Yamaha RD 350 LC, A Esportiva Nacional dos Anos 80, Brasil
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A fama da Yamaha no Brasil dos anos 1970 foi construída com grande ajuda da RD 350. A leve e rápida 2 tempos japonesa apelidada de Viúva Negra. Foi importada até 1974, quando a alíquota de importação subiu e a marca trouxe o último lote do Japão. Nessa época a Yamaha inaugurava uma fábrica em Guarulhos (SP) para produção local da RD 50. O foco passaria da importação à nacionalização de modelos de menor cilindrada e baixa complexidade tecnológica. De 1976 a 1979 os mercados internacionais ainda conheceram uma RD 400, com motor ampliado e linhas atualizadas.
A história da RD 350 nacional começou só em 1980, quando a Yamaha lançou uma nova moto no exterior. Era a RD 350 LC, com adição do “Liquid Cooled” ao nome (“refrigerada a líquido”). O propulsor de 2 cilindros paralelos também incorporava o sistema de válvulas de escapamento YPVS, para restringir a saída de gases em baixas rotações e melhorar a performance urbana.
Duas Rodas causou alvoroço ao publicar uma avaliação do modelo em setembro de 1984. A unidade importada estava no Brasil para testes e desenvolvimento de componentes nacionais pela Yamaha. E a novidade não era apenas a nacionalização da “moto de competição domesticada para as ruas”. Nesse texto Duas Rodas revelava que a produção ocorreria numa nova fábrica da marca em Manaus (AM). A nova planta na Zona Franca viabilizaria a produção de modelos de maior cilindrada e complexidade com alguns componentes importados. As primeiras da lista seriam RD 350 LC e XT 600Z Ténéré.
A unidade cedida pela Yamaha foi testada em ruas, estradas e no autódromo de Interlagos. Alcançou 186 km/h e antecipava um novo patamar de desempenho para as motos nacionais. Em junho de 1985, já perto da data de lançamento prevista, a mesma RD foi comparada à Honda CB 450. A construção da fábrica estava atrasada em quase um ano e o lançamento só aconteceria no fim de 1986. Até lá a Honda já teria reagido importando a CBX 750F e encaminhando a nacionalização para 1987. Embora rivalizassem na performance, seriam modelos de concepções e preços muito diferentes.
O modelo nacional da RD 350 LC já teria as atualizações apresentadas naquele mesmo ano no exterior. Incorporava uma carenagem frontal fixa com farol retangular e rabeta redesenhada com lanterna também retangular, seguindo o design da esportiva topo de linha RD 500 LC, com motor V4. Mais aerodinâmica e com os mesmos 55 cv beirava 200 km/h, acelerando a 100 km/h na casa de 5 segundos. O desempenho era muito superior ao da CB 450 e mais próximo da nova 750 de 4 cilindros. Depois de nacionalizada em 1987 a CBX 750F teve o preço reduzido, mas ainda custava o dobro da RD.
Apesar das comparações de desempenho entre RD e CBX, as motos nacionais mais velozes dos anos 1980 tinham conceitos diferentes. A Honda era confortável, grande e pesava 80 kg a mais que a esguia RD com seu motor de 2 cilindros. Um comparativo em Interlagos comprovou que a Yamaha levava vantagem nas curvas do miolo e a Honda recuperava nas retas.
No processo de nacionalização a taxa de compressão foi reduzida de 7,2:1 para 5:1, por causa da pior qualidade da gasolina. Os dois carburadores Mikuni 26 tiveram os giclês de alta aumentados para reduzir o risco de quebra do pistão. E as câmaras de combustão foram simplificadas sem o formato hemisférico que permitia ao modelo atingir 59 cv no exterior. No Brasil, o topo da câmara era um cone reto, como na trail DT 180, e não arredondada. Por outro lado, a suspensão dianteira mantinha regulagem pneumática e os pneus não usavam câmara pela primeira vez no país. Dois itens que foram suprimidos da CBX nacional.
Pouco mudaria na Yamaha RD 350 LC até o fim da produção, em 1993. As principais atualizações ocorreram na carenagem, que recebeu adição de peças laterais para cobrir o motor a partir de 1988. Para 1991 a mudança foi maior, com novo formato e dois faróis redondos no lugar do retangular.
Nota do blog: Data e autoria das imagens desconhecida.
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