sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Ford Corcel II GT, Brasil






Ford Corcel II GT, Brasil
Fotografia

O Corcel II era a grande novidade da Ford em 1978, a esperança da marca para reanimar um projeto com dez anos de mercado. Com desenho de linhas retas e angulosas e sem abrir mão de robustez e economia, ele evoluiu em espaço e segurança. Seu pecado era o desempenho, superior só na versão GT.
Pouca coisa, na verdade: o pequeno motor de 1372 cm3 recebia um carburador de corpo duplo, que fornecia 4 cv extras, incapazes de emocionar o mais pacato dos motoristas: a máxima subia de 136,8 para 145,6 km/h e o 0 a 100 km/h caía de 20,8 para 17,5 segundos, como mostrava o teste na edição de janeiro de 1978.
Com 950 kg, o conjunto não era digno de ostentar as iniciais GT, mas em tempos de gasolina cara visual esportivo não era defeito desde que o consumo fosse baixo. Com média de 11,04 km/l, não estava entre os mais econômicos, porém cuidava bem do bolso.
O melhor era passear devagar exibindo a esportividade do capô e do teto pintados de preto. Para completar, havia faróis de neblina e pneus 185/70 R13 em rodas pretas com sobrearos de aço escovado.
No interior, o excelente padrão de acabamento Ford, sempre em preto. Havia um pequeno contagiros no painel e, no console, o termômetro de água e o manômetro de óleo, todos de leitura difícil. O volante exclusivo tinha boa pega, mas a direção, apesar de precisa, era leve acima dos 120 km/h.
Tudo conspirava contra sua imagem: a barra estabilizadora dianteira mais grossa era incapaz de conter a rolagem da carroceria (a suspensão continuava voltada ao conforto) e os freios eram os mesmos, colaborando para o comportamento abaixo do esperado, ainda mais quando comparado à referência, o VW Passat.
No modelo 1979, assim como no resto da linha, viria o motor de 1.555 cm3 – e a potência subiria de 76 para 90 cv (SAE). A única alteração exclusiva era a carcaça do filtro, com mais entradas para melhorar o fluxo de ar.
O câmbio perdia maciez e precisão em troca da quinta marcha, que melhorava a máxima (150,6 km/h) e o consumo (13,56 km/h), inferior ao de muito carro menor. Com o diferencial mais curto, ele ficava mais rápido: 0 a 100 km/h em 15,9 segundos, como mostrava a edição de fevereiro de 1979.
Nos números, a diferença entre o Corcel comum e o novo GT era discreta, pelo menos até a primeira curva. Toda revisada, a suspensão desceu 1,3 cm e ficou mais firme, graças a molas dianteiras de maior carga.
Para não comprometer o conforto, as traseiras não mudaram, mas o eixo ganhou uma barra estabilizadora para reduzir a rolagem da carroceria, que parecia mais baixa com as novas faixas pretas laterais, como no carro da foto, um modelo 1979 recém-adquirido por um colecionador paulista. Com o maior equilíbrio, até as frenagens melhoravam.
Com o fim do Maverick, em 1979, o GT passou a ser o único esportivo da Ford. Neutro com leve tendência ao subesterço, ele transmitia segurança também em alta velocidade. Mas, com fama de lento e apelo restrito ao visual, o GT não resistiu à concorrência e encerrou sua breve carreira em 1981.

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