Volkswagen Parati Surf, Brasil
Fotografia
Quando o
Passat Surf foi lançado em 1978, houve quem sentisse falta de um bagageiro para
transportar pranchas no teto. A temática praiana empregada pelo fabricante de
São Bernardo do Campo (SP) conquistou um público jovem que buscava um carro
versátil e confortável, com boa dirigibilidade e desempenho satisfatório para curtir
os fins de semana no litoral.
O Passat
deixou a praia de mansinho, mas entregou a parafina à Parati, nascida em 1982.
A perua derivada do Gol tornou-se queridinha dos jovens surfistas e também dos
pais de família trintões e quarentões que surfaram em verões passados.
O sucesso era
tanto que aniquilou a concorrência, formada por Fiat Panorama,
Chevrolet Marajó e Ford Belina.
Com o fim do
Passat em 1988, a Parati desceu a serra sozinha. Seu carisma era tão forte que,
nos anos 90, enfrentou sem medo rivais mais atuais, como Fiat Elba e Chevrolet
Ipanema, ambas com quatro portas. Mas a iminente chegada do Gol Bolinha (G2) em
1994 indicava que se aproximava a hora de se aposentar.
Foi uma
despedida em grande estilo: a velha rata de praia ganhou um banho de loja que a
deixou mais vistosa que a top de linha GLS.
Denominada
Surf, a série especial trazia em 1994 – ainda com a cara da primeira geração –
itens exclusivos e acessórios vindos de outros modelos, facilmente
identificáveis pelos entusiastas da marca alemã.
A pintura
metálica (sempre na cor Azul Havaí) se estendia pela carcaça dos espelhos,
servindo de base para a decoração externa formada por grafismos em forma de
onda aplicados nas laterais.
Sobre o teto,
o prático bagageiro que o Passat nunca ofereceu. Os faróis auxiliares de longo
alcance sobre o para-choque dianteiro eram um charme à parte.
O interior
continuava o mesmo: espaço para quatro adultos e um bom porta-malas (para a
época) de 382 litros, comprometido só pelo estepe posicionado na vertical. Os
encostos de cabeça eram vazados, de acordo com a tendência. A manopla de câmbio
do Gol GTS e o volante de quatro raios do Santana encerravam os últimos
retoques de esportividade.
Mesmo assim, a
Parati não escondia sua origem franciscana: o painel de instrumentos trazia
velocímetro, conta-giros, hodômetro parcial, relógio digital e marcador de
temperatura, mas sem manômetro de óleo. O sistema de som se resumia a quatro
alto-falantes: além do rádio toca-fitas, faltava também o acionamento elétrico
de travas, vidros e espelhos.
De opcional,
só ar-condicionado e a direção hidráulica progressiva, notável pela sua leveza
e precisão. As rodas de liga eram outra herança do Santana e vinham com largos
pneus 185/60 R14. Neutra, a Parati Surf era levemente subesterçante no limite
da aderência, mas a falta de discos ventilados comprometia as frenagens.
O motor VW
AP-1800 tinha ânimo de sobra. Seu torque generoso casava perfeitamente com o
câmbio de relações longas, que permitia ao motor girar a menos de 3 000 rpm a
120 km/h. A aerodinâmica precária comprometia o rendimento: velocidade máxima
de 163,5 km/h e consumo rodoviário de 12,16 km/l, no teste da QUATRO RODAS de abril de 1993.
Hoje, os
poucos exemplares remanescentes da Parati Surf são mais disputados que ondas na
praia de Waikiki – a que ilustra esta reportagem, um modelo 1995, pertence ao
colecionador paulista Samuel Rezaghi Souza.
Reeditada em
2008, a série especial Surf (agora com mais cores) foi apenas uma vã tentativa
de disfarçar as rugas da combalida quarta geração, que já não era referência de
conforto, dirigibilidade ou desempenho. O melancólico crepúsculo nem de longe
lembrava os áureos tempos em que a Parati reinava absoluta pelas praias
brasileiras.




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