Volkswagen Quantum, Segunda Geração, Brasil
Fotografia
Em 1992, SUVs
e minivans eram coisa de seriado americano: as peruas povoavam os sonhos das
famílias brasileiras e todos os fabricantes ofereciam pelo menos uma opção.
Pois foi nesse cenário que a segunda geração da Quantum chegou às ruas, pegando
carona no sucesso do irmão Santana. Nesse ano, o sedã estava na crista da onda:
com ABS, injeção eletrônica e bom desempenho, foi o Eleito do Ano de QUATRO
RODAS, superando Monza, Versailles e Tempra.
A Quantum
surfaria em outra praia: a quinta porta facilitava o acesso da farofa, da
galinha e da vitrolinha, como dizia a célebre música do Ultraje a Rigor na
época, enquanto o bagageiro no teto carregava as pranchas. A viagem em família
era seu habitat.
Ambos haviam
sido reformulados com linhas inspiradas no Passat alemão e nos Audi: do modelo
anterior ficaram apenas a estrutura e as portas. Todo o resto era novo,
desenhado no computador e testado em túnel de vento: frente, para-brisa e teto,
tudo era revisto em função da aerodinâmica. A concorrência não perdeu tempo: a
Ford oferecia a Royale, uma versão de duas portas da própria Quantum (na era
Autolatina), a GM apresentou a Suprema e pouco depois a Fiat importou a Tempra
SW. Mas a Quantum liderava soberana entre as peruas grandes.
No entanto,
não era fácil conviver com certos detalhes: apesar do projeto de 195 milhões de
dólares, permaneciam os anacrônicos quebra-ventos, junto da maçaneta do tipo
gatilho, quase a mesma do Passat 1974. Mas o interior ficou mais caprichado,
com painel arredondado (de iluminação alaranjada).
O fraco 1.8
voltava a equipar a básica CL, enquanto GL e GLS recebiam o 2.0 e diferencial
mais longo. Opcionais exclusivos da GLS eram o câmbio automático de três
marchas e a injeção Bosch LE-Jetronic, superior ao carburador eletrônico das
versões inferiores. A suspensão trazia amortecedores pressurizados e os freios
eram discos dianteiros ventilados resistentes ao fading, um problema da geração
anterior. Outro opcional da versão GLS era o ABS, inserindo a Quantum no
ranking nacional de frenagem: a 80 km/h, percorria 26,9 metros até parar, em
total segurança.
A novidade
para 1993 foi a injeção monoponto FIC na CL, dando mais fôlego ao motor 1.8: 0
a 100 km/h em 14,11 segundos, com máxima de 165,3 km/h, no teste da edição de
julho de 1993. A GL ganhava opção da injeção Bosch e ficava ainda melhor: 179,2
km/h e 0 a 100 km/h em 12,27 segundos. Se o desempenho mudava, a estabilidade
era ótima em todas as versões: ela era superior à maioria dos nacionais,
exibindo comportamento neutro, com tendência ao subesterço no limite. Nada mau
para um veículo familiar, sem pretensões esportivas.
Em 1994, os
2.0 aposentavam a injeção analógica Bosch LE-Jetronic, que cedeu lugar à FIC
multiponto digital. Em 1996, a Quantum passou a ser oferecida em quatro versões
distintas: 1.8 Mi e 2000 Mi (básicas), Evidence (intermediária com detalhes
esportivos, como o volante do Gol GTI) e a top Exclusiv.
Com os anos 90
chegando ao fim, caía a predileção pelas peruas: em 1998, para-choques e faróis
foram modificados e os quebra-ventos, suprimidos. A VW fazia o que podia para
manter o fôlego para encarar as jovens Fiat Marea Weekend e Ford Mondeo SW. Em
vão: a Quantum aposentou-se em 2002, após dez anos de vida, quando chegou a
custar menos que a Parati. Sem investimentos, encerrou sua carreira sem o
brilho dos bons tempos, deixando órfã uma legião de apaixonados que recordam
com carinho de suas maiores qualidades: espaço e estabilidade.
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