Ford Corcel II GT, Brasil
Fotografia
O Corcel II
era a grande novidade da Ford em 1978, a esperança da marca para reanimar um
projeto com dez anos de mercado. Com desenho de linhas retas e angulosas e sem
abrir mão de robustez e economia, ele evoluiu em espaço e segurança. Seu pecado
era o desempenho, superior só na versão GT.
Pouca coisa,
na verdade: o pequeno motor de 1372 cm3 recebia um carburador de corpo duplo,
que fornecia 4 cv extras, incapazes de emocionar o mais pacato dos motoristas:
a máxima subia de 136,8 para 145,6 km/h e o 0 a 100 km/h caía de 20,8 para 17,5
segundos, como mostrava o teste na edição de janeiro de 1978.
Com 950 kg, o
conjunto não era digno de ostentar as iniciais GT, mas em tempos de gasolina
cara visual esportivo não era defeito desde que o consumo fosse baixo. Com
média de 11,04 km/l, não estava entre os mais econômicos, porém cuidava bem do
bolso.
O melhor era
passear devagar exibindo a esportividade do capô e do teto pintados de preto.
Para completar, havia faróis de neblina e pneus 185/70 R13 em rodas pretas com
sobrearos de aço escovado.
No interior, o
excelente padrão de acabamento Ford, sempre em preto. Havia um pequeno
contagiros no painel e, no console, o termômetro de água e o manômetro de óleo,
todos de leitura difícil. O volante exclusivo tinha boa pega, mas a direção,
apesar de precisa, era leve acima dos 120 km/h.
Tudo
conspirava contra sua imagem: a barra estabilizadora dianteira mais grossa era
incapaz de conter a rolagem da carroceria (a suspensão continuava voltada ao
conforto) e os freios eram os mesmos, colaborando para o comportamento abaixo
do esperado, ainda mais quando comparado à referência, o VW Passat.
No modelo
1979, assim como no resto da linha, viria o motor de 1.555 cm3 – e a potência
subiria de 76 para 90 cv (SAE). A única alteração exclusiva era a carcaça do
filtro, com mais entradas para melhorar o fluxo de ar.
O câmbio
perdia maciez e precisão em troca da quinta marcha, que melhorava a máxima
(150,6 km/h) e o consumo (13,56 km/h), inferior ao de muito carro menor. Com o
diferencial mais curto, ele ficava mais rápido: 0 a 100 km/h em 15,9 segundos,
como mostrava a edição de fevereiro de 1979.
Nos números, a
diferença entre o Corcel comum e o novo GT era discreta, pelo menos até a
primeira curva. Toda revisada, a suspensão desceu 1,3 cm e ficou mais firme,
graças a molas dianteiras de maior carga.
Para não
comprometer o conforto, as traseiras não mudaram, mas o eixo ganhou uma barra
estabilizadora para reduzir a rolagem da carroceria, que parecia mais baixa com
as novas faixas pretas laterais, como no carro da foto, um modelo 1979
recém-adquirido por um colecionador paulista. Com o maior equilíbrio, até as
frenagens melhoravam.
Com o fim do
Maverick, em 1979, o GT passou a ser o único esportivo da Ford. Neutro com leve
tendência ao subesterço, ele transmitia segurança também em alta velocidade.
Mas, com fama de lento e apelo restrito ao visual, o GT não resistiu à
concorrência e encerrou sua breve carreira em 1981.




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