Volkswagen Voyage, Brasil
Fotografia
Segredo
industrial, o Gol três-volumes estampou a capa de nossa edição de março de
1981. O mistério da Volkswagen só foi desvendado em julho. O Voyage era o
segundo filho da família BX, concebida pela equipe do engenheiro alemão Philipp
Schmidt especialmente para o Brasil.
O Voyage era o
meio-termo entre as limitações do Gol e as virtudes do Passat. Superou o
primeiro em aproveitamento de espaço e recebeu do segundo o motor 1.5 refrigerado
a água. Com comando de válvulas no cabeçote para trabalhar em altas rotações,
era bem mais silencioso que o boxer a ar utilizado por Gol, Brasília e Fusca.
Outra
diferença em relação ao Gol era o conjunto óptico dianteiro semelhante ao do
Passat, com enormes faróis retangulares ladeados por piscas verticais. A
traseira também tinha personalidade própria, com leve inspiração nos primos
alemães Derby e Jetta. A VW não fazia questão de esconder que o objetivo era
roubar clientes do Chevrolet Chevette.
Já veterano, o
compacto da GM sentia o peso dos oito anos no mercado e era penalizado pela
antiga concepção de motor dianteiro e tração traseira, com menor aproveitamento
de espaço interno e maior perda mecânica. A tração dianteira do Voyage era mais
eficiente: no nosso teste foi de 0 a 100 km/h em 15,78 segundos e atingiu
a máxima de 146,34 km/h.
“O maior
problema do Voyage era o coeficiente aerodinâmico de 0,50, uma verdadeira
parede”, relata Bob Sharp, ex-diretor de competições da VW. “Para melhorar a velocidade
nas pistas foi preciso homologar uma série de anexos aerodinâmicos. Por outro
lado, seu monobloco era o mais rígido dos automóveis da família BX, graças à
ausência da terceira porta presente no Gol e na Parati.”
Enquanto isso,
o Chevette foi todo renovado para 1983 e a Fiat se apressou para criar o sedã
Oggi. No mesmo ano, o Voyage recebeu o motor MD 270, com cilindrada ampliada
para 1,6 litro e calibrado para oferecer torque e potência em rotações mais
baixas. Apresentada no mesmo período, a carroceria de quatro portas não teve a
mesma aceitação no mercado.
Fez sucesso na
América Latina, onde recebeu motores diesel e foi rebatizado como Gacel, Amazon
e Senda. O câmbio de cinco marchas veio só em 1985, com o motor AP de 1,6 litro
e bielas longas. A versão Super apareceu no ano seguinte com supressão de cromados,
interior do Gol GT e motor AP de 1,8 litro e 94 cv.
A primeira
reestilização ocorreu em 1987: frente mais baixa e para-choques envolventes
foram necessários para encarar projetos modernos como o Ford Escort e Fiat
Prêmio. Embarcou para os EUA e Canadá em 1988, levando injeção eletrônica e o
nome Fox. Poucos foram vistos na Europa, mas vários foram para o Iraque após o
fim da produção do Passat nacional.
Em 1990, o
Voyage foi afetado por uma das atitudes mais discutíveis da Autolatina: a
oferta do motor AE 1600, o velho Ford CHT com comando de válvulas no bloco.
Criticado pela falta de torque e potência, dava o troco no baixo consumo: 10,38
km/l na cidade e 14,88 km/l na estrada.
A última
reestilização foi em 1991, com alterações nos faróis, grade e lanternas. Em
1993, veio a versão Sport, com o mesmo motor do Gol GTS. A produção nacional
foi encerrada em 1994: o Voyage de primeira geração marcou presença em nosso
mercado até 1995, importado da Argentina.
Produzido em
1981, este exemplar pertence ao colecionador Leonardo Braz e não tem as
entradas de ar abaixo do para-choque. “Acredito se tratar de um pré-série que
usaria o motor refrigerado a ar do Gol. Só conheço duas fotos de Voyage nessa
condição: um protótipo fotografado no pátio de fábrica e o que foi publicado
por QUATRO RODAS em março de 1981.”
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