Dodge Charger / Charger LS, Brasil
Fotografia
Intermediário
entre o Dart e o Charger R/T, ele foi a melhor opção para quem queria alto
desempenho com luxo e sobriedade.
Outubro de
1970: refúgio da elite paulistana, o Santapaula Iate Clube sediava o evento de
apresentação da linha 1971 do Dodge Dart, cuja principal novidade era o cupê de
duas portas, primeiro hardtop (sem coluna central) nacional. O público ainda
estava boquiaberto quando o presidente da Chrysler, Merle Imus, mostrou uma
novidade reservada ao Salão do Automóvel daquele ano: o Dodge Charger, que
seria um dos maiores ícones de luxo e esportividade na década seguinte. Os
brasileiros já sonhavam com o Charger desde 1967, quando a versão americana
estreou nas páginas de QUATRO RODAS.
A primeira
peça publicitária no Brasil lançava o desafio: intimava os americanos Plymouth
Barracuda, Dodge Challenger, Chevrolet Camaro e Ford Mustang. Mas, de fato, o
Charger não ia muito além de um Dart cupê com visual esportivo, graças à vis
tosa grade de frisos horizontais ocultando os faróis principais e de neblina. A
aparência intimidadora era reforçada pelo volante Walrod e pelo teto e colunas
traseiras revestidos de vinil.
O motor V8 de
5,2 litros e taxa de compressão de 7,5:1 era o do Dart, mas um pouco mais
potente: os 205 cv (SAE, potência bruta) eram resultado do escapamento com duas
saídas. Outra semelhança era o câmbio manual de três marchas, com alavanca na
direção. Na prática, seu desempenho era quase o mesmo da versão R/T, que tinha
taxa mais alta (8,4:1) e 215 cv. Havia torque de sobra em qualquer regime de
rotação. Entre os opcionais, havia direção hidráulica, câmbio automático e
ar-condicionado, mas os amantes da alta performance davam preferência aos
freios dianteiros a disco com servofreio e à transmissão manual de quatro
marchas com alavanca no assoalho, ladeada por bancos individuais reclináveis. A
estabilidade era favorecida por uma suspensão mais rígida: a barra
estabilizadora dianteira garantia um rodar mais firme e menos arisco.
Sem rivais, o
Charger era o rei das estradas: mantinha altas velocidades por horas sem
superaquecer ou consumir óleo em excesso. O Opala tentava, mas os 140 cv (SAE)
do seu seis-cilindros não eram páreo. A disputa só ficaria séria em 1973, com a
estreia do Ford Maverick e seu V8 5.0 de 197 cv. No mesmo ano, o Charger
recebia a denominação LS: reestilizado, os faróis passaram a ser duplos, ainda
ocultos pela grade, agora bipartida e de perfil mais fechado e agressivo. A
traseira ganhou lanternas redesenhadas e o interior se destacava pelo painel de
plástico imitando cerejeira e com nova grafia nos instrumentos, pelo controle
remoto dos retrovisores e pelo comutador/ lampejador dos faróis na chave de
seta. Rodas esportivas e motor da versão R/T viravam opcionais.
O Charger LS
ganhou ainda mais requinte em 1974, quando adotou calotas e acabamento interno
do Dodge GranCoupe. A transmissão automática recebeu alavanca seletora no
console e bloqueio do conversor de torque, eliminando as perdas mecânicas por
deslizamento. O exemplar das fotos é um modelo 1971 que pertence à
colecionadora paulista Tânia Pereira: “Este Charger está comigo desde 2001. Foi
amor à primeira vista: vou rodando com ele a quase todos os eventos de
antigos”.
Sem oferecer a
esportividade do R/T e o prestígio do Gran Coupe, o Charger chegou ao fim em
1975, quando perdeu a denominação LS. Com apenas 55 cupês produzidos, é um dos
carros mais raros entre os Dodge nacionais: a linhagem esportiva da Chrysler
seria representada pelo R/T até 1980, quando finalmente sucumbiu à preferência
do mercado por esportivos compactos de menor consumo.



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