Instituto de Estudos Brasileiros IEB/USP São Paulo
OST - 65x70 - 1925
O Mamoeiro (1925), Tarsila
retrata a paisagem brasileira com intenso colorido.
"Esta
obra mostra o início da ocupação dos morros das grandes cidades. A simplificação
e estilização das formas promovem certa relação com o cubismo.
Mostrando a
vida simples, o dia a dia das pessoas (roupas no varal), vizinhas que se
visitam, mãe com filhos. É importante refletir sobre a mudança de hábitos
das pessoas a partir da grande concentração de pessoas que hoje habitam os
morros. Frutas e plantas tropicais são estilizadas geometricamente.
Apesar de ter
tido contato com as novas tendências e vanguardas, Tarsila somente aderiu às
ideias modernistas ao voltar ao Brasil, em 1922. Numa confeitaria paulistana,
foi apresentada por Anita Malfatti aos modernistas Oswald de Andrade, Mário de
Andrade e Menotti Del Picchia. Esses novos amigos passaram a frequentar seu
atelier, formando o Grupo dos Cinco. Este grupo foi o mais importante da Semana
de Arte Moderna de 1922.
Em 1924, em
meio à uma viagem de "redescoberta do Brasil" com os modernistas
brasileiros e com o poeta franco-suíço Blaise Cendrars, Tarsila iniciou sua
fase artística "Pau-Brasil", dotada de cores e temas
acentuadamente tropicais e brasileiros, onde surgem os "bichos
nacionais"(mencionados em poema por Carlos Drummond de Andrade), a
exuberância da fauna e da flora brasileira, as máquinas, trilhos, símbolos da
modernidade urbana. A Antropofagia propunha a digestão de influências
estrangeiras, como no ritual canibal (em que se devora o inimigo com a crença
de poder-se absorver suas qualidades), para que a arte nacional ganhasse uma
feição mais brasileira.
Tarsila do
Amaral foi à representante do movimento Pau-Brasil que, subdividido
nas fases construtivo, exótico e metafísico, representa o cúmulo da
brasilidade, traduzida não somente em seus temas humanos e nacionais, como
também nas cores vivas até então rejeitadas por uma academia
retrógrada e passadista.
Seus tons, de
intensidade e força absurdas, são reminiscências de infância da pintora nascida
em Capivari, interior de São Paulo. Desde então, Tarsila adota de forma quase
que rebelde e contestadora cada colorido excessivo para, assim, melhor
representar um país-aquarela."
"O
Mamoeiro pertence à Fase Pau-Brasil. Nessa fase as
pinturas de Tarsila exaltavam a natureza tropical, valorizavam a
brasilidade, os tipos humanos como os caboclos e os negros, e a tranquilidade
das pequenas cidades".
Nesta
fase a influência da escola cubista é marcante, mas a diferença entre Tarsila e
os outros pintores da época reside no fato de que ela representa a
temática de nosso país com cores fortes - ditas caipiras - que seus professores
diziam ser de mau gosto desaconselhando a utilizá-las em sua obra.
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