sábado, 28 de setembro de 2019

Fiat Marea Turbo, Brasil






Fiat Marea Turbo, Brasil
Fotografia


Primeira cartada da Fiat no segmento dos sedãs médios, o Tempra tornou-se a referência nacional em desempenho nos anos 90, com as opções de motor multiválvulas e turbo. Aclamadas pela crítica e pelo mercado, suas versões de alto desempenho mudaram a imagem da casa de Turim e foram sucedidas em 1999 por outro ícone ítalo-brasileiro: o Marea Turbo.
Ítalo-brasileiro porque a adição do turbo era exclusividade da filial de Betim. Disponível nas duas configurações de carroceria (sedã e a perua Weekend), a versão esportiva acrescentava um sopro de selvageria ao ótimo motor de cinco cilindros em linha e 20 válvulas, célebre pela suavidade de funcionamento e pelo ronco encorpado e singular.
Pacato em baixas rotações, o assobio da turbina Garrett T28 mostrava-se presente já a 2 000 rpm, soprando vigorosamente a partir de 3 000 rpm. Em linha reta, nenhum automóvel nacional era capaz de superar o Marea Turbo em aceleração e velocidade final. No teste da edição de março de 2000, chegou aos 100 km/h em apenas 8,12 segundos e alcançou os 219 km/h de velocidade máxima.
Além do turbo, o motor recebia coletor de admissão próprio, bielas e pistões redimensionados e válvulas de escape refrigeradas a sódio. Havia também radiador de óleo e intercooler, este último de suma importância para os altos números de torque e potência: 27 mkgf a 2750 rpm e 182 cv a 6000 rpm.
Sem controle de tração e estabilidade, era preciso habilidade para conter tanto desempenho: a suspensão mais firme apresentava equilíbrio acima da média, resultado de uma revisão na carga de molas e amortecedores. De eletrônica, só ABS com distribuição de frenagem entre os eixos, atuando em freios a disco nas quatro rodas, também redimensionados.
Externamente, o Marea Turbo era sóbrio e discreto: apenas grade, logotipos, saídas de ar no capo e rodas de desenho exclusivo (meia polegada mais largas) denunciavam a versão. Até os pneus 195/60 R15 eram os mesmos dos Marea comuns, mas com código W, capazes de alcançar 270 km/h com segurança. Em 2002, a traseira do sedã foi reestilizada, com forte inspiração no Lancia Lybra.
Seu desempenho não deixava a desejar em relação aos importados. Só dois nacionais rivalizavam com ele: os primos VW Golf GTI e Audi A3, ambos turbo. Os três viraram os queridinhos das oficinas de preparação, que buscavam extrair sempre o máximo de seus motores sobrealimentados. No caso do Marea, isso ficava ainda mais fácil: na configuração original, o motor turbo de cinco cilindros rendia 220 cv, pois havia sido idealizado para o Fiat Coupé italiano. A engenharia amansou o motor para evitar alterações ainda mais profundas na suspensão e nos freios, que fatalmente comprometeriam sua proposta familiar. Mas muitos proprietários buscavam apenas o desempenho puro e simples, motivo pelo qual é muito difícil encontrar um Marea Turbo em seu estado original nos dias de hoje.
Não é o caso do carro das fotos, que pertence ao delegado André Luiz Tewfiq. Adquirido novo em 2002, rodou só 70000 km desde então. “Passei a usar mais o Marea depois que precisei realizar viagens constantes: é nas estradas que ele encontra seu habitat natural”, diz. “A reserva de potência do motor garante ultrapassagens sempre seguras, fora o prazer que proporciona a quem gosta de dirigir.”
Mais potente veículo de sua época, o Marea Turbo não deixou sucessor: a proposta do recém-finado Linea T-JET é a do downsizing e não da esportividade, já que o desempenho de seu motor turbo corresponde ao de um bom motor 2.0 aspirado. Ao todo, apenas 2 690 unidades foram comercializadas: 1 643 sedãs e 1 047 peruas até janeiro de 2007, para tristeza dos fãs da Fiat e dos turbinados de alto desempenho.

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