Ford Belina II, Brasil
Fotografia
Única perua da
Ford na década de 70, a linha Belina recebeu um banho de atualidade em 1978,
quando passou a ser denominada Belina II: ela incorporava as principais
alterações da linha Corcel, com linhas retas e angulosas capazes de disfarçar um
projeto prestes a completar dez anos. A bem da verdade, a Belina II mantinha a
robustez e economia de sua antecessora, em um pacote mais funcional e atraente.
Sua grande
área envidraçada permitia ótima visibilidade e o porta-malas (até o teto)
chegava a 768 litros, só 6 litros menor que o da rival Chevrolet Caravan.
Reforços estruturais deixavam o monobloco mais seguro e a lista de itens de
segurança incluía pneus radiais, para-brisa laminado e coluna de direção
retrátil. Um dos segredos do baixo consumo estava na aerodinâmica: suas linhas
foram desenvolvidas em túnel de vento, diminuindo o coeficiente de arrasto.
Ela continuou
sendo explorada nos anos seguintes, com defletores que diminuiam a turbulência
sobre diversos componentes mecânicos. Uma ventoinha com embreagem
eletromagnética automática, oferecida como opcional, ajudava a poupar preciosos
4 cv. As versões eram a L, mais simples, e a LDO, luxuosa, mas o acabamento era
esmerado em ambas, com materiais de qualidade e arremates bem feitos. Também comum
era a aeração interna de grande vazão, que renovava o ar ambiente de forma
constante, evitando a sonolência do motorista.
A suspensão
entregava a idade do projeto, com braços sobrepostos na dianteira e eixo rígido
na traseira. O rodar era macio, tipicamente americano, e o comportamento no
limite da aderência era subesterçante, de fácil correção. Mesmo sem
assistência, a direção da perua era leve e precisa e as frenagens de emergência
não provocavam desvios de trajetória. Idealizada para ser econômica, espaçosa e
confortável, era difícil encontrar alguma esportividade na Belina II. O
excelente isolamento acústico suprimia o som do pequeno motor 1.4, capaz de
percorrer mais de 12 km com apenas 1 litro de gasolina.
O desempenho
não impressionava: máxima de 133,8 km/h e 21,5 segundos para atingir 100 km/h.
No ano seguinte, surgiu o 1.6, com carburador de corpo duplo e ignição
eletrônica. O aumento no consumo era desprezível, mas ganhava-se 10 km/h na
velocidade final e o 0 a 100 km/h levava 18 segundos. Depois veio o câmbio de
cinco marchas, que a colocava num patamar superior ao da VW Variant II e mais
atraente que as Caravan mais simples. O tanque de 63 litros garantia autonomia
de 750 km, indispensável numa época de postos fechados.
A Belina II
perdeu o reinado só em 1982, quando nasceu a Parati, menor, mais ágil e
potente. Nem a versão a álcool foi capaz de resistir ao apelo jovem da perua da
VW. A Belina ainda recebeu discretas melhorias em 1984, nas versões L e GL. O
motor passou a ser o CHT do Escort, com câmaras de combustão de alta
turbulência para melhor desempenho e consumo, que chegava aos 13 km/l. É desse
ano a Belina II das fotos, que pertence ao engenheiro Luis Vital Vianna. Filho
de um ex-empregado da Ford, Vianna acompanha o histórico do carro desde zero-
quilômetro: “Meu pai trabalhou na Ford de 1970 a 1986 e essa Belina foi
comprada por um colega dele em 1983.Veio para a família em 1999 e foi
restaurada aos poucos até 2011. Agora só falta o rádio Philco original”, diz
ele, orgulhoso de sua Belina.
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