Fiat Uno Mille, Brasil
Fotografia
“O carro de
série mais barato do Brasil é também o mais econômico para uso na cidade. Fez
12,26 km/litro de gasolina em nosso percurso urbano.” Assim QUATRO RODAS
anunciou a chegada do Fiat Uno Mille, na edição de setembro de 1990. Boa parte
do mérito, tanto no preço como no consumo, era do motor 1050, que vinha do Fiat
147 e do próprio Uno – na versão S, até 1985 – e continuava sendo feito para a
Argentina. Para se enquadrar na nova redução de 50% do IPI para carros de até 1
litro, a cilindrada caiu para 994,4 cm3. “O carro de série mais barato do
Brasil é também o mais econômico para uso na cidade. Fez 12,26 km/litro de
gasolina em nosso percurso urbano.” Assim QUATRO RODAS anunciou a chegada do
Fiat Uno Mille, na edição de setembro de 1990. Boa parte do mérito, tanto no
preço como no consumo, era do motor 1050, que vinha do Fiat 147 e do próprio Uno
– na versão S, até 1985 – e continuava sendo feito para a Argentina. Para se
enquadrar na nova redução de 50% do IPI para carros de até 1 litro, a
cilindrada caiu para 994,4 cm3.
A ideia de
fazer um carro mais acessível às camadas menos favorecidas já não era uma
novidade. Em meados dos anos 60, Renault Gordini Teimoso, DKW Pracinha, Simca
Profissional e VW Pé-de-Boi foram uma tentativa de encurtar a distância dos
sem-carro para um carro novo. De tão popularizado, o termo pé-de-boi acabou por
virar sinônimo de carro despojado. Em 1965, esses modelos mereceram uma linha
de crédito especial do governo do país e da Caixa Econômica Federal, mas isso
não foi suficiente.
Em 1988 surgiu
o Gurgel BR-800, o primeiro carro 100% nacional. Como estímulo, ganhou um incentivo
do governo: 5% de IPI – ante o piso de 25% para carros com capacidade a partir
de 800 cm3. Mas a redução se estendeu aos 1.0 e a Fiat saiu na frente e tirou
proveito de sua rede mais ampla e de seu veículo maior e mais confortável. Por
outro lado, era o começo do fim do sonho do carro genuinamente nacional.
O acabamento
ia além do esperado, com revestimento central dos bancos aveludado, colunas
traseiras forradas, tampa interna do porta-malas e servofreio. Porém os apoios
de cabeça eram opcionais, assim como a quinta marcha, retrovisor direito,
acendedor de cigarro e limpador traseiro. Foi como um renascimento para o Uno.
Já nos primeiros meses, 45% da produção era de Mille. O colecionador paulista
Sérgio Minervini comprou de um amigo o exemplar 1990 das fotos. “Fiquei sem
coragem de usar”, diz o dono do carro, que só tem 120 km originais.
No segundo
teste, de março de 1991, QUATRO RODAS revelava que os números de setembro de
1990 foram resultado de uma preparação da Fiat no carro cedido, diferente do de
produção. De 139,6 km/h, a máxima baixava a 135,8 km/h. “Surpresa maior na
aceleração de 0 a 100 km/h: 17s35 contra decepcionantes 20s27.” O consumo
urbano caía de 12,26 km/l para 11,52 km/l. Ainda assim, a revista notava que
eram números compatíveis com sua proposta.
A evolução do
Mille prosseguiu com a versão Mille Brio, meses depois. De 48,5 cv, a potência
subia para 54,4 cv e o torque, de 7,4 para 7,7 mkgf. Para 1993, além de quatro
portas, o Mille Electronic trazia ignição eletrônica. O mercado via surgir
rivais como o Chevrolet Chevette Junior, o VW Gol 1000 e o Ford Escort Hobby.
Para enfrentar o novo Corsa, em 1994, a Fiat adotou a frente nova dos demais
Uno e o acabamento ELX no Mille. Começava uma dilatação do conceito do Mille,
seguida pela concorrência. Ar-condicionado e vidros e travas elétricos eram
opcionais.
Na linha 1996,
ele recebia injeção eletrônica. Para 1997, o Mille SX deveria preparar o
mercado para o fim da produção do Uno – o que não aconteceu. O Mille ganhou
motor Fire de 55 cv em 2001, frente nova em 2004 e, além de um redesenho, motor
flex em 2005. Em 2008 o Mille passou a oferecer a versão Way, com visual de
apelo off-road. De 1990 a abril de 2009 a Fiat fabricou 2201946 Mille. Após
quase 20 anos de mercado, o motor 1.0 não só é a única opção de Uno novo, como
ainda o mantém entre os cinco mais vendidos do país. No caso do Uno Mille,
ainda cabe um duplo sentido ao termo carro popular.
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