroy them as such, “in whole or in part.” This suggests that the Congo Free State, in deciding to wipe out particular ethnic groups that resisted its inhuman practices, did indeed practice genocide.


Fonte: https://web.archive.org/web/20131207042319/http://www.yale.edu/gsp/colonial/belgian_congo/

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