segunda-feira, 11 de março de 2019

Matadouro Municipal, Circa 1910-1920, São Paulo, Brasil


Matadouro Municipal, Circa 1910-1920, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia


O bairro da Vila Mariana tem sua história atrelada ao chamado “Matadouro Municipal do Bairro de Vila Mariana”, criado para sanar as necessidades de carne da população de São Paulo.
A região foi escolhida por se tratar de um lugar, na época, distante do centro da cidade.
Segundo contam, o antigo Matadouro Municipal deixava o Córrego do Itororó “vermelho”, o contaminando com sangue e restos dos animais abatidos que eram descartados em seu curso, além de gerar mal cheiro, lixo, perigo de doenças, etc.
Além disso, havia a questão dos abates sanitários, que são aqueles realizados para abater animais doentes, velhos, entre outros problemas, para evitar contaminações e epidemias na cidade e rebanhos.
Tal situação levou o governo a buscar uma saída para resolver essa questão sanitária e atender as necessidades da população, especialmente a parcela mais rica que reclamava do absurdo da situação, e dos criadores e comerciantes de carne.
Para deixar ainda mais claro que o problema precisava ser resolvido urgentemente, um médico chamado Alfredo Ellis, através de um ofício, fez um longo estudo sobre a contaminação que o Matadouro estava gerando nos rios do centro da cidade.
Diante dessa pressão, a municipalidade se mexeu e a solução encontrada foi criar um novo órgão, distante do centro da cidade, para a realização dos abates.
De uma só tacada, agradavam os ricos, que viam a situação que os incomodava ser mandada para longe, e os criadores e comerciantes, que podiam continuar com suas atividades.
Decidida a questão, o andamento do projeto foi confiado ao engenheiro alemão Alberto Kuhlmann, que auxiliou na construção do edifício do Matadouro e na consolidação de uma ferrovia que transportasse os animais para o local.
Uma vez em operação, o procedimento seria o seguinte: o gado chegaria pela ferrovia, ficaria pastando onde hoje é o Parque do Ibirapuera, aguardando o momento do abate.
Importante ressaltar que, além da ferrovia, os animais também seriam transportados para o Matadouro por meio de charretes e veículos adaptados para esse serviço, conforme mostra a fotografia que ilustra o post.
A parada da estação do Matadouro acabou conhecida pela população como "Mariana Mato Grosso", nome da esposa de Kuhlmann, e acabou batizando o bairro, eternizando o nome dela na história da cidade.
Após sua inauguração e tendo suas atividades iniciadas no ano de 1887, produzia 14 mil quilos diários de carne bovina para as 70 mil pessoas que compunham a população paulistana.
O Matadouro desempenharia suas funções até o ano de 1927.
Finalmente, décadas depois, e alguns usos para atividades diversas, o prédio passou por modificações e foi adaptado para receber pessoas, salas de cinema, estruturas administrativas e acervo, tornando-se sede do maior acervo cinematográfico de produções nacionais do país. Acabou tombado como patrimônio histórico e passou a ser a “Cinemateca Brasileira”.
Mas, como tudo que acontece com bens históricos que devem ser preservados no Brasil, não recebe os devidos cuidados. Frequentemente vemos reportagens denunciando manutenção inadequada das instalações e acervo.

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