Ford Escort SW, Brasil
Fotografia
A chegada do
Escort ao Brasil, em 1983, marcou o início de uma era: a dos carros mundiais.
Sua missão era substituir o Corcel II e não faltavam qualidades. Muito atual,
tinha soluções modernas, como o motor transversal, suspensão independente nas
quatro rodas e linhas que favoreciam a aerodinâmica (o coeficiente era de
0,385, o mais baixo entre os nacionais).
O novato
preservava o acabamento notável da marca e tinha excelente dirigibilidade.
Logo veio uma versão esportiva, a XR3, que se tornou um sonho de consumo para
os jovens.
Por outro
lado, os pais de família que queriam uma perua Escort ficaram sem ter seu
desejo atendido, apesar de o modelo ser visto com frequência nas imediações da
fábrica ou nos arredores do campo de provas de Tatuí, em São Paulo.
Em 1989, o
Escort ganhou uma versão três-volumes (chamada Verona), mas nada da perua.
Enquanto isso, a Parati era o sucesso do segmento, favorecida pelo envelhecimento
da Belina. Uma segunda geração do Escort veio em 1992 – e, novamente, nenhum
sinal de uma station wagon.
A estranha
situação só foi esclarecida com o fim da Autolatina (joint venture entre Ford e
Volkswagen), em 1996: o acordo operacional entre os fabricantes impedia a Ford
de produzir uma perua que concorresse diretamente com a Parati. Porém, livre
para lançar uma perua, a fabricante apresentou a versão familiar do Escort já
no ano seguinte. E a espera valeu a pena.
Com quatro
portas e um porta-malas de 385 litros, era trazida da Argentina com alguns
componentes importados da Europa. Apesar de ser mais cara, era maior e mais
confortável que as estreantes Palio Weekend e Corsa Wagon – a veterana Parati
só oferecia duas portas.
A
superioridade frente às concorrentes lhe garantiu a fama de melhor perua entre
as derivadas de carros pequenos e médios. O forte motor Zetec, de 1,8 litro, 16
válvulas e 115 cv, fazia desse Ford um carro rápido (11,3 s no 0 a 100 km/h) e
veloz (190 km/h), mas o câmbio de relações longas prejudicava as retomadas.
Outro senão era o consumo: a média de 9 km/l era considerada elevada.
Mas a Escort
SW era um bom negócio. Tinha direção hidráulica de série, portas forradas com
tecido e baixo nível de ruído. Os freios eram eficientes (apesar de não haver
ABS) e a estabilidade era boa, mesmo com a suspensão elevada em 25 milímetros.
A versão GL
vinha com banco traseiro bipartido e cintos traseiros de três pontos. Já a GLX
tinha travas elétricas e ar-condicionado entre os itens de série, bem como a
direção ajustável e painel com conta-giros. Toca-fitas, retrovisores e
vidros elétricos, teto solar e rodas de liga eram opcionais.
O Escort GLX
1998 das fotos, que pertence à administradora Akemi Nagao, já não tinha
teto solar nem como opcional, mas recebeu computador de bordo digital.
O sucesso da
Escort SW era tanto que ela chegou a vender mais que o hatch em alguns meses,
resultado de sua excelente relação custo-benefício. Dois anos após o
lançamento, o motor 1.6 8V Zetec Rocam, de 95 cv, juntou-se à linha. O bloco
menor ajudou a baratear o carro, além de reduzir o consumo de combustível.
A chegada do
Focus (em 1998) era um sinal de que o Escort estava prestes a se aposentar.
Além disso, as peruas haviam perdido a preferência das famílias para as
minivans e SUVs. Assim, a Escort SW despediu-se em 2003, sem deixar sucessora.
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