segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Volkswagen Quantum, Segunda Geração, Brasil







Volkswagen Quantum, Segunda Geração, Brasil
Fotografia


Em 1992, SUVs e minivans eram coisa de seriado americano: as peruas povoavam os sonhos das famílias brasileiras e todos os fabricantes ofereciam pelo menos uma opção. Pois foi nesse cenário que a segunda geração da Quantum chegou às ruas, pegando carona no sucesso do irmão Santana. Nesse ano, o sedã estava na crista da onda: com ABS, injeção eletrônica e bom desempenho, foi o Eleito do Ano de QUATRO RODAS, superando Monza, Versailles e Tempra.
A Quantum surfaria em outra praia: a quinta porta facilitava o acesso da farofa, da galinha e da vitrolinha, como dizia a célebre música do Ultraje a Rigor na época, enquanto o bagageiro no teto carregava as pranchas. A viagem em família era seu habitat.
Ambos haviam sido reformulados com linhas inspiradas no Passat alemão e nos Audi: do modelo anterior ficaram apenas a estrutura e as portas. Todo o resto era novo, desenhado no computador e testado em túnel de vento: frente, para-brisa e teto, tudo era revisto em função da aerodinâmica. A concorrência não perdeu tempo: a Ford oferecia a Royale, uma versão de duas portas da própria Quantum (na era Autolatina), a GM apresentou a Suprema e pouco depois a Fiat importou a Tempra SW. Mas a Quantum liderava soberana entre as peruas grandes.
No entanto, não era fácil conviver com certos detalhes: apesar do projeto de 195 milhões de dólares, permaneciam os anacrônicos quebra-ventos, junto da maçaneta do tipo gatilho, quase a mesma do Passat 1974. Mas o interior ficou mais caprichado, com painel arredondado (de iluminação alaranjada).
O fraco 1.8 voltava a equipar a básica CL, enquanto GL e GLS recebiam o 2.0 e diferencial mais longo. Opcionais exclusivos da GLS eram o câmbio automático de três marchas e a injeção Bosch LE-Jetronic, superior ao carburador eletrônico das versões inferiores. A suspensão trazia amortecedores pressurizados e os freios eram discos dianteiros ventilados resistentes ao fading, um problema da geração anterior. Outro opcional da versão GLS era o ABS, inserindo a Quantum no ranking nacional de frenagem: a 80 km/h, percorria 26,9 metros até parar, em total segurança.
A novidade para 1993 foi a injeção monoponto FIC na CL, dando mais fôlego ao motor 1.8: 0 a 100 km/h em 14,11 segundos, com máxima de 165,3 km/h, no teste da edição de julho de 1993. A GL ganhava opção da injeção Bosch e ficava ainda melhor: 179,2 km/h e 0 a 100 km/h em 12,27 segundos. Se o desempenho mudava, a estabilidade era ótima em todas as versões: ela era superior à maioria dos nacionais, exibindo comportamento neutro, com tendência ao subesterço no limite. Nada mau para um veículo familiar, sem pretensões esportivas.
Em 1994, os 2.0 aposentavam a injeção analógica Bosch LE-Jetronic, que cedeu lugar à FIC multiponto digital. Em 1996, a Quantum passou a ser oferecida em quatro versões distintas: 1.8 Mi e 2000 Mi (básicas), Evidence (intermediária com detalhes esportivos, como o volante do Gol GTI) e a top Exclusiv.
Com os anos 90 chegando ao fim, caía a predileção pelas peruas: em 1998, para-choques e faróis foram modificados e os quebra-ventos, suprimidos. A VW fazia o que podia para manter o fôlego para encarar as jovens Fiat Marea Weekend e Ford Mondeo SW. Em vão: a Quantum aposentou-se em 2002, após dez anos de vida, quando chegou a custar menos que a Parati. Sem investimentos, encerrou sua carreira sem o brilho dos bons tempos, deixando órfã uma legião de apaixonados que recordam com carinho de suas maiores qualidades: espaço e estabilidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário