Fotografia
A década de 80
é sempre lembrada por muitos como a “década perdida”, em razão da estagnação
econômica e retração industrial. Com as importações proibidas, o publico de
maior poder aquisitivo buscava status e exclusividade nas variações esportivas
dos modelos em produção: Ford Escort XR3,VW Gol GTS e Chevrolet Monza S/R,
sendo este último a referência na combinação de conforto e desempenho.
Porém, em
1989, os dias do Monza esportivo estavam contados: a GM apresentou o Kadett,
primeiro automóvel inteiramente novo em cinco anos. À parte o impacto da
novidade em si, todos os olhos se voltaram para sua versão esportiva, a GS.
Além de seu aspecto inovador, ele surpreendia pelo desempenho, pela comodidade
e segurança.
Dotado do
mesmo 2.0 a álcool do Monza, ele chegou a 171,1 km/h no primeiro teste nas páginas
da QUATRO RODAS (edição de abril de 1989),
ficando atrás apenas dos Opala de seis cilindros (com mais que o dobro da
cilindrada) e do Gol GTi (com injeção eletrônica).
No 0 a 100
km/h ele precisou de 11,26 segundos e cumpriu todas as provas de desempenho
surpreendendo pela elasticidade do motor e pelo baixíssimo nível de ruído. A
estabilidade excelente, sem solavancos, demonstrava que o GS era um esportivo
civilizado.
Além do
tradicional aerofólio traseiro, mereciam destaque a tampa do porta-malas
adesivada preto fosco, as exclusivas rodas de aro 14, as saídas de ar no capô,
lanternas traseiras frisadas, a ponteira de escapamento dupla e a charmosa e
solitária luz de neblina traseira, que acendia em conjunto com os faróis de
neblina.
Por dentro, os
confortáveis bancos com regulagem de altura contrastavam com o painel de fundo
vermelho, auxiliado por um vacuômetro, um check control e um computador de
bordo. O volante de três raios também oferecia regulagem de altura.
Ar-condicionado,
direção hidráulica e pintura metálica só eram oferecidos à parte, mas o
opcional mais interessante era a suspensão traseira com regulagem pneumática.
Apesar da
limitada capacidade de seu porta-malas (269 litros), era possível nivelar a altura
da suspensão quando estivesse carregado e pesado, calibrando bolsas de ar que
ficavam em torno dos amortecedores.
Sua grande
virtude era o coeficiente aerodinâmico de apenas 0,30, o menor entre todos os
modelos nacionais. Mérito dos vidros colados rente à carroceria, limpadores de
para-brisa com aletas e da ausência de calhas de chuva. Os faróis de neblina
eram integrados ao desenho do para-choque, sempre da mesma cor do veículo.
Apesar desses
cuidados, eles não conseguiram conter o apetite voraz do GS no consumo de
combustível, principalmente na estrada, graças às relações curtas de câmbio e
diferencial: a 120 km/h, ele fazia 7,19 km/l. Para piorar, o tanque de 47
litros limitava a autonomia, inferior a 350 km.
O problema só
foi solucionado em meados de 1990, com mudanças como a versão movida a
gasolina, o alongamento da relação final de transmissão e os pneus de perfil
65, mais altos. Com as alterações, o GS ficou mais lento, mas garantiu uma dose
ainda maior de conforto em viagens. E assim ele permaneceu sem maiores
alterações até o fim de 1991, quando saiu de linha.
É o caso do
exemplar das fotos acima, que pertence ao engenheiro Mário Triches Junior. “O
meu é um modelo 1991, ano em que o teto solar foi oferecido pela primeira vez
em um GM. Ele se diferencia dos outros esportivos da época pelo conforto, baixo
nível de ruído e rodar sólido comum a todos os GM da época”, diz Triches.
O GS depois
cedeu lugar ao GSi, que aposentou o carburador em favor da injeção eletrônica.
Na época, sua decoração externa mais diferenciada foi adotada por muitos
proprietários do GS, o que acabou descaracterizando muitos desses modelos.
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