Fiat Marea Turbo, Brasil
Fotografia
Primeira
cartada da Fiat no segmento dos sedãs médios, o Tempra tornou-se a referência
nacional em desempenho nos anos 90, com as opções de motor multiválvulas e
turbo. Aclamadas pela crítica e pelo mercado, suas versões de alto desempenho
mudaram a imagem da casa de Turim e foram sucedidas em 1999 por outro ícone
ítalo-brasileiro: o Marea Turbo.
Ítalo-brasileiro
porque a adição do turbo era exclusividade da filial de Betim. Disponível nas
duas configurações de carroceria (sedã e a perua Weekend), a versão esportiva
acrescentava um sopro de selvageria ao ótimo motor de cinco cilindros em linha
e 20 válvulas, célebre pela suavidade de funcionamento e pelo ronco encorpado e
singular.
Pacato em
baixas rotações, o assobio da turbina Garrett T28 mostrava-se presente já a 2
000 rpm, soprando vigorosamente a partir de 3 000 rpm. Em linha reta, nenhum
automóvel nacional era capaz de superar o Marea Turbo em aceleração e
velocidade final. No teste da edição de março de 2000, chegou aos 100 km/h em
apenas 8,12 segundos e alcançou os 219 km/h de velocidade máxima.
Além do turbo,
o motor recebia coletor de admissão próprio, bielas e pistões redimensionados e
válvulas de escape refrigeradas a sódio. Havia também radiador de óleo e
intercooler, este último de suma importância para os altos números de torque e
potência: 27 mkgf a 2750 rpm e 182 cv a 6000 rpm.
Sem controle
de tração e estabilidade, era preciso habilidade para conter tanto desempenho:
a suspensão mais firme apresentava equilíbrio acima da média, resultado de uma
revisão na carga de molas e amortecedores. De eletrônica, só ABS com
distribuição de frenagem entre os eixos, atuando em freios a disco nas quatro
rodas, também redimensionados.
Externamente,
o Marea Turbo era sóbrio e discreto: apenas grade, logotipos, saídas de ar no
capo e rodas de desenho exclusivo (meia polegada mais largas) denunciavam a
versão. Até os pneus 195/60 R15 eram os mesmos dos Marea comuns, mas com código
W, capazes de alcançar 270 km/h com segurança. Em 2002, a traseira do sedã foi
reestilizada, com forte inspiração no Lancia Lybra.
Seu desempenho
não deixava a desejar em relação aos importados. Só dois nacionais rivalizavam
com ele: os primos VW Golf GTI e Audi A3, ambos turbo. Os três viraram os
queridinhos das oficinas de preparação, que buscavam extrair sempre o máximo de
seus motores sobrealimentados. No caso do Marea, isso ficava ainda mais fácil:
na configuração original, o motor turbo de cinco cilindros rendia 220 cv, pois
havia sido idealizado para o Fiat Coupé italiano. A engenharia amansou o motor
para evitar alterações ainda mais profundas na suspensão e nos freios, que
fatalmente comprometeriam sua proposta familiar. Mas muitos proprietários
buscavam apenas o desempenho puro e simples, motivo pelo qual é muito difícil
encontrar um Marea Turbo em seu estado original nos dias de hoje.
Não é o caso
do carro das fotos, que pertence ao delegado André Luiz Tewfiq. Adquirido novo
em 2002, rodou só 70000 km desde então. “Passei a usar mais o Marea depois que
precisei realizar viagens constantes: é nas estradas que ele encontra seu
habitat natural”, diz. “A reserva de potência do motor garante ultrapassagens
sempre seguras, fora o prazer que proporciona a quem gosta de dirigir.”
Mais potente
veículo de sua época, o Marea Turbo não deixou sucessor: a proposta do
recém-finado Linea T-JET é a do downsizing e não da esportividade, já que o
desempenho de seu motor turbo corresponde ao de um bom motor 2.0 aspirado. Ao
todo, apenas 2 690 unidades foram comercializadas: 1 643 sedãs e 1 047 peruas
até janeiro de 2007, para tristeza dos fãs da Fiat e dos turbinados de alto
desempenho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário