Chevrolet Chevette Hatch, Brasil
Fotografia
Após a estreia
do Opala, em 1968, a GM mergulhou no rentável segmento dos carros pequenos e
acessíveis, dominado pelo Fusca. Parecia fácil: o mercado estava cansado do
velho VW e o cenário econômico era ideal para projetos atualizados com o que
havia lá fora.
A busca pelo
novo resultou no Chevette, tão moderno que chegou ao Brasil seis meses antes da
Alemanha (lá ele era o Opel Kadett C). O problema é que a nossa Volks não
brincava em serviço: a Brasilia era a resposta ao Chevette, um Fusca de roupa
nova e com uma tampa traseira que tirou o sono da GM.
A terceira
porta de acesso à cabine representava um trunfo da Brasilia: posicionava-a na
categoria dos utilitários, de IPI menor. Assim, o Chevette foi ofuscado pelo
novo VW, mais barato e um pouco melhor em acabamento e espaço.
A GM iniciou
os testes com o Chevette de três portas em 1976, mas dormiu no ponto e viu a
categoria ser invadida pelo Fiat 147 e Passat de três portas. O Chevette hatch
só veio no fim de 1979, já como linha 1980. Com 3,97 metros, era menor que a
Brasilia e pouco maior que o 147, mas apertado no espaço interno, como atesta o
modelo 1980 das fotos, que pertence ao paulista Marco Berg Duailibi – porém
compensava pelo prazer da tração traseira.
O fato é que a
GM fez um bom trabalho para aproveitar os exíguos 2,40 metros de entre-eixos:
colocou assentos dianteiros mais finos e praticamente encaixou o encosto do
banco traseiro entre as caixas de roda. Estepe e tanque de combustível
abandonaram a posição vertical e foram acomodados no assoalho, resultando num
porta-malas raso, de apenas 254 litros, que servia só a jovens casais sem
filhos.
Ainda assim
foi um sucesso: em seu primeiro ano, havia fla de espera. O Hatch apresentava
um formato mais versátil e funcional, com a terceira porta ocupando 2/3 da
traseira. Com o banco rebatido, o porta-malas aumentava para 698 litros.
Com as
alterações, ele ganhou 26 kg no eixo traseiro, o que melhorou a distribuição de
peso e deixou seu comportamento mais neutro, com leve tendência à saída de
traseira.
Apesar do peso
extra, o consumo não piorou: o Hatch fazia em média 13,5 km/l, chegando a 14,4
na estrada. O que deixava a desejar era o desempenho: o motor 1.4 estancava nos
138,4 km/h e precisava de longos 19,6 segundos para ir a 100 km/h. A sensação
era agravada pelo acelerador de curso longo, que não combinava com a direção
(rápida e com peso correto) e o câmbio (de engates secos e precisos).
Mas nem a
ergonomia ruim maculava o prazer do contraesterço nas curvas: Fiat 147 e o
recém-lançado VW Gol tinham tração dianteira e a Brasilia não permitia essa
tocada abusiva.
A
reestilização veio em 1983: inspirada no Monza, adotava um capô mais inclinado
e aerodinâmico, que terminava em uma grade horizontal única, com faróis
retangulares. A traseira pouco mudava, mas a quinta marcha era uma boa
novidade. Ainda assim o Chevette tinha o mesmo rendimento de um VW Gol.
Além do
repentino desinteresse do mercado por esse tipo de carro, o Chevette Hatch
estava defasado e já não era páreo para a concorrência. Robusto e econômico,
encerrou a carreira em 1987, ostentando o título de carro mais barato do país:
desde então, nunca mais tivemos um nacional ágil e pequeno, com a inigualável
diversão da tração traseira.




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